21 de outubro de 2020

Giro perde duas das subidas mais difíceis. Táctica para etapa desta quinta-feira pode mudar

© Tim de Waele/Getty Images/Deceuninck-QuickStep
Desde o início da Volta a Itália que se colocava a questão se as etapas de alta montanha da última semana teriam de ser alteradas. As previsões meteorológicas eram a razão da incerteza. Porém, foi a pandemia que obrigou a uma mudança de última hora para sábado, dia daquela que era vista como a etapa rainha.

Depois desta quarta-feira pouco ter sido feito para ameaçar a camisola rosa de João Almeida e com a etapa de sábado a perder alguma dificuldade, a tirada desta quinta-feira ganhou ainda mais relevância. Sem Colle dell’ Agnello e Col d’Izoard - o Giro fará uma visita a França -, a opção na 20ª etapa será fazer três passagens por Sestriere.

O que é que isto significa? Menos altitude, cerca de quatro mil metros, em vez de 5500. Continuará a ser uma etapa complicada, ainda mais porque a temperatura não será a mais convidativa.

Porém, principalmente para alguém que estivesse a pensar em algum ataque de mais longe para recuperar de diferenças maiores, passar três vezes o Sestriere pode não ter o mesmo efeito. O director da corrida, Mauro Vegni, anunciou as alterações à rádio RAI 1, referindo que uma das passagens por Sestriere será pelo lado de Perosa e duas pelo de Cesana.

Na base desta mudança estão as medidas de restrição em Briançon, uma das localidades francesas que iria ver o pelotão passar. Na cidade francesa estão proibidos grupos com mais de seis pessoas na rua. As autoridades anunciaram que não seria possível o Giro passar.

Vegni já estava a estudar alternativas devido à ameaça de mau tempo, pelo que já tinha uma solução em vista. Uma das opções até terá sido desviar a corrida para o Colle delle Finestre, mas com uma parte da subida a ser em terra batida, com mau tempo seria uma má escolha, refere a AFP, segundo o VeloNews.

"Era impossível encontrar uma alternativa tão exigente como a original", desabafou Vegni, citado pelo VeloNews. Salientou ainda que tem garantias que, apesar das previsões meteorológicas puderem não ser as melhores, que será possível realizar a etapa no sábado em Sestriere.

No momento em que se publica este texto, ainda se desconhece quantos quilómetros terá a etapa e como será feita a ligação entre subidas.

O Stelvio, que será enfrentado nesta quinta-feira, ganha assim ainda mais relevância. É uma etapa muito difícil (ver mais abaixo) e com a de sábado a perder dificuldade, será um enorme risco deixar um possível ataque ao João Almeida para a última tirada em linha. Mesmo ciente do que tem pela frente, o ciclista português avisou que gosta do Stelvio.

Mais um dia de rosa

Por esta altura é impossível esconder que a ansiedade vai aumentando a cada dia que passa e se vê João Almeida de rosa. Até parece que o próprio ciclistas é o mais calmo, enquanto em Portugal cresce o interesse pelo feito do português.

Numa última semana tão difícil, passaram dois dias sem que Almeida tivesse sido testado pelos rivais. Na 17ª etapa (Bassano del Grappa - Madonna di Campiglio, 203 quilómetros), ainda teve de responder a mais uma aceleração da Sunweb. Mas mostrou-se atento e continua a revelar que fisicamente está bem. Mais uma vez, recorde-se que Almeida nunca vez uma prova de três semanas.

Fausto Masnada deu uma ajuda, mas não ficou nada bem ao italiano ter de ver o português a dizer-lhe para ir para a frente do grupo. O italiano estava claramente com capacidade para trabalhar e fê-lo bem, mas quase a pedido. Numa equipa que tanto preza a união de grupo, Masnada ainda tem muito a aprender.

Desta feita a dupla Jay Hindley/Wilco Kelderman não fez estragos, como no domingo. Aliás, a Sunweb foi bastante conservadora na abordagem à etapa. São 17 segundos que separam Kelderman de Almeida, mas a equipa parece estar a querer retirar alguma pressão do holandês. Só joga pelo seguro. A pergunta continua a ser, onde vai tentar tirar a rosa ao português? E mais alguém tentará algo quase milagroso? A maioria tem quase três ou mais minutos para recuperar.

Novamente de azul

Foi outro português que acabou em destaque. Ruben Guerreiro foi à procura de recuperar a camisola azul da montanha. Terminou o dia com mais com 50 pontos do que Giovanni Visconti (Vini Zabù-KTM). Mas atenção a Thomas de Gendt. O belga da Lotto Soudal foi somando pontos e ficou na fuga até final. Ainda são 106 pontos de diferença, mas nas duas etapas de alta montanha há muitos em disputa. Guerreiro terá de estar atento e entrar novamente numa fuga.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

18ª etapa: Pinzolo - Laghi di Cancano, 207 quilómetros

Será no Stelvio? É a Cima Coppi da 103ª edição, ponto mais alto do Giro, a 2758 metros. É também uma das etapas mais aguardadas e, além de Kelderman, qualquer ciclista que ainda queira fazer algum ataque, talvez tenha guardado forças precisamente para esta quinta-feira. Depois de dois dias mais calmos (relativamente).

Não é de afastar que, mais uma vez, seja uma fuga a triunfar. Em Madonna di Campiglio, Ben O'Connor conseguiu ficar sem ninguém por perto e um dia depois de ter sido segundo, conseguiu uma vitória muito importante para ele e para uma NTT, a lutar pela sobrevivência (procura novo patrocinador).

Quanto à 18ª etapa começa logo a subir com uma segunda categoria, seguindo-se duas de primeira, com o Stelvio pelo meio. Esta ascensão será atacada pelo seu lado mais difícil, tendo 25 quilómetros, com uma média de 7,5% de pendente.

»»Ao ataque por muito mais do que dois segundos««

»»Wilco Kelderman, o rival««

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