21 de abril de 2020

Garra dos ciclistas para ultrapassar o desalento

por Sofia Santos

© João Fonseca Photographer
Estamos a receber notícias diariamente que tanto dão esperança, como nos deixam confusos. Se por um lado parece que a percentagem de infectados por dia é relativamente pequena, por outro a realidade é que o seu total não para de aumentar a larga escala. Outra coisa que nos dá esperança, a UCI lançou algumas datas e mencionou algumas das provas que se irão realizar ainda está época (vamos ter época). Mas, para quem não faz parte do grupo de ciclistas inseridos nestes pelotões, a incerteza do futuro mantém-se. Temos datas de campeonatos nacionais, uma lufada de ar fresco que permite perceber que a competição voltará à estrada. Mas, apenas isso não chega.

Em conversa com alguns ciclistas a quem gosto de chamar amigos percebi o desalento que estes possuem no momento. Sim, sabem que vão voltar a competir mas não sabem quando nem em que condições. Este desalento pode trazer agarrado a si algumas consequências negativas. Desmotivação, ansiedade generalizada, raiva, sentimento de impotência e injustiça são algumas das coisas pelas quais os ciclistas (e não só) poderão estar a passar.

Não é fácil continuar a treinar sem saber quando regressar às estradas (montes, pistas) para competir, é necessário ser muito resiliente para não ter vontade de desistir de tudo. E mesmo os mais resilientes poderão passar por isso. Isso não significa nada mais do que são humanos. 

Com esta pandemia, todos nós passamos por dias bons e dias maus, temos momentos de esperança e desespero, procuramos dar o melhor de nós ou nem queremos sair do sofá. Tornasse importante para cada um de nós perceber se o desalento é passageiro ou uma questão e, neste último caso, não ter medo de pedir ajuda a que nos estendam a mão.

Em Portugal existem cada vez mais psicólogos especializados em desporto e/ou situações de crise que se podem tornar bons aliados neste momento. É preciso ter coragem para sair de casa e ir treinar, mais coragem é precisa para pedir ajuda. Uma coisa boa desta pandemia, mesmo afastados, não estamos sozinhos.  O bicho não nos irá vencer, para isso basta lutar, ficar em casa e, se necessário, pedir ajuda a quem nos estenda a mão.

O futuro é incerto, sempre foi, mas a garra dos ciclistas portugueses é uma constante e juntos voltaremos a correr as estradas portuguesas! Estou e estarei aqui para esticar a mão a qualquer ciclista que o necessite.

»»O exemplo importante que os ciclistas profissionais estão a dar««

Sofia Santos, formada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, aficionada pelo ciclismo. Costuma galgar as estradas portuguesas atrás, frente ou no meio do pelotão mas irás encontrá-la mais facilmente no velódromo às voltinhas pela pista. Psicóloga de profissão, seguidora de ciclismo por paixão e de momento, super-heroína do sofá de onde sai quando não há outra solução, por si e por todos!

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