31 de julho de 2020

Rui Costa em acção no arranque do calendário World Tour

© João Fonseca Photographer
Há um misto de ansiedade, mas também de algum nervosismo, este último provocado pela incerteza que a pandemia provoca. É difícil não repetir incessantemente e com alegria que finalmente o ciclismo está de volta. E logo com uma corrida que tanto espectáculo dá, apesar da sua curta história: Strade Bianche. É já este sábado que o estranho calendário World Tour arranca. Lá está. Finalmente! Mas como se viu em Burgos, não se consegue celebrar muito.

A Volta a Burgos como que inaugurou este regresso às corridas devido às muitas equipas do principal escalão que se inscreveram na prova espanhola. Em 2019 haviam sido quatro. Desta feita foram 14! Porém, se por um lado houve bom ciclismo - grande, grande João Almeida e que dupla está a fazer com Remco Evenepoel na Deceuninck-QuickStep -, também desde o primeiro dia que houve sustos.

Não dá para fingir que tudo está bem, nem se pode. Ainda a prova não tinha arrancado e dois ciclistas da Israel Start-Up Nation estavam a ser afastados por terem estado em contacto com alguém que tinha testado positivo pelo novo coronavírus.

No dia seguinte, três ciclistas da UAE Team Emirates foram retirados da prova pela mesma razão. Foi o maior susto, pois os corredores já tinham estado na primeira etapa. Foi um alívio quando os testes dos três colombianos (Andrés Ardila, Juan Sebastián Molano e Cristian Muñoz) deram negativo.

Por mais medidas que sejam implementadas, por mais cuidado que todos tenham, também todos sabem que o risco estará sempre presente e, por isso, David Lappartient é o primeiro a avisar que qualquer corrida está constantemente sob a ameaça de cancelamento. Mesmo a Volta a França.

Em entrevista à Gazzetta dello Sport, o presidente da UCI reiterou que o calendário - que na sua totalidade foi cancelado em cerca de 70% - está dependente da evolução da pandemia, numa altura em que vários países estão a registar um aumento de casos. É exemplo de Espanha, França e Bélgica, onde estão agendadas algumas das corridas mais importantes para o pelotão. Mesmo os Mundiais na Suíça, em Setembro, não se podem dizer que estão 100% garantidos e Lappartient garantiu que não há plano B se não for possível realizá-los.

Às equipas, aos organizadores, aos adeptos resta esperar que tudo possa correr o melhor possível, cientes que vão haver sustos como em Burgos, mas sempre com alguma esperança que não passe disso, um susto.

Mas mesmo com esta pandemia a tornar tudo tão estranho, a sensação de este sábado poder assistir à Strade Bianche só pode ser fantástica! Chamam a esta clássica o sexto monumento, ainda que oficiosamente. Só vai para a sua 14ª edição, mas já está entre as favoritas de muitos ciclistas e, claro, de adeptos que adoram ver os ciclistas passar pelos famosos sectores de sterrato.

E sim, vai-se tentar pensar apenas numa corrida que contará com o português Rui Costa, que está de volta ao mais alto nível, depois de ter ganho a Prova de Reabertura, em Anadia (contra-relógio individual). A UAE Team Emirates leva ainda Diego Ulissi e Tadej Pogacar, por exemplo, para a prova de 184 quilómetros, com princípio e fim em Siena.

Peter Sagan (Bora-Hansgrohe), Philippe Gilbert (Lotto Soudal), Michal Kwiatkowski (Ineos), Tiesj Benoot (Sunweb) e Julian Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep) - estes três os últimos vencedores da Strade Bianche - estarão presentes, num pelotão que contará ainda com Mathieu van der Poel (Alpecin-Fenix), Greg van Avermaet (CCC), Oliver Naesen (AG2R) e Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo), por exemplo.

Mas o melhor é ver neste link a lista completa, via ProCyclingStats. E há que salientar que também as senhoras vão estar em competição (136 quilómetros) antes dos homens. Veja aqui a lista de inscritas.

Que haja espectáculo, que haja ciclismo e que venham muitas horas a ver o melhor que esta modalidade tem para dar nas próximas semanas. Nada será normal, é certo, mas fica a esperança (é sempre a esperança que nos resta) que este estranho calendário com grandes corridas a coincidir umas com as outras, se possa disputar sem mais cancelamentos e com a segurança sanitária que os tempos exigem.

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29 de julho de 2020

Efapel e Feirense vão competir em Espanha

© João Fonseca Photographer
Duas equipas portuguesas vão regressar à competição já este domingo, 2 de Agosto. Efapel e Feirense estarão no Circuito de Getxo-Memorial Hermanos Otxoa, ao lado de equipas como a Movistar, Trek-Segafredo, UAE Team Emirates, NTT e Bahrain-McLaren, todas do World Tour. Para as duas formações lusas é uma corrida muito bem-vinda tendo em conta a falta de provas em Portugal.

A competição de um dia é uma com muita história no País Basco, preparando-se para a sua 75ª edição. Diego Ulissi e Nacer Bouhanni estão entre alguns dos nomes mais conhecidos que ganharam mais recentemente o Circuito de Getxo-Memorial Hermanos Otxoa, numa lista dominada por espanhóis. Mas há um português: Orlando Rodrigues. É preciso recuar a 1994, com o ciclista a representar então a  Artiach-Nabisco.

António Carvalho, Tiago Machado, Rafael Silva, Tiago Antunes e César Fonte são os portugueses escolhidos pelo director desportivo da Efapel, Rúben Pereira. O espanhol Gerard Armillas e o colombiano Nicolas Saenz completam a equipa.

