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Os corredores mantêm os planos de treino, numa espera que, compreensivelmente, se vai tornando frustrante. Uma ideia parece começar a ganhar força: corridas em circuito, utilizando autódromos como o do Estoril - onde em Junho se vai realizar o Mundial de Paraciclismo - ou Portimão, por exemplo.
Outra sugestão passa por contra-relógios ou mesmo crono-escaladas. Em 2020 houve uma Prova de Reabertura em Anadia, precisamente de contra-relógio, que então serviu para não só marcar o regresso à competição, como para testar todos os novos protocolos de segurança sanitária. Também regressou ao calendário o Campeonato Nacional de Rampa.
"Podes fazer provas num autódromo, numa pista, num local fechado, uma corrida com os atletas, com protocolo de segurança, testes PCR, medição de temperatura, fechado ao público", destacou à Lusa Gustavo Veloso, ciclista que prolongou a carreira por mais um ano, tendo trocado a W52-FC Porto pela Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel.
O espanhol realçou ainda o potencial da transmissão televisiva ou em streaming de uma corrida num circuito fechado, menos exigente a nível de logística do que uma prova na via pública. Além disso, não seria necessário polícia para fechar estradas. Veloso foi mais longe nas declarações, acreditando que, nestes moldes, seria possível outros escalões também competirem. Porém, enquanto perdurar o estado de emergência, tal não acontecerá, nem para as categorias dos mais jovens, nem para os masters.
"O que temos é de procurar soluções para estes momentos. Evidentemente, não se pode correr a época toda em circuito, mas temos de voltar o quanto antes. [...] Com três ou quatro corridas em circuito antes do regresso à estrada, pelo menos temos uma opção de ganhar ritmo, motivação, e fazer o nosso trabalho, os adeptos podem desfrutar, e dar visibilidade aos patrocinadores. O que não é bom é estar parado. Assim, toda a gente ganha, e não temos nada a perder", afirmou.
A Sérgio Paulinho (LA Alumínios-LA Sport) também lhe agrada a solução dos circuitos, como explicou à Lusa: "Podendo fazer-se em autódromos, estou de acordo, até porque provavelmente os custos iriam ser bastante reduzidos, por isso seria um grande incentivo para se poder colocar já em prática a época desportiva."
Tiago Machado (Rádio Popular-Bovista) salientou que o pelotão está "apto a fazer tudo e mais alguma coisa, como circuitos, contra-relógios, crono-escaladas, com o objectivo de dar "algum retorno aos patrocinadores".
"Basta ver que no domingo se realizou o Nacional de ciclocrosse, que é num circuito. Não dá para entender o porquê de não se fazerem as competições. Estamos todos ansiosos que recomece, porque treinamos ao frio e à chuva e queremos competir. Só queremos o básico da nossa profissão", disse.
César Fonte (Kelly-Simoldes-UDO) mostra-se mais céptico, pois considera que o sucesso de provas em circuitos "depende muito" da organização e da sua "divulgação mediática". Referiu que "só um dia de corrida" não chegaria, mesmo que visse com bons olhos "alguns circuitos e, logo a seguir, a continuidade do calendário normal".
As sugestões estão dadas, mas quem organiza? "Se alguém as organizar, será bem-vindo e terá o nosso apoio. A federação, no âmbito do seu plano e orçamento, vai assumir a organização de quatro provas no mês de Abril. Não há mais nenhum organizador disponível a fazê-lo. [...] Não temos condições para fazer mais corridas. Se alguém as fizer, terá o nosso acolhimento", explicou Delmino Pereira.
O presidente da FPC considerou que é "uma solução, mas não a solução". E acrescentou: "Não me parece que seja grande solução e nem sequer foi unânime no contexto das equipas."
Pedem-se soluções para terminar com esta longa paragem competitiva. Mas, para já, a expectativa é que só mesmo em Abril retornem as corridas, com a esperança que a partir daí o calendário possa realizar-se, recuperando eventualmente algumas das corridas adiadas em Março. A Volta ao Algarve - que estava agendada para Fevereiro - está à espera de luz verde da UCI para "encaixar" em Maio.
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