16 de julho de 2020

Federação apela a Presidente da República e marca nova data para uma Volta a Portugal mais curta

© Podium/Paulo Maria
A Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) tomou as rédeas da Volta a Portugal, para a edição de 2020, que ainda se espera que se possa realizar. Marcou novas datas - de 27 de Setembro a 5 de Outubro - e apresentou o projecto ao Presidente da República, na esperança que a sensibilização a Marcelo Rebelo de Sousa possa ajudar a colocar a corrida na estrada.

Com um adiamento a ser inevitável quando alguns municípios começaram a recusar receber a prova este ano, alegando motivos de segurança sanitária, instalou-se a incerteza no ciclismo nacional. As equipas portuguesas precisam da Volta a Portugal para tentar rentabilizar os patrocinadores e sobreviver, num ano que só teve quatro corridas no país, três antes da paragem forçada da época.

De salientar que as datas apresentadas revelam uma redução de dias. Em vez das dez etapas, mais o prólogo e um dia de descanso como tem sido habitual em anos recentes, a FPC aposta numa corrida de nove dias, sem paragens. Se se conseguir concretizar o objectivo, arrancará uma semana depois do Troféu Joaquim Agostinho, que também sofreu um adiamento (19 e 20 de Setembro).

"Tendo em conta as circunstâncias especiais vividas no país e no mundo, a Federação Portuguesa de Ciclismo assumiu a responsabilidade de colocar o evento na estrada por considerar a prova fulcral para a defesa do direito ao trabalho de todos aqueles que têm no ciclismo a sua profissão e modo de vida e por ser esse o sentimento geral da comunidade velocipédica nacional, das Associações Regionais aos ciclistas e equipas profissionais", lê-se no comunicado divulgado pelo organismo.

O presidente da FPC, Delmino Pereira, e o director da Volta, Joaquim Gomes, foram recebidos em audiência por Marcelo Rebelo de Sousa e mostraram ao Chefe de Estado "o valor estratégico" e "o interesse nacional da Volta a Portugal". O organismo salienta como esta prova "é também muito importante para a vivência sócio-cultural dos portugueses e para a dinamização da economia, ao longo dos diferentes territórios locais unidos pela caravana da corrida".

Acrescenta que num ano tão atípico devido à pandemia covid-19, "as dinâmicas internas de turismo e ocupação hoteleira são essenciais para a economia do país". "O ciclismo pretende dar o seu contributo", garante.

A FPC apresentou um plano sanitário à Direcção-Geral da Saúde e ao governo, para assim poder promover o regresso do ciclismo. O plano foi aceite, mas não evitou que Viana do Castelo, Viseu e Guarda tivessem as suas reservas quanto a receber a corrida.

Por isso, a FPC reitera que "a Volta a Portugal tem em conta a situação pandémica e compromete-se a criar um evento seguro, aplicando as normas acordadas com a Direcção-Geral da Saúde para que a festa do ciclismo atravesse diferentes concelhos e freguesias do país sem colocar em risco a saúde das populações locais nem dos diferentes membros da caravana desportiva da competição".

É uma pequena esperança que renasce para o pelotão nacional, ainda que não haja qualquer certeza que a Volta a Portugal vá de facto para a estrada. Com os direitos cedidos actualmente à Podium, a FPC toma conta de uma operação que se está a revelar difícil de ter um final feliz, mas que será essencial para o futuro próximo da modalidade no país.

Nacionais também têm nova data

Em mais uma mudança do calendário pós-confinamento, os Campeonatos Nacionais de estrada foram antecipados uma semana. Vão disputar-se entre 14 e 16 de Agosto e não de 21 a 23 desse mês.

A decisão foi explicada por Paredes, palco das corridas em 2020, receber um outro evento no fim-de-semana inicialmente previsto, que exige "assistência sanitária". Sérgio Sousa, director da FPC explicou ao jornal A Bola que "o Delegado de Saúde não se pronunciou oficialmente mas deu a entender que seria muito difícil o parecer positivo para essa data".

"Para não corrermos o risco de a poucos dias de se realizarem, as provas serem anuladas, decidimos avançar para a data sugerida”, realçou o responsável. Porém, as provas disputarem-se de 14 a 16 de Agosto poderá levar os ciclistas portugueses que competem em equipas estrangeiras a não estarem presentes em Paredes.

Sérgio Sousa lamenta que assim seja, mas: "Devido aos problemas conhecidos não temos alternativas."


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