5 de setembro de 2016

As razões porque Nairo Quintana ainda não pode pensar que ganhou a Volta a Espanha

Nairo Quintana lidera com 3:37 minutos de vantagem (Fotografia: Team Sky)
Nairo Quintana pode sorrir, mas não pode relaxar. Nem um segundo. Aliás, já deu para perceber o que acontece quando se distrai por um segundo que seja. Certo Team Sky? Se estivéssemos na Volta a França, a quatro etapas do final (mais a de consagração) com 3:37 minutos a separar o líder do segundo classificado, então já se escreveria sobre uma vitória anunciada, salvo se acontecesse algo inesperado. No entanto, estamos a falar da Volta a Espanha e aqui a predisposição dos ciclistas e das equipas é bem diferente. Esta Vuelta está muito bem encaminhada para o colombiano, mas não está garantida.

Porquê a comparação com o Tour? Pela simples razão que este tipo de emoção anda longe da prova francesa nos últimos anos. Sim, o poderio da Sky tem um papel importante, mas no Tour persiste um conservadorismo provocado principalmente pela pressão de ter um bom resultado. Ou seja, se não podes ganhar, então segura o lugar, ainda mais se for top dez. Os patrocinadores agradecem. Há muito mais em jogo e, infelizmente, extra-competição.

O mesmo não acontece nem no Giro, nem na Vuelta. São naturalmente provas importantes, mas sem o mediatismo e principalmente sem toda a mítica histórica que acompanha um Tour com mais de cem anos. E o facto de não acontecer no Giro e na Vuelta até é melhor para os fãs: os ciclistas estão mais soltos, mais determinados em arriscar e não dão por perdida as corridas. Nem com desvantagens que parecem grandes.

Que o diga Vincenzo Nibali. Parecia que estava mais do que fora da luta pela Volta a Itália e depois - com a ajuda da queda de Steven Kruijswijk - conquistou um triunfo milagroso. Chris Froome, Johan Esteban Chaves e Alberto Contador são candidatos a tentar realizar o que ninguém espera, ou seja, "imitar" Nibali, mas numa competição com outro nível de concorrência.

Dada a forma em que está (e que esteve tão longe no Tour), Nairo Quintana é claramente o favorito. Tem a vantagem no tempo, física e psicológica. Mesmo com um contra-relógio pela frente, com os 3:37 minutos, o colombiano sente-se confiante. E com razão. Mas não pode ceder nem um milímetro nesta quarta-feira. Uma demonstração de fraqueza e poderá ser atacado por três lados. A aliança com Contador foi excelente por um dia, mas agora poderá virar-se contra Quintana, pois o espanhol certamente que vai tentar algo mais para tentar ganhar esta Vuelta. No mínimo atacará o pódio, mas depois da etapa de domingo, os níveis de confiança de Contador aumentaram exponencialmente. E já se sabe. Desistir quando ainda é possível não faz parte da postura do espanhol da Tinkoff, mesmo que esteja a falar de 4:02 minutos de diferença e de vários falhanços nas subidas. Mas basta que tudo funcione na perfeição por uma vez com este ciclista...

Johan Esteban Chaves poderá ser o mais calculista do trio. O colombiano da Orica-BikeExchange não quer perder o lugar no pódio e poderá quanto muito tentar o segundo lugar, já que está a apenas 20 segundos de Froome (a 3:57 de Quintana). Claro que a irreverência de Chaves poderá vir ao de cima e tentar agarrar-se a algum ataque do britânico ou Contador e assumir algum risco, principalmente se contar com a ajuda do colega Simon Yates.

Já Froome deixou o aviso: não vai desistir da Vuelta. O dia de descanso desta terça-feira certamente que servirá para recuperar psicologicamente e preparar o ataque que poderá vir já na etapa de quarta-feira. E faz sentido que assim seja. O britânico tudo fará para reduzir a diferença, para assim atacar o contra-relógio com uma diferença menor. Em circunstâncias normais, Froome conseguirá ganhar entre um a minuto e meio a Quintana.

Depois falta a etapa de sábado, aquela que decidirá tudo e, como tinha de ser nesta Vuelta, termina com uma categoria especial, depois de três segundas categorias. Se Quintana chegar a esta etapa com mais de dois minutos de vantagem, dificilmente perderá a Volta a Espanha, mesmo que tenha um dia menos bom. Mas já esta quarta-feira se começará a perceber se realmente alguém  - e claro que se espera mais de Froome - ainda tem capacidade para colocar em causa a liderança do colombiano e prolongar a indefinição até final, como tem sido tão habitual nesta prova de três semanas.

A Volta a Espanha dos estreantes

Em 16 etapas verificaram-se dez vencedores que nunca tinham ganho numa grande volta. O mais recente a juntar-se à lista foi o luxemburguês da BMC, Jean-Pierre Drucker, que foi o mais forte ao sprint na etapa de segunda-feira. Tudo começou com Gianni Meersman (Etixx-QuickStep), que entretanto já ganhou uma segunda, e mais tarde foi o colega David de la Cruz. Seguiu-se Lilian Calmejane (Direct Energie), Simon Yates e Jens Keukeleire (Orica-BikeExchange), Jonas van Genechten (IAM), Sergey Lagutin (Katusha), Valerio Conti (Lampre-Merida) e Robert Gesink (Lotto-Jumbo).

Etapa 17: Castellón - Llucena / Camins del Penyagolosa (173,3 quilómetros)

Quarta-feira começa o tudo ou nada. A Vuelta aproxima-se do final e neste dia o pelotão fará a estreia em Mas de la Costa, uma subida de primeira categoria com apenas 3,8 quilómetros, mas de uma dureza que poderá ajudar a decidir alguns lugares. A pendente média é de 12,5% e chega a atingir os 21%.


Resumen - Etapa 16 (Alcañiz / Peñíscola) - La... por la_vuelta

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