O Feirense de Joaquim Andrade contará com Rafael Reis, Afonso Eulálio, António Ferreira, Bernardo Saavedera e Gonçalo Amado, mais os espanhóis Óscar Pelegrí e Jesús Arozamena.

Com o calendário nacional a sofrer com os adiamentos e cancelamentos de corridas, viajar a Espanha é a oportunidade para dar algum ritmo competitivo em pelotão aos ciclistas. A única prova que por cá se realizou desde a retoma foi o contra-relógio individual da Prova de Reabertura, em Anadia (5 de Julho). A próxima competição em Portugal serão os Nacionais em Paredes, entre 14 e 16 de Julho.

O Feirense é inclusivamente a equipa com menos corridas entre as Continentais portuguesas em 2020, pois esteve na Prova de Abertura Região de Aveiro, Clássica da Primavera, mas não marcou presença na Volta ao Algarve, ao contrário da Efapel, que no início da temporada competiu ainda na Volta à Colômbia.

Joaquim Andrade garantiu que o Feirense vai "correr com a esperança da vitória" e de ser protagonista, apontando pelo menos a um top dez. "Esta é uma prova aliciante para os nossos corredores, que vão estar em confronto direto com algumas das melhores equipas do mundo", salientou, citado pelo Correio da Feira.

"Para a nossa estrutura profissional Efapel é importante estar presente na Clássica de Getxo, por ser uma competição que apresenta um pelotão de grande nível, com grandes figuras do ciclismo mundial. Deste modo partimos com a ambição de honrar as nossas cores e felizes pela retoma do calendário", afirmou Rúben Pereira.

Mais portugueses

A 75ª edição do Circuito de Getxo-Memorial Hermanos Otxoa vai contar com nomes como Mark Cavendish e Mikel Landa (Bahrain-McLaren), o campeão do mundo Mads Pedersen (Trek-Segafredo), Giacomo Nizzolo e Louis Meintjes (NTT) e Fernando Gaviria (UAE Team Emirates). O sprinter colombiano terá a ajudá-lo dois portugueses: os gémeos Oliveira preparam-se para regressar à competição.

Aliás, Rui Oliveira vai estrear-se em 2020, pois devido a uma queda em Janeiro na pista, quando a selecção portuguesa lutava por um lugar nos Jogos Olímpicos, o jovem de Gaia fracturou a clavícula. Preparava-se para começar a competir na estrada quando o calendário foi suspenso devido à pandemia.

Haverá mais um ciclista luso em prova. Daniel Viegas continua a sua evolução na equipa de Alberto Contador e Ivan Basso, a Kometa Xstra, sendo uma excelente oportunidade para se testar num pelotão que terá algumas das figuras que estão actualmente na Volta a Burgos.

Além das formações do World Tour referidas, do segundo escalão estão, entre outras, as espanholas Caja Rural, Burgos-BH e Euskaltel-Euskadi e a italiana Androni Giocattoli - Sidermec, por exemplo.

Pode conferir aqui a lista de inscritos do Circuito de Getxo-Memorial Hermanos Otxoa, via ProCyclingStats.


Volta a França antecipa datas devido aos Jogos Olímpicos

© ASO/Pauline Ballet
Perante a apresentação das novas datas dos Jogos Olímpicos, adiados para 2021, a organização da Volta a França já estava a estabelecer contactos para alterar os seus dias e assim evitar "chocar" com as corridas de Tóquio. A UCI anunciou que o Tour vai arrancar uma semana mais cedo, mas fica agora por resolver a questão de quem receberá a partida.

Copenhaga havia sido a eleita para o início do Tour de 2021 e não estava interessada numa alteração de datas. O Tour estava previsto arrancar a 2 de Julho e a mudança para o final de Junho significa que coincide com o Campeonato Europeu de Futebol. A cidade dinamarquesa é uma das escolhidas para ser palco de alguns dos jogos da fase final, na estreia de uma edição de um Europeu que se vai realizar em vários países.

Com os Jogos Olímpicos, tal como o Europeu, a serem adiados para 2021 devido à pandemia, a organização de Tóquio2021 anunciou que a corrida masculina de fundo será a 24 de Julho. O Tour estava previsto terminar a 25 e nesse domingo correm no Japão as senhoras. Os contra-relógios estão marcados para 28 de Julho, o que colocaria problemas para os ciclistas terminarem a Volta a França, viajaram para Tóquio, recuperarem minimamente, enquanto se adaptam a um fuso horário muito diferente (mais oito horas do que em Lisboa).

Depressa se percebeu que dificilmente se poderia pedir aos ciclistas para escolherem entre um Tour que todos querem participar e uns Jogos Olímpicos que só se realizam de quatro em quatro anos (desta feita serão cinco).

A UCI anunciou que o Tour de 2021 vai começar a 26 de Junho, terminando a 18 do mês seguinte. Entretanto, a ASO, organizadora da prova francesa, já procura alternativas para substituir Copenhaga.

Aquela normalidade...

Enquanto ainda se vive um 2020 marcado pela pandemia de covid-19, num calendário nunca visto - o principal começa no sábado, com a Strade Bianche - e que apenas se pode esperar que possa decorrer o mais perto possível do previsto, as datas para 2021 traz aquela sensação de normalidade.

Estão lá quase todas as corridas a que se está habituado, nas suas alturas do ano normais. Volta ao País Basco e Volta à Catalunha, por exemplo, estão de regresso depois da opção de cancelar em 2020, assim como as clássicas canadianas, Quebeque e Montréal e a belga Através da Flandres.

No entanto, falta a RideLondon-Surrey Classic. A clássica londrina, uma das mais recentes "aquisições" do calendário World Tour não surge no calendário da próxima época para os homens, mas vai manter a corrida feminina. A UCI explica que não foi pedido o registo da corrida, o mesmo acontecendo com a Volta a Califórina. A organização da competição americana anunciou um hiato em 2020 (muito antes de se falar do coronavírus), mas não será em 2021 que a corrida regressa, apesar de ser uma que tem seduzido várias equipas do World Tour.

De referir que a Volta a Espanha também vai começar uma semana mais cedo do que o habitual (de 14 de Agosto a 5 de Setembro), com o organismo a justificar a mudança como uma forma que permitirá "uma melhor transição entre a Vuelta, os Campeonatos Europeus (anunciados para o fim-de-semana de 11 e 12 de Setembro) e os Campeonatos do Mundo". 

As datas das corridas dos restantes escalões serão discutidas em Setembro, durante os Mundiais de Aigle-Martigny, na Suíça.

A UCI aproveitou ainda para confirmar o cancelamento já conhecido das clássicas do Quebeque e Montréal, mas há mais uma a sair do calendário de 2020. A de Hamburgo também não se irá disputar devido à pandemia.

Confira em baixo o calendário World Tour masculino e feminino.

Masculino:

19-24 de Janeiro: Santos Tour Down Under (Austrália)
31 de Janeiro: Cadel Evans Great Ocean Road Race (Austrália)
21 a 27 de Fevereiro: Volta aos Emirados Árabes Unidos
27 de Fevereiro: Omloop Het Nieuwsblad (Bélgica)
6 de Março: Strade Bianche (Itália)
7 a 14 de Março: Paris-Nice (França)
10 a 16 de Março: Tirreno-Adriatico (Itália)
20 de Março: Milano-Sanremo (Itália)
22 a 28 de Março: Volta à Catalunha (Espanha)
24 de Março: AG Driedaagse Brugge-De Panne (Bélgica)
26 de Março: E3 BinckBank Classic (Bélgica)
28 de Março: Gent-Wevelgem (Bélgica)
31 de Março: Através da Flandres (Bélgica)
4 de Abril: Volta a Flandres (Bélgica)
5 a 10 de Abril: Volta ao País Basco (Espanha)
11 de Abril: Paris-Roubaix (França)
18 de Abril: Amstel Gold Race (Países Baixos)
21 de Abril: Flèche Wallonne (Bélgica)
25 de Abril: Liège-Bastogne-Liège (Bélgica)
27 de Abril-2 Maio: Volta à Romandia (Suíça)
1 de Maio: Eschborn-Frankfurt (Alemanha)
8 a 30 de Maio: Volta a Itália
30 de Maio a 6 de Junho: Critérium du Dauphiné (França)
6 a 13 de Junho: Volta à Suíça 
26 de Junho a 18 de Julho: Volta a França
31 de Julho: Clássica de San Sebastian (Espanha)
9 a 15 de Agosto: Volta à Polónia
14 de Agosto a 5 de Setembro: Volta à Espanha
15 de Agosto: EuroEyes Cyclassics Hamburg (Alemanha) 
22 de Agosto: Bretagne Classic - Ouest-France (França)
30 de Agosto a 5 de Setembro: BinckBank Tour
10  de Setembro: Grande Prémio do Quebeque (Canadá)
12 de Setembro: Grande Prémio de Montréal (Canadá) 
9 de Outubro: Il Lombardia (Itália)
14 a 19 de Outubro: Volta a Guangxi (China)

Feminino:

30 de Janeiro: Cadel Evans Great Ocean Road Race (Austrália)
6 de Março: Strade Bianche (Itália)
14 de Março: Ronde van Drenthe  (Países Baixos)
21 de Março: Trofeo Alfredo Binda-Comune di Cittiglio (Itália)
25 de Março: AG Driedaagse Brugge-De Panne (Bélgica)
28 de Março: Gent-Wevelgem (Bélgica)
4 de Abril: Volta a Flandres (Bélgica) 
11 de Abril: Paris-Roubaix (França)
18 de Abril: Amstel Gold Race (Países Baixos)
21 de Abril: Flèche Wallonne (Bélgica)
25 de Abril: Liège-Bastogne-Liège (Bélgica)
6 a 8 de Maio: Volta à Ilha Chongming (China) 
14 a 16 de Maio: Volta ao País Basco (Espanha)
20 a 23 de Maio: Volta a Burgos (Espanha)
30 de Maio: Clássica RideLondon (Grã-Bretanha)
7 a 12 de Junho: Volta à Grã-Bretanha
2 a 11 de Julho: Volta a Itália
18 de Julho: La Course by Le Tour de France (França)
7 de Agosto: Postnord UCI WWT Vårgårda West Sweden TTT (Suécia)
8 de Agosto: Postnord UCI WWT Vårgårda West Sweden RR (Suécia)
12 a 15 de Agosto: Volta à Noruega
21 de Agosto: GP de Plouay-Lorient-Agglomération Trophée Ceratizit (França)
24 a 29 de Agosto: Boels Ladies Tour (Países Baixos)
3 a 5 de Setembro: Ceratizit Madrid Challenge by La Vuelta (Espanha)
19 de Outubro: Volta a Guangxi (China)


27 de julho de 2020

João Almeida no pelotão de luxo da Volta a Burgos

Evenepoel e João Almeida, a dupla que funcionou tão bem na Volta ao Algarve,
estará novamente junta em Burgos (© João Fonseca Photographer)
Se algo já compensou o esforço da organização em colocar na estrada a Volta a Burgos é a lista de luxo que apresenta de ciclistas. A vontade é muita (mesmo muita) de regressar à competição, pelo que se todos vão estar, por um lado, a tentar perceber em que fase estão na na sua forma física, por outro, serão poucos aqueles que não vão apontar a vitórias. Afinal a Volta a Burgos vai arrancar esta terça-feira (até sábado), mas nunca se sabe se no dia de amanhã haverá corridas.

