17 de fevereiro de 2020

"A pressão não me mete medo nenhum"

Era um desejo antigo e concretizou-se em 2020. Depois de três anos na Rádio Popular-Boavista, Luís Gomes escolheu regressar a uma casa que tão bem conhece e onde viveu grandes momentos enquanto sub-23. Apesar de ter apenas 25 anos, a experiência que adquiriu como profissional poderá ser uma mais-valia para uma Kelly-InOutBuild-UDO há procura de dar mais um passo em frente na difícil consolidação como equipa Continental. Luís Gomes não esconde que quer ajudar o projecto a evoluir, seja a lutar por vitórias, seja a assumir um papel de maior responsabilidade como líder de um grupo de ciclistas jovens com muita qualidade, como não se cansou de realçar.

A sua passagem pela Rádio Popular-Boavista acaba por fazer de Luís Gomes quase o "veterano" da Kelly-InOutBuild-UDO. Quase porque tem Henrique Casimiro (33 anos, ex-Efapel), como colega. "Nos três anos como profissional adquiri bastante experiência e acho que posso transmitir isso a estes jovens ciclistas, que ainda são um pouco imaturos. É algo normal dada a idade, mas acho que com a minha presença vão conseguir render mais, ter mais calma em certas alturas", salientou ao Volta ao Ciclismo.

Neste regresso encontrou uma equipa diferente, afinal quando saiu da então Liberty Seguros-Carglass, a estrutura era de uma formação de clube de grande sucesso, com Luís Gomes a contribuir com várias vitórias, incluindo em etapas da Volta a Portugal do Futuro. Agora a Kelly-InOutBuild-UDO é Continental e havendo diferenças, há coisas que não mudam: "O ambiente que aqui tenho aqui é óptimo, com uns chefes cinco estrelas, que nos apoiam em tudo. Estou muito feliz pela minha decisão de voltar a esta casa."

Manuel Correia e Luís Pinheiro têm mantido este projecto vivo, apesar de terem passado por dificuldades no final de 2018 e de 2019 ter sido um ano limitado no que diz respeito ao orçamento. O desejo de ter Luís Gomes novamente na equipa não era novo e em 2020 tornou-se realidade. Apesar da Rádio Popular-Boavista ser uma das melhores formações nacionais, o ciclista não hesita em dizer que esta mudança é uma porta aberta para dar um rumo ainