29 de outubro de 2020

Ackermann alerta que factor económico faz ciclistas correrem mais riscos

© Photo Gomez Sport/La Vuelta
Estava a Deceuninck-QuickStep a celebrar a sua 100ª vitória numa grande volta e Sam Bennett e 50ª na carreira, quando os comissários sancionaram o irlandês por sprint perigoso. Pascal Ackermann foi declarado o vencedor da nona etapa, em mais um incidente neste tipo de chegadas. O alemão não considera que as corridas estejam a ficar mais perigosas. Porém, diz que algum excesso de agressividade pode estar relacionado com toda a situação que actualmente se vive e que, economicamente, está a colocar ainda mais pressão em vários ciclistas, a precisarem de resultados.

O próprio Ackermann foi desclassificado em Scheldeprijs depois de uma mudança de trajectória que provocou uma queda grave no lançamento do sprint. Contudo, 2020 ficou muito marcado pelo incidente entre Dylan Groenewegen (Jumbo-Visma) e Fabio Jakobsen (Deceuninck-QuickStep) na Volta à Polónia, que deixou o último com sequelas que ainda se desconhece qual será o seu futuro na modalidade.

"As corridas estão a ficar mais difíceis e os finais também. Todos os ciclistas estão um pouco cansados no final [de época]. A situação do covid-19 não está a facilitar as coisas porque há muitos ciclistas sem contrato [para a próxima temporada] e isso fá-los correr mais riscos. Estão todos a lutar por emprego", referiu Ackermann após o sprint que terminou com Bennett a ver-lhe ser retirada a vitória na nona etapa (Castrillo del Val - Aguilar de Campoo (157,7 quilómetros).

O irlandês - que venceu a quarta tirada da Vuelta - encostou o ombro por duas vezes em Emils Liepins (Trek-Segafredo) e os comissários consideraram agressividade excessiva, ou seja, um sprint perigoso (ver vídeo em baixo). Além de ter sido relegado para a 110ª posição, foi multado em 500 francos suíços, cerca de 468 euros.

Sam Bennett salientou como tentaram encostá-lo às barreiras, juntamente com o seu lançador, mas não se livrou da sanção. Ackermann recordou precisamente o que lhe aconteceu em Scheldeprijs, considerando que os ciclistas têm de ser mais justos entre eles. "Consigo compreender que os ciclistas estejam a lutar um pouco mais, porque todos os resultados são tão importantes este ano", desabafou, citado pelo Cyclingnews.

O alemão conseguiu assim dar uma vitória à Bora-Hansgrohe ao sprint, sendo a sua sétima em 2020, um ano em que tem somado alguns segundos e terceiros lugares. Não está a ser o sprinter avassalador das duas últimas temporadas, pelo que o triunfo na Vuelta o deixa um pouco mais descansado, pois sobrou-lhe apenas a Volta a Espanha entre as provas de três semanas, depois de Peter Sagan ter ficado com o Tour e Giro, ainda que a Volta a Itália tenha este ano coincidido com a prova espanhola.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

10ª etapa: Castro Urdiales - Suances, 185 quilómetros

A tirada desta quinta-feira foi uma quase sem história, tirando o sprint final. Sem montanhas, todos aproveitaram para recuperar forças, mesmo as equipas dos sprinters, que colaboraram entre si para controlar a fuga.

Esta sexta-feira, nas vésperas de um fim-de-semana muito, muito complicado - teremos Angliru no domingo - há uma terceira categoria de 4,3 quilómetros, com uma pendente média de 5%. Pode ser um ponto para animar a etapa, principalmente entre aqueles que pretendam deixar os sprinters para trás. Além disso, pouco antes da meta há uma curta subida a 5% que irá dificultar a missão dos sprinters mais puros.

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