Os grandes nomes têm objectivos bem mais altos que esta prova espanhola, é certo. Porém, num calendário encaixado em tão poucas semanas e sempre com a ameaça que a pandemia pregue nova partida e leve ao cancelamento de provas - recentemente foram as duas clássicas do Canadá -, não há tempo a perder para alcançar resultados.

A Volta a Burgos acabou por beneficiar da colocação no calendário. Não foi fácil receber luz verde das autoridades espanholas, dada numa altura em que os contágios diminuíam. Já se sabe que em certas zonas de Espanha as notícias são agora outras, mas em Burgos vai viver-se a festa do ciclismo... de uma forma diferente, claro.

O calendário World Tour arranca a 1 de Agosto (sábado), com a Strade Bianche, mas para quem não se vai focar tanto nas clássicas, Burgos foi o ponto de partida eleito principalmente por voltistas, mas também por alguns sprinters.

Estarão presentes 14 equipas World Tour na corrida do segundo escalão (o mesmo da Volta ao Algarve). No ano passado e em 2018 foram apenas quatro! E que pelotão de luxo vai ter.

Vejamos: Alejandro Valverde e Enric Mas (Movistar), Mikel Landa e Mark Cavendish (Bahrain-McLaren), Richard Carapaz e Iván Ramiro Sosa (Ineos), Fabio Aru e Fernando Gaviria (UAE Team Emirates), Rafal Majka (Bora-Hansgrohe), Simon Yates e Esteban Chaves (Mitchelton-Scott), Arnaud Démare e David Gaudu (Groupama-FDJ), Matteo Trentin (CCC), George Bennett e Sepp Kuss (Jumbo-Visma), Louis Meintjes e Giacomo Nizzolo (NTT)...

A Astana levará ciclistas menos cotados, mas em Espanha irá olhar-se para os seus: Alex Aranburu e Óscar Rodríguez. A Israel Start-Up Nation deverá apostar em Daniel Navarro e David Cimolai.

Até o campeão do mundo irá marcar presença em Burgos. É tão difícil conquistar a camisola arco-íris e Mads Pedersen só a quer mostrar e vencer com ela. Matteo Moschetti também vai regressar à competição depois de um bom início de época, que no seu caso ficou marcado não só pela pandemia, mas por uma grave queda antes do confinamento. Edward Theuns e Jasper Stuyven também vão marcar presença pela Trek-Segafredo.

Confirmadíssimo está Remco Evenepoel. O miúdo maravilha do pelotão internacional vai tentar manter o recorde de 100% de conquistas em 2020. Duas corridas, duas vitórias: Volta a San Juan e Volta ao Algarve. A Deceuninck-QuickStep levará ainda o sprinter Sam Bennett e o português João Almeida. O campeão nacional de sub-23 de fundo e contra-relógio parece começar a tornar-se num dos homens de confiança de Evenepoel. Ainda ninguém esqueceu o excelente trabalho que realizou na Volta ao Algarve, naquele que está a ser o seu ano de estreia no World Tour. Almeida foi nono na corrida.

O pelotão fica completo com algumas formações Pro Team e a Kern Pharma, que sendo Continental, já está a apontar à subida em 2021.

A Sibiu Tour deu o mote para este regresso às corridas das principais equipas, com a Bora-Hansgrohe e a Israel Start-Up Nation a marcarem presença na Roménia. O austríaco da Bora-Hansgrohe, Gregor Mühlberger, venceu (geral, pontos e montanha), ficando à frente do companheiro Patrick Konrad. A equipa alemã ganhou ainda quatro das cinco etapas, duas por Mühlberger e outras tantas com o sprinter Pascal Ackermann (pode ver aqui a classificação final, via ProCyclingStats).

Contudo, é em Burgos que se centra a maior atenção. O ciclismo está de volta e agora é esperar para perceber como será esta relação entre desporto de alta competição e a pandemia. A expectativa é alta numa altura do ano em que tanto já se deveria ter passado, mas, afinal, quase tudo ainda está por acontecer. Mesmo sendo um estranho calendário, com ausências de nota, grandes corridas a coincidirem com outras, o desejo de ciclistas, staff, directores, adeptos, organizadores é que haja ciclismo! Que comece o espectáculo em semanas que serão certamente muito, muito, muito intensas!

Veja aqui a lista completa de inscritos da Volta a Burgos, via ProCyclingStats.


26 de julho de 2020

"Em Portugal é raro existir uma corrida que seja perfeita para mim"

Iúri Leitão é um sprinter e é nessa especialidade que quer triunfar no ciclismo. Portugal tem sprinters, mas todos têm de se adaptar de um território onde as corridas raramente assentam ao que se chama "puro sprinter". Mas a determinação deste jovem ciclista levou-o a perseguir os seus sonhos além fronteiras. Mudou-se para a equipa espanhola Super Froiz. O entusiasmo era grande no início de 2020, até que uma pandemia trouxe a incerteza, novos hábitos e rotinas.

Mas o entusiasmo continua bem vivo em Iúri Leitão. A situação epidemiológica em Espanha não permite fazer grandes planos, mas o ciclista de 22 anos mantém a dedicação aos treinos. Garante que quando for chamado a competir quer ajudar a Super Froiz a vencer e, claro, ele próprio mostrar-se para tentar "dar o salto".

