Estabilidade. Palavra de ordem para um atleta de alta competição. Sem estabilidade, seja monetária, familiar, na própria equipa (caso seja um desporto colectivo), é difícil a um atleta, por melhor que seja, dar o seu melhor. Psicologicamente a estabilidade pode fazer a diferença e Mark Cavendish parte já em vantagem para os Mundiais, porque na Grã-Bretanha já definiram a equipa e não há dúvidas quem é o líder, enquanto os seus potenciais maiores adversários nem sabem se vão ao Qatar ou se irão ser os líderes. É um crescente mal-estar na selecção alemã, italiana e francesa.
Mark Cavendish sabe o que lhe espera e agora também sabe quem o vai ajudar a tentar conquistar o seu segundo título mundial. Uma equipa de luxo, mais forte que aquela que o apoiou em 2011 quando vestiu a camisola arco-íris em Copenhaga. Geraint Thomas, Steve Cummings, Alex Dowsett, Ian Stannard, Ben Swift, Luke Rowe, Adam Blythe, Dan McLay e Scott Thwaites. Um destes nomes acabará por ser excluído para que se estabeleça os nove eleitos para a prova do dia 16 de Outubro.
Enquanto Cavendish congratula as escolhas e não esconde a motivação e vontade de vencer em Doha, um dos seus principais rivais André Greipel critica a demora dos responsáveis da selecção alemã em anunciar a equipa. "É uma situação constrangedora para mim e para Marcel Kittel", disse. Com os dois sprinters a lutar para serem o líder germânico, já é a segunda vez que Greipel fala publicamente da questão. "Eu quero preparar os Mundiais o melhor possível, mas nem sei se vou. Nem sequer posso planear a viagem", queixou-se ao jornal belga, Het Nieuwsblad.
O nervosismo está instalado na equipa alemã e nem se ainda sabe qual é. Começa a ser claro que não é possível levar Kittel e Greipel, pois nenhum quererá ser segunda opção. Esse papel deverá pertencer a John Degenkolb, que dada a época menos conseguida devido ao atropelamento ainda durante o estágio de início de ano, ficará feliz só com a hipótese de estar no Qatar. E depois a Alemanha terá outro problema: a sua equipa só terá seis elementos e não nove como outras potências.
Mas o mal-estar estende-se a Itália e França. Giacomo Nizzolo e Elia Viviani procuram ser o número um da selecção transalpina, com Sacha Modolo fora desta corrida depois de uma temporada muito fraca.
Porém, será na equipa francesa que a batalha pela liderança poderá ser tão feroz como na da alemã. Arnaud Démare e Nacer Bouhanni querem estar na linha da frente para tentar conquistar a camisola do arco-íris, com Bryan Coquard na expectativa, mas será difícil ser o eleito dada a concorrência. Démare conquistou a Milano-Sanremo e antes tinha conquistado uma etapa no Paris-Nice. Depois quase que desapareceu, falhou no Giro, mas parece querer ressuscitar neste final de temporada. No entanto, a época de Bouhanni poderá muito bem valer-lhe ser a escolha principal, mesmo com cabeçadas e murros à mistura que lhe tiraram algumas vitórias e o impediram de estar na Volta a França. Também neste caso poderá acontecer que ou Démare ou Bouhanni nem sequer seja convocado, pois ninguém se esqueceu da má relação que os dois tinham quando competiram na FDJ.
Os responsáveis demoram a anunciar as equipas. Os ciclistas vão ficando nervosos e ansiosos. E estes Mundiais prometem ser explosivos, com os sprinters a ambicionarem uma camisola que há muito não era para eles dado os percursos que foram escolhidos nos últimos anos. Independentemente das escolhas, haverá sempre desilusões e provavelmente alguma polémica (Greipel ou Kittel ficarem de fora dará muito que falar).
No caso português também se aguarda com alguma expectativa as escolhas de José Poeira, mas por diferentes razões. Sem um sprinter de referência na actualidade que se possa bater com os melhores, será um ano de poucas ambições para a selecção nacional.
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