Evenepoel e João Almeida, a dupla que funcionou tão bem na Volta ao Algarve, estará novamente junta em Burgos (© João Fonseca Photographer) |
Se algo já compensou o esforço da organização em colocar na estrada a Volta a Burgos é a lista de luxo que apresenta de ciclistas. A vontade é muita (mesmo muita) de regressar à competição, pelo que se todos vão estar, por um lado, a tentar perceber em que fase estão na na sua forma física, por outro, serão poucos aqueles que não vão apontar a vitórias. Afinal a Volta a Burgos vai arrancar esta terça-feira (até sábado), mas nunca se sabe se no dia de amanhã haverá corridas.
Os grandes nomes têm objectivos bem mais altos que esta prova espanhola, é certo. Porém, num calendário encaixado em tão poucas semanas e sempre com a ameaça que a pandemia pregue nova partida e leve ao cancelamento de provas - recentemente foram as duas clássicas do Canadá -, não há tempo a perder para alcançar resultados.
A Volta a Burgos acabou por beneficiar da colocação no calendário. Não foi fácil receber luz verde das autoridades espanholas, dada numa altura em que os contágios diminuíam. Já se sabe que em certas zonas de Espanha as notícias são agora outras, mas em Burgos vai viver-se a festa do ciclismo... de uma forma diferente, claro.
O calendário World Tour arranca a 1 de Agosto (sábado), com a Strade Bianche, mas para quem não se vai focar tanto nas clássicas, Burgos foi o ponto de partida eleito principalmente por voltistas, mas também por alguns sprinters.
Estarão presentes 14 equipas World Tour na corrida do segundo escalão (o mesmo da Volta ao Algarve). No ano passado e em 2018 foram apenas quatro! E que pelotão de luxo vai ter.
Vejamos: Alejandro Valverde e Enric Mas (Movistar), Mikel Landa e Mark Cavendish (Bahrain-McLaren), Richard Carapaz e Iván Ramiro Sosa (Ineos), Fabio Aru e Fernando Gaviria (UAE Team Emirates), Rafal Majka (Bora-Hansgrohe), Simon Yates e Esteban Chaves (Mitchelton-Scott), Arnaud Démare e David Gaudu (Groupama-FDJ), Matteo Trentin (CCC), George Bennett e Sepp Kuss (Jumbo-Visma), Louis Meintjes e Giacomo Nizzolo (NTT)...
A Astana levará ciclistas menos cotados, mas em Espanha irá olhar-se para os seus: Alex Aranburu e Óscar Rodríguez. A Israel Start-Up Nation deverá apostar em Daniel Navarro e David Cimolai.
Até o campeão do mundo irá marcar presença em Burgos. É tão difícil conquistar a camisola arco-íris e Mads Pedersen só a quer mostrar e vencer com ela. Matteo Moschetti também vai regressar à competição depois de um bom início de época, que no seu caso ficou marcado não só pela pandemia, mas por uma grave queda antes do confinamento. Edward Theuns e Jasper Stuyven também vão marcar presença pela Trek-Segafredo.
Confirmadíssimo está Remco Evenepoel. O miúdo maravilha do pelotão internacional vai tentar manter o recorde de 100% de conquistas em 2020. Duas corridas, duas vitórias: Volta a San Juan e Volta ao Algarve. A Deceuninck-QuickStep levará ainda o sprinter Sam Bennett e o português João Almeida. O campeão nacional de sub-23 de fundo e contra-relógio parece começar a tornar-se num dos homens de confiança de Evenepoel. Ainda ninguém esqueceu o excelente trabalho que realizou na Volta ao Algarve, naquele que está a ser o seu ano de estreia no World Tour. Almeida foi nono na corrida.
O pelotão fica completo com algumas formações Pro Team e a Kern Pharma, que sendo Continental, já está a apontar à subida em 2021.
A Sibiu Tour deu o mote para este regresso às corridas das principais equipas, com a Bora-Hansgrohe e a Israel Start-Up Nation a marcarem presença na Roménia. O austríaco da Bora-Hansgrohe, Gregor Mühlberger, venceu (geral, pontos e montanha), ficando à frente do companheiro Patrick Konrad. A equipa alemã ganhou ainda quatro das cinco etapas, duas por Mühlberger e outras tantas com o sprinter Pascal Ackermann (pode ver aqui a classificação final, via ProCyclingStats).
Contudo, é em Burgos que se centra a maior atenção. O ciclismo está de volta e agora é esperar para perceber como será esta relação entre desporto de alta competição e a pandemia. A expectativa é alta numa altura do ano em que tanto já se deveria ter passado, mas, afinal, quase tudo ainda está por acontecer. Mesmo sendo um estranho calendário, com ausências de nota, grandes corridas a coincidirem com outras, o desejo de ciclistas, staff, directores, adeptos, organizadores é que haja ciclismo! Que comece o espectáculo em semanas que serão certamente muito, muito, muito intensas!
Veja aqui a lista completa de inscritos da Volta a Burgos, via ProCyclingStats.
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