"Acabei por nunca competir em Espanha [esta época]. Fiz a Prova de Abertura [Região de Aveiro] pela selecção, mas depois só consegui estrear-me pela equipa na Clássica da Primavera. Nunca competi no pelotão espanhol. Ainda estou um pouco às cegas do que vou lá encontrar, que tipo de ritmo, que tipo de corridas, que tipo de atletas", explicou ao Volta ao Ciclismo. Leitão espera que a sua estreia possa acontecer no início de Agosto, mas o calendário em Espanha continua também ele incerto.

Com expectativas altas para 2020, Iúri Leitão não esconde alguma tristeza por tudo o que está a acontecer. "Foi uma desilusão. Tinha algumas provas para os primeiros meses da temporada e estavam delineados alguns objectivos. Queria mostrar serviço à equipa. Foi uma grande desilusão ter de voltar para casa, não competir e recomeçar tudo do zero, como se fosse uma nova pré-época. Foi um pouco triste", admitiu.

"Vi em Espanha a possibilidade de me mostrar um pouco mais, poder brilhar, poder dar uma vitória ou outra à equipa"

Enquanto espera pelo momento de competir no país da sua equipa - esteve no contra-relógio da Prova de Reabertura, em Anadia, a 5 de Julho -, assegura que o que o fez mudar-se da Sicasal-Constantinos para Super Froiz continua a motivá-lo e muito.

"Vi a oportunidade de na Froiz fazer um novo calendário. Novas oportunidades, nova equipa, poder mostrar-me no meu terreno, que em Portugal é raro existir uma corrida que seja perfeita para mim. Vi em Espanha a possibilidade de me mostrar um pouco mais, poder brilhar, poder dar uma vitória ou outra à equipa. Poder dar mais daquilo que eu tenho para dar", salientou. E acrescentou: "Penso que poderá ser uma boa oportunidade para, quem sabe, dar o salto."

Nasceu em Viana do Castelo, mas mesmo rodeado de um terreno de sobe e desce, Iúri Leitão saiu um sprinter, com provas dadas também na pista, onde foi um dos ciclistas que tentou levar Portugal aos Jogos Olímpicos pela primeira. O feito acabou por ser alcançado no feminino, por Maria Martins.

Porém, é na estrada que agora se concentra. Recordou como no início do ano teve um estágio de poucos dias e que lhe permitiu conviver com os seus companheiros. Mas soube a pouco.

Gerir uma fase diferente na vida

A pandemia obrigou a mudanças nas rotinas. Sem corridas em perspectiva, o treino teve de seguir o seu curso, mas houve que ter outros cuidados, mesmo num país em que os ciclistas puderam continuar a pedalar na rua durante o Estado de Emergência.

"Tudo mudou um pouco. Nós tínhamos as nossas rotinas, a nossa maneira de viver e do nada só podíamos sair para as coisas essenciais e para treinar. Passar o dia em casa era uma vida um bocado sedentária e tive de adaptar tudo o que fazia. No princípio foi um bocado complicado, mas acabou por se tornar numa nova rotina", contou.

O mesmo irá acontecer com as medidas de segurança sanitária que agora vão sendo implementadas nas corridas. "É diferente..." desabafou, recordando como nos treinos teve de reduzir o número de pessoas com quem está e do cuidado necessário neste tempo de pandemia. "Tem sido um processo de adaptação", afirmou.

"Será que vamos correr, será que não vamos... A única coisa que posso fazer é olhar em frente e continuar a treinar"

Um dos desafios acaba por ser gerir emocionalmente a incerteza de quando se vai competir. Uma corrida pode estar marcada, mas não há garantias que se realize, já que está sujeita às condições epidemiológicas do momento. "Quando nós recebemos as notícias que vão haver corridas e começam a aparecer datas, dá-nos um pouco de esperança. Mas depois vemos que as coisas não são tão positivas como as pessoas estavam a pensar e ficamos um bocado de pé atrás. Será que vamos correr, será que não vamos... A única coisa que posso fazer é olhar em frente e continuar a treinar e quando puder vou competir", referiu.

Com contrato de apenas um ano com a Super Froiz - onde está outro português, Patrick Videira -, 2020 não está a ser nada do que Iúri Leitão desejava. Ainda assim, espera ter a possibilidade de retribuir a confiança nele depositada e, claro, renovar para 2021. "Espero continuar para o ano. A equipa tem os patrocinadores base há muito tempo e penso que não terá problemas em continuar e eu quero prosseguir. Lá está, não tivemos a possibilidade de mostrar nada do que temos para dar e penso que todos nós merecemos outra oportunidade", afirmou.


Já há percursos para os Nacionais de Paredes

© João Fonseca Photographer/Federação Portuguesa de Ciclismo
Os ciclistas portugueses podem começar a preparar a próxima corrida já conhecendo o que lhes espera. Depois da desilusão com o adiamento da Volta a Portugal e do Troféu Joaquim Agostinho, os olhos ficaram postos nos Nacionais. A data até foi alterada. Uma antecipação de uma semana devido a um outro evento que Paredes irá receber. A esperança é grande que os títulos nacionais sejam disputados.

As provas vão realizar-se entre 14 e 16 de Agosto. Este ano as senhoras não estarão presentes, mas o contra-relógio contará com os paraciclistas. Para os campeões de 2019, acabou por ser um ano que soube a pouco. Com tão poucas corridas realizadas, poucas oportunidades tiveram de vestir a camisola de campeão.

José Mendes (na W52-FC Porto) certamente que tudo fará para conquistar um terceiro título nacional. Já quanto José Gonçalves (Nippo Delko One Provence), o campeão no contra-relógio em Melgaço, faltará saber se o calendário da sua equipa lhe irá permitir estar presente em Paredes.

A alteração da data os Nacionais em Portugal, faz com que não coincida com outros em muitos países europeus. Isto poderá levar a que os ciclistas portugueses que competem em formações estrangeiras não estejam presentes. Será o caso de João Almeida. O campeão de sub-23 em contra-relógio e fundo tem na sua agenda a possível estreia no monumento da Lombardia, a 15 de Agosto, ao serviço da Deceuninck-QuickStep.

Mas vamos então aos percursos divulgados pela Federação Portuguesa de Ciclismo. O contra-relógio irá realizar-se no primeiro dia, sexta-feira 14. Os paraciclistas terão pela frente 12,5 quilómetros. Já os sub-23 e os atletas de elite terão de cumprir 18,1, num percurso com início em Gandra e meta em Baltar. A segunda metade será num falso plano e alguns topos vão exigir bastante dos ciclistas, para que não percam tempo.



Sábado será dia da prova de fundo dos sub-23. Serão 137,4 quilómetros e depois de 41,5, o pelotão jovem entrará no circuito final, de 13,7 quilómetros. O campeão será conhecido aquando da oitava passagem pela meta. Os ciclistas vão enfrentar um acumulado de 2860 metros.


No domingo a elite fará o mesmo percurso, mas com mais duas voltas. Ou seja, 164,8 quilómetros e um acumulado de 3480 metros. A partida será em Vilela e a chegada em Gandra. Pode ver o mapa do percurso em baixo.



25 de julho de 2020

Betancur falhou voo de regresso à Europa e tem parte da época em risco

© Bettiniphoto/Movistar Team
O seu nome estava na lista, mas afinal Carlos Betancur perdeu o "voo do orgulho colombiano", como foi designado. Cerca de 100 atletas viajaram de Bogotá para Madrid no fim-de-semana passado, muitos deles ciclistas. Porém, o corredor da Movistar acabou por falhar o voo de ligação e não viajou para a Europa. Agora teme-se que possa perder parte da temporada, senão for toda, pois não será fácil encontrar uma solução.

O governo colombiano fretou um avião para que os atletas pudessem regressar ao continente europeu. Estava garantido que não teriam de fazer quarentena. Desta forma, todos os ciclistas puderam rapidamente juntar-se às equipas, ou em alguns casos dirigirem-se para as suas casas, noutros países que não Espanha.

Quem não estava em Bogotá, ponto de partida, teve o seu problema resolvido com o transporte em aviões mais pequenos. O site Zikoland explica que outros atletas esperaram até ao limite por Betancur, que não apareceu no aeroporto em Medellín. Lê-se que a justificação foi um problema de saúde de alguém próximo ao ciclista.

Ao não viajar para a Europa, Betancur cria um problema à Movistar. As restrições de voos da Colômbia para os países da União Europeia mantém-se e não há previsões de quando poderão ser levantadas. Isto significa que o ciclista está sem, por agora, opções para poder juntar-se à equipa, que lhe tinha entregue um calendário preenchido no recomeço das corridas em Agosto.

Betancur estava escalado para a Strade Bianche, a 1 de Agosto (primeira prova do World Tour), seguindo-se Milano-Torino, Gran Piemonte, Il Lombardia e outras corridas italianas até quase ao final de Setembro.

Carreira atribulada

Aos 30 anos, Betancur é assim protagonista de mais um episódio que lhe marca a carreira, em tempos muito prometedora. Surgiu na Europa na Acqua & Sapone em 2011, antes de mudar-se para a AG2R em 2013. Foram anos de grandes exibições e de vitórias importantes, com destaque para o Paris-Nice em 2014. Também nas grandes voltas começou a dar nas vistas.

Porém, em 2015 tudo mudou. Betancur chegou a estar desaparecido, sem dar notícias à equipa. Em Agosto a AG2R terminou contrato com um colombiano fora de forma e com uma atitude que os responsáveis não gostaram.

A Movistar deu-lhe a mão no ano seguinte e, às vezes com alguma surpresa, Betancur tem ficado na equipa, apesar de muitas exibições pouco convincentes. Porém, aqui e ali, o colombiano mostra o talento que revelou na sua juventude, apesar de se ter tornado mais em homem de trabalho, do que no líder que se chegou a esperar.

Para o calendário revisto de 2020, Betancur tem previsto a presença na Volta a Itália, em Outubro, precisamente a grande volta onde alcançou o seu melhor, com um quinto na geral em 2013. Agora falta saber se o colombiano conseguirá regressar à Europa perante a incerteza provocada pela pandemia.


23 de julho de 2020

O impressionante feito de Tiago Ferreira

© Hugo Silva/Red Bull Content Pool
Muito se tem falado nos últimos tempos do desafio do Everesting. Consiste em subir a respectiva altitude do Evereste (8848 metros) no menor tempo possível. Tiago Ferreira não aceitou este desafio. Foi muito mais além! O seu feito (e que feito!) está à espera de ser oficializado como recorde do mundo e acaba por se ter de falar do Evereste para rapidamente se perceber o que este atleta fez: em 24 horas subiu o equivalente a duas destas montanhas... Um pouco mais, até!

Vamos então aos impressionantes números: 17753 metros, num total de 247,5 quilómetros em pistas de terra e xisto. Foram 83 subidas, numa ascensão de 1,5 quilómetros, com 214 metros de desnível. Tiago Ferreira enfrentou temperaturas que chegaram aos 40 graus e durante a noite foi mais fresco, 15 graus.

© Hugo Silva/Red Bull Content Pool
Numa altura em que a pandemia parou as competições e com a interrupção a durar desde Fevereiro, este foi um desafio que obrigou o atleta português a estar em muito boa forma. Já foi campeão do mundo e conta com dois títulos europeus de XCM, o que significa que está habituado a pedalar durante várias horas. Mas não 24 horas!

"Estou muito feliz por ter conseguido este objectivo! Pensei que a fase da noite seria a mais complicada, mas acabou por ser a madrugada a trazer o maior peso do cansaço, sobretudo com dores nas mãos e nos pés. Mas nunca pensei em desistir, estava muito bem preparado e tudo correu de feição", afirmou no final.

© Hugo Silva/Red Bull Content Pool
O desafio inédito foi cumprido nas proximidades da aldeia histórica de Gourim, nos arredores de São Pedro do Sul e com as paisagens da Serra de São Macário. Começou às 10 horas de quarta-feira e terminou às 10 desta quinta-feira, 23 de Julho.

Foi uma forma peremptória de Tiago Ferreira mostrar aos seus adversários como está fisicamente (e mentalmente), numa altura em que já começa a apontar para o regresso às corridas. Porém, depois de um esforço como este, é tempo de um merecido descanso. "Vou parar pelo menos três ou quatro dias até voltar a conseguir subir para a bicicleta. Depois segue a preparação normal, pois conto regressar às competições da UCI já em Agosto", salientou.


Mais duas corridas World Tour canceladas

Fotografia: Facebook @GPCQM
O calendário World Tour ficou mais curto. Quando foi apresentado numa primeira versão, algumas corridas não fizeram parte, casos, por exemplo, da Volta ao País Basco e a Volta à Catalunha. Agora são duas clássicas que, perante a incerteza provocada pela pandemia, ficam sem efeito para 2020.

Na última revisão apresentada pela UCI a meio de Junho, havia sido a Através da Flandres a principal ausência. Desta feita, os organizadores das clássicas do Canadá, Quebeque e Montréal optaram por esperar que em 2021 alguma normalidade possa regressar.

"Hoje ainda há demasiadas questões por responder. Por exemplo, a abertura das fronteiras, quarentena obrigatória e autorização de ajuntamentos em público. Adiar mais esta decisão não teria sido nem responsável, nem respeitável para todas as partes envolvidas que confiam em nós desde 2010", explicou Serge Arsenault.

O presidente do comité organizador das clássicas do Quebeque e Montréal assegurou que nos últimos meses tudo foi feito para que as corridas pudessem ser disputadas, respeitando todas as medidas de segurança sanitárias. "Todos os esforços para manter os nossos níveis de qualidade, assim como para garantir a segurança de todos, foram em vão", desabafa o responsável.

Arsenault realça como em dez anos, as duas clássicas canadianas ganharam um lugar importante entre as preferências de alguns dos melhores ciclistas do mundo. Edição após edição, o pelotão tem sido competitivo e com vencedores como Peter Sagan, Greg van Avermaet, Rigoberto Urán, Philippe Gilbert, Michael Matthews e Rui Costa. O português venceu a Clássica de Montréal em 2011.

As corridas canadianas estavam agendadas para 11 e 13 de Setembro e iriam coincidir com a Volta a França e com o Tirreno-Adriatico. A Arsenault restou dizer no final: "A todos os fãs de ciclismo dizemos: até para o ano, a 10 e 12 de Setembro."


22 de julho de 2020

Ineos ganha a potência de um 4x4... no nome

© Team Ineos
Novo nome a partir da Volta a França. Ou melhor, um acréscimo. Uma das paixões do magnata, que em 2019 passou a patrocinar a equipa britânica, são os carros. Sir Jim Ratcliffe não se conformou com o final de produção dos Land Rover Defender e criou o seu próprio 4X4. Agora vai utilizar o ciclismo para o promover. Portanto, há que memorizar: Ineos Grenadiers.

A partir de 29 de Agosto, quando o Tour arrancar de Nice (pelo menos assim se espera), a equipa terá este nome e vestirá um novo equipamento. O anúncio oficial será feito na semana anterior na cidade francesa, segundo explicou a Ineos, em comunicado.

Lê-se como Ratcliffe identificou um espaço no mercado para apostar num 4x4, através da Ineos Automotive. Salientou como o magnata é um "entusiasta de carros e um aventureiro experiente". O Grenadier foi revelado este mês, mas só estará disponível mais para o final de 2021. Mas ao colocar o nome na equipa de ciclismo e tendo em conta que é uma das melhores, muito se vai ouvir falar no nome deste 4x4. A publicidade perfeita! A vantagem de apostar no ciclismo.

O Cycling Weekly avança que o equipamento trocará o vermelho pelo azul, o que, a confirmar-se, significaria um regresso às origens, do tempo da Sky. Há pouco mais de um ano Ratcliffe assumiu o patrocínio da equipa, depois da Sky ter anunciado que não renovaria o contrato no final de 2019. Porém, a Ineos ficou com a equipa muito antes e a última Volta a França, ganha por Egan Bernal, já foi com o nome da empresa do magnata, um dos homens mais ricos do Reino Unido.

Grenadier com ligação a Portugal

Imagem: Ineos Grenadrier
Este 4x4 tem uma curiosidade para os portugueses. O chassi de longarinas é produzido pela Gestamp Automoción, empresa espanhola que possui três fábricas em Portugal. O Observador explica que este chassi vai ser produzido na Gestamp Aveiro.

Outra curiosidade deste veículo é que qualquer parecença com o Land Rover Defender, não é coincidência. Ratcliffe é um fã deste modelo e quando deixou de ser produzido até terá tentado comprar os desenhos do 4x4 à Jaguar Land Rover. Ouviu um não, mas isso não parou o empresário britânico. Avançou com um projecto próprio. O Grenadier terá um motor BMW.

Conhecida equipa para o regresso à competição

Estamos em contagem decrescente para o regresso da competição por parte das equipas World Tour. A Ineos escolheu a Volta a Burgos para retomar a acção e na terça-feira espera então ter os seus primeiros ciclistas na estrada: Richard Carapaz, Eddie Dunbar, Filippo Ganna, Sebastián Henao, Christian Knees, Carlos Rodriguez e Iván Ramiro Sosa.

21 de julho de 2020

"Era uma etapa que tinha de fazer e fui sempre treinando"

Era suposto ser um 2020 de mudança e de muita esperança para Pedro Andrade. Com apenas 19 anos (entretanto já fez os 20), o jovem ciclista estreou-se numa das melhores equipas de formação mundiais e que já colocou três portugueses no World Tour. Janeiro começou com um estágio na Hagens Berman Axeon, mas Março não trouxe as corridas que o corredor esperava. O ano trouxe uma vivência completamente diferente, a que se juntou muita incerteza. Contudo, nem por isso Pedro Andrade deixa de acreditar que pode ser um ano de mudança e muita esperança.

Numa situação normal, a conversa seria sobre como estava a ser esta primeira época numa equipa tão importante para jovens ciclistas. Mas como se vivem tempos nada normais, foi inevitável perguntar como tinham sido passadas as semanas de confinamento. "Foi uma incógnita muito grande porque nunca se tinha lidado com nada assim. Nunca se sabia quando é que poderíamos voltar... Mas era uma etapa que tinha de fazer e fui sempre treinando", afirmou Pedro Andrade ao Volta ao Ciclismo.

O ciclista demonstra que não se deixou abater pela incerteza. Faltam corridas é certo, mas Pedro Andrade prefere olhar para o que pode aí vir, com motivação e alguma natural ansiedade.

Apesar de ser uma equipa americana, esteve sempre em contacto com o ciclista em Portugal e passou precisamente a mensagem que era preciso estar preparado para quando a competição regressasse. "Íamos tendo várias vídeo-chamadas por Zoom. Falávamos uns com os outros. A mensagem era sempre para continuar a treinar. Ia ser uma fase de crescimento para nós como ciclistas. Mais cedo ou mais tarde iria recomeçar [a competição] e tínhamos de continuar a treinar", contou o corredor.

Foi isso que fez e poder fazer o contra-relógio na Prova de Reabertura já deu motivos a Pedro Andrade para sorrir. No entanto, quer mais! "Ainda estamos a ultimar o calendário, mas vamos competir entre Agosto e Outubro. Vai ser um calendário a gerir para que todos os ciclistas tenham as suas oportunidades", explicou. Bélgica, França e Itália, são países onde a Hagens Berman Axeon está a tentar garantir lugar em algumas provas.

O início

Recuámos a Janeiro na conversa. Numa altura em que tudo ainda decorria como planeado. Pedro Andrade teve o primeiro contacto com a nova equipa, onde está André Carvalho (segundo ano) e por onde passaram Ruben Guerreiro e os gémeos Oliveira, agora todos a competir em grandes equipas mundiais do World Tour, EF Pro Cycling e UAE Team Emirates, respectivamente.

"Gostei muito. Fui muito bem recebido. Gostei do ambiente e o André ajudou-me já que sabe bem como as coisas funcionam. Foi uma mais-valia muito grande ele ter lá estado comigo", admitiu o jovem ciclista.

Foi através do empresário João Correia que Pedro Andrade deu o salto da Vito-Feirense-PNB para a Hagens Berman Axeon, pois o director da equipa americana, Axel Merckx, parece gostar dos ciclistas portugueses. "Todos os que por lá passaram foram casos de sucesso", recordou Pedro Andrade.

Sem surpresa, também o ciclista quer ser um caso de sucesso, mas tem muito de pedalar para lá chegar, como o próprio refere. "Tenho de melhorar um pouco de tudo. Tenho de ir crescendo pouco a pouco, ir aprendendo a trabalhar cada vez mais em equipa", salientou.

Considera que ainda se está a descobrir como ciclista, mas sabe em que provas poderá mostrar mais as suas capacidades: "Dou-me melhor em corridas mais duras, com mais subidas. Clássicas mais duras, mas principalmente em corridas por etapas."

Chegar ao World Tour é o objectivo, mas Pedro Andrade não quer criar desde já expectativas demasiado grandes. "A pessoa vai criando as expectativas à medida que vai criando as possibilidades. Neste momento ainda não sei como me vejo daqui a uns anos. Mas claro que gostaria de fazer grandes voltas e claro que quero ganhar etapas", afirmou.

Está concentrado no presente. Quer mostrar o seu valor à equipa, num ano atípico, mas que deseja que venha ainda a ter boas recordações. Uma delas espera que venha a ser a renovação de contrato, pois tem apenas vínculo para 2020. Acredita que pode continuar para a próxima época, garantindo que tem trabalhado e vai continuar a fazê-lo para merecer essa confiança.

O peso do apelido... ou talvez não

Quando se ouve ou lê o nome de Pedro Andrade é comum seguir-se que é familiar de dois ex-ciclistas. O pai é Joaquim Andrade (actual director desportivo do Feirense) e o avô também se chama Joaquim Andrade, vencedor da Volta a Portugal em 1969.

Pedro vê como normal a constante referência à sua família e disse que não o perturba. Pelo contrário: "Levo para a parte positiva." Apesar de avô e pai terem sido ciclistas de sucesso, o jovem é peremptório naquilo que tem de estar focado. "Tenho de estar preocupado com a minha carreira. Só dependo de mim. Eles são mais-valias muito grandes para mim. Eles transmitiram-me muitos conhecimentos e ajudaram-me a chegar onde cheguei", realçou. "O meu pai ainda foi meu treinador no ano passado... e ainda continua a ser", acrescentou.

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