7 de outubro de 2020

Pandemia muda planos de reforma

© João Fonseca Photographer
Se há algo que um atleta gosta é de se despedir pelos seus próprios termos, uns mais em alta do que outros, é certo, uns com planos mais ganhadores do que outros. Marcam-se uns últimos objectivos, uns últimos momentos para assinalar o adeus. Muitas vezes são tão simples como participar em certas corridas, uns juntam o desejo de mais uma vitória, outros de ajudar um companheiro a vencer. Num 2020 marcado por uma pandemia, com corridas canceladas, um calendário com grandes provas a coincidirem, uns Jogos Olímpicos adiados, colocar o ponto final na carreira em 2020 não está a parecer adequado para alguns corredores.

"Eu quero despedir-me do ciclismo com ciclismo de verdade." A frase diz muito e foi ouvida por cá há dois dias. Gustavo Veloso tinha anunciado que 2020 ia ser o seu último ano, despedindo-se do ciclismo aos 40. Mas numa temporada em que mal competiu devido à pandemia e não conseguiu fazer o tri na Volta a Portugal, o espanhol da W52-FC Porto decidiu que se impõe mais um ano a competir.

Lá por fora acontece o mesmo. Tony Martin (35 anos) e André Greipel (38), por exemplo, estavam a ponderar deixar o ciclismo, mas acabaram a renovar contrato com a Jumbo-Visma e a Israel Start-Up Nation, respectivamente. E não apenas por um ano, mas até 2022. Paul Martens (36), também da Jumbo-Visma, adiou a reforma até Junho de 2021.

Alejandro Valverde também só sairá de cena depois dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, naquele que o espanhol vê como o seu último grande objectivo e a medalha que lhe falta num currículo de mais de cem vitórias. E já sabe o que fará depois. Valverde irá assumir novas funções na estrutura da Movistar, equipa que representa desde 2005.

Em Portugal vamos então ter Veloso por mais uma temporada. Vencedor de duas edições da Volta a Portugal (2014 e 2015), a terceira conquista não tem estado fácil. Esteve perto em 2016 e esta época, mas viu colegas de equipa a celebrarem. Primeiro Rui Vinhas e na segunda-feira, Amaro Antunes. Veloso foi segundo em ambas as edições.

"Vou correr mais um ano, para estar numa Volta com todos os adeptos que ano após ano estão na beira da estrada e, desta vez, não puderam estar. Ver a Senhora da Graça vazia não é igual", referiu em declarações à RTP.

Veloso demonstrou na Volta a Portugal que a idade ainda não pesa, apesar de já ter passado por momentos menos bons. Porém, sendo uma das figuras do pelotão nacional, onde está desde 2013, mas já com passagem no início do século pelo Boavista, Veloso certamente que quer terminar a carreira com o tão desejado tri na Volta e sair pela porta grande. Um pouco à imagem de David Blanco, que em 2012 colocou um ponto final na carreira dessa forma e com o recorde de vitórias na geral: quatro.

Essa marca Veloso já não alcançará. Em realidades completamente diferentes, André Greipel já está numa função mais de voz da experiência e Tony Martin quer continuar a ser o gregário de luxo. Já Veloso ambiciona alto para uma derradeira tentativa de vitória na Volta em 2021.

Sem comentários:

Enviar um comentário