© Luc Claessen/Getty Images/Deceuninck-QuickStep |
Ver a Deceuninck-QuickStep correr nas clássicas é arte no ciclismo. Ver a Deceuninck-QuickStep preparar sprints é a perfeição a alta velocidade. A temporada conta com poucas corridas - muitos cancelamentos e adiamentos devido à pandemia -, mas a equipa belga já soma cinco vitórias. E não deu hipóteses na Omloop Het Nieuwsblad. Uma clássica do pavé, uma vitória. Tentou com Julian Alaphilippe, não resultou, o francês trabalhou depois intensamente para um companheiro. Zdenek Stybar caiu, mas estava lá um Davide Ballerini cada vez mais a sair do segundo plano, que na Deceuninck-QuickStep pouco quer dizer. Todos acabam por ter a sua oportunidade.
Aos 26 anos, está há dois na Deceuninck-QuickStep, o que diz ser o cumprir de um sonho. Se já em 2020 tinha demonstrado que poderia começar a entrar nas contas para sprinter de referência, na Omloop Het Nieuwsblad não desperdiçou a oportunidade para ganhar. E tanto o italiano, como toda a equipa quase fizeram parecer fácil ganhar! Toda a concorrência ficou a ver Ballerini de longe enquanto cortava a meta, depois de 200,5 quilómetros da clássica belga.
Mas se a Deceuninck-QuickStep mostrou o esperado, há outros dois destaques menos comuns nestas andanças. A Ineos encontrou um ciclista que poderá fazer o mesmo que Ian Stannard há uns anos. Provavelmente até mais. Thomas Pidcock finalmente optou por se dedicar à estrada (ainda que não vá deixar o ciclocrosse) e a sua chegada à Ineos Grenadiers - esteve em 2018 e 2019 na Team Wiggins - é precisamente para dar outro poderio à equipa britânica nestas corridas.
Porém, Pidcock também é ciclista que se adapta bem às provas por etapas. Aos 21 anos chega ao World Tour com selo de corredor completo, forte também no contra-relógio. Em 2017 foi campeão mundial em juniores na especialidade.
Na Omloop Het Nieuwsblad ficou uma pequena amostra do que o britânico poderá fazer. A forma como recuperou lugar na frente da corrida depois de ter ficado no grupo atrasado, foi um momento de muita classe de Pidcock. Infelizmente uma queda acabaria por estragar-lhe a corrida já nos quilómetros finais.
Se a Ineos Grenadiers não tem muita tradição neste tipo de corrida, a Movistar também não. Aqui e ali a equipa espanhola já tentou no passado mostrar-se nas clássicas do pavé. Até Alejandro Valverde experimentou recentemente. Porém, tem agora um ciclista de qualidade para este terreno. Ivan Cortina chegou da Bahrain-Mclaren com o plano de se tornar num sério candidato a vitórias no pavé. O 11º lugar do espanhol pode muito bem ser o revelar que está a aquecer para o que aí vem neste calendário específico.
E temos ainda André Carvalho. O único português em prova estreou-se numa prova World Tour. O ciclista da Cofidis tem duas missões nesta altura da época: adaptar-se a uma nova realidade e dar o apoio possível aos líderes, neste caso Christophe Laporte. É isso que Carvalho está a fazer, terminando na 77ª posição, a 3:07 minutos de Ballerini.
A equipa francesa está a dar tempo de corrida ao português de 23 anos. Este domingo estará novamente em acção na Kuurne-Bruxelles-Kuurne (dorsal 136) e também está na lista para a prova Le Samyn.
Classificação completa, via ProCyclingStats.
Maria Martins começou temporada
Enquanto a campeã mundial Anna van der Breggen (SD Worx) dava um daqueles espectáculos a que já nos habituámos, deixando todas para trás e cortando a meta sozinha, a Omloop Het Nieuwsblad para senhoras tinha uma Maria Martins a arrancar a época da Drops-Le Col s/p Tempur.
A vontade já era muita, depois de um 2020 para esquecer na estrada devido à razão que já se sabe. 2021 também não se apresenta fácil com a pandemia a continuar a limitar a realização de corridas, mas a portuguesa de 21 anos foi à Bélgica sentir o que é competir numa clássica do pavé. A época começou com um 41º lugar, a 7:13 minutos da vencedora, sendo uma experiência que vai ajudar a jovem ciclista a crescer num pelotão feminino cada vez mais competitivo.
Classificação completa, via ProCyclingStats.
Mais portugueses
O trio luso da UAE Team Emirates competiu em França, na Faun-Ardèche, uma corrida mais para trepadores. Por isso mesmo, Rui Costa aproveitou para se mostrar, terminando na 12ª posição, a 46 segundos de David Gaudu.
Atenção a este ciclista francês da Groupama-FDJ. Com Thibaut Pinot a estar numa fase novamente mais complicada, com o Tour a nem aparecer nos seus planos para 2021 - vai ao Giro -, poderá estar a chegar o momento de Gaudu assumir um papel de maior relevância. E vai à Volta à França.
Quanto aos gémeos Oliveira, terminaram juntos: Ivo foi 119º e Rui 120º, ambos a 19:10 minutos de Gaudu.
Classificação completa, via ProCyclingStats.
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