Concentrado em tentar conquistar a sua primeira vitória numa grande volta, Arnaud Démare (FDJ) vê agora uma polémica regressar para o assombrar. As acusações que foi "rebocado" pelo carro durante a Milano-San Remo - que acabaria por vencer - afinal não estão arquivadas. Podem até estar bem vivas. Matteo Tosatto (Tinkoff) diz ter sido abordado pela Federação Italiana de Ciclismo sobre o eventual desrespeito dos regulamentos por parte do francês.
A Milano-San Remo é a grande vitória de Démare. Aos 24 anos, o sprinter francês tenta este ano provar que mereceu a confiança de FDJ que no final de 2013 deixou sair outro potencial grande sprinter da equipa, Nacer Bouhanni. Em 2014 foi Bouhanni quem triunfou. Démare passou completamente despercebido. O triunfo num dos cinco monumentos era a forma perfeita de relançar a carreira. Porém, a vitória tem sido constantemente questionada, principalmente por Tosatto e Eros Capecchi (Astana). Sem imagens, não houve qualquer acção contra Démare.
Porém, Tosatto confirmou à Gazzetta dello Sport que a federação italiana está a realizar uma investigação a uma possível irregularidade. "Não estou interessado em alimentar mais polémicas. Não tenha nada pessoal contra ele. É um grande ciclista. Mas não me arrependo sobre o que disse porque eu vi. Também o repeti aos investigadores da Federação Italiana de Ciclismo que me contactaram. Não falei com eles pessoalmente, mas enviei-lhes alguns e-mails", explicou Tossato.
Démare está agora em Itália, mas desconhece-se se irá ser questionado pela federação. Publicamente, tanto ele como o director desportivo Marc Madiot recusam falar mais sobre o assunto, querendo concentrar-se no Giro.
Já Tosatto afirmou que alguns ciclistas da FDJ criticaram-no por ele ter falado sobre a alegada batota de Démare, quando se cruzaram no mesmo hotel durante a Volta à Catalunha: "Não tenho razões para ter vergonha, posso estar de cabeça levantada."
Para Démare é um pesadelo que não precisava de voltar a reviver. É que depois da Milano-San Remo, foi apenas 102º na E3 Harelbeke, esteve bem melhor na Gent-Welvegem ao terminar em quinto, mas uma queda na Volta a Flandres afastou-o da competição nas clássicas e só voltou agora no Giro, onde foi segundo na segunda etapa, mas nem esteve na luta na terceira. Ganhar um monumento é excelente, mas o crédito conquistado com essa vitória não dura para sempre. Démare precisa de mais triunfos e a última coisa que precisa é de ver a sua grande vitória ser-lhe retirada.
A novela parecia ter terminado, mas afinal ainda pode haver mais alguns capítulos.
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