13 de outubro de 2020

Duas equipas saíram do Giro. Teme-se que a corrida não chegue ao fim

© Giro d'Italia
A Volta a Itália está em risco. Já não se duvida disso e o seu responsável é a voz da preocupação. Mauro Vegni, o director da corrida, garante que tudo será feito para que o pelotão chegue a Milão, a 25 de Outubro. Contudo, mal Simon Yates testou positivo durante a primeira semana, Vegni "tremeu". Esta terça-feira, toda a Mitchelton-Scott foi embora, depois de quatro membros do staff testarem positivos. Seguiu-se a Jumbo-Visma. Só o líder, Steven Kruijswik recebeu a má notícia, mas a equipa não arriscou. Ninguém partiu para a 10ª etapa. AG2R e Ineos Grenadiers têm um membro do staff infectado.

Os controlos vão ser ainda mais apertados. A Sunweb também não passou incólume. Michael Matthews está em isolamento, mas a equipa continuou. "Os testes demonstram a situação de hoje. Não garantem que o vírus não expluda", lamentou Vegni.

As três equipas que tiveram casos e que mantêm-se em prova, voltaram a ser testadas esta terça e quinta-feira haverá novo controlo. A organização do Giro quer garantir que não há transmissão. Recorde-se que Wilco Kelderman é um dos candidatos mais próximo de João Almeida na luta pela camisola rosa. O holandês é segundo, a 34 segundos.

Vegni lamentou que a Mitchelton-Scott e a Jumbo-Visma tenham abandonado, mas considerou ser a melhor decisão, tanto médica, como eticamente. "Já fizemos 1500 testes desde o começo [da corrida] em Palermo, o que significa que estamos a ir além do protocolo. Quando suspeitamos algo, pedimos às equipas para fazer um teste rápido", explicou o responsável.

Realçou como não há mais que a organização possa fazer relativamente em manter o Giro na estrada em tempo de pandemia. E para agravar a situação, ainda há incerteza quanto às etapas de alta montanha na terceira semana. O frio e a neve poderão obrigar a mudanças. Neste aspecto, nada de novo no Giro, mesmo quando se realiza na sua altura habitual.

No entanto, entre covid-19 e mau tempo, os ciclistas podem começar a pensar que talvez seja melhor não guardar para amanhã um possível ataque à camisola rosa. Mas o pior é mesmo a dúvida que vai crescendo se a corrida vai chegar a Milão.

A pandemia nunca deixou de ser real. Impossível! Mas depois de uma Volta a França que chegou ao fim sem casos entre os ciclistas (houve em membros de staff de equipas), de um Giro que começou também sem casos, com etapas de bom espectáculo e - numa perspectiva portuguesa - com um luso de rosa e outro a ganhar uma etapa (João Almeida e Ruben Guerreiro, respectivamente), havia um sentimento de alguma (pouca) normalidade, pelo menos para quem assiste de longe, pela televisão.

Quem lá está enfrenta todo um mundo diferente, de regras, restrições, controlos... Ao ver ao longe, as máscaras são um constante recordar que estes tempos são tudo menos normais. Porém, as primeiras notícias do dia serem que duas equipas saem da corrida devido à covid-19 é o choque de realidade que o ciclismo pode sofrer ainda mais com esta pandemia.

Foi possível colocar corridas na estrada, mas com a situação pandémica a piorar, treme o Giro, o Paris-Roubaix foi cancelado, antes o BinckBank Tour teve de mudar o percurso já durante a prova, a Vuelta é uma enorme incógnita. Em Itália, já pouco mais resta do que esperar que seja possível terminar a grande volta que vai agora praticamente a meio (dez etapas realizadas das 21 agendadas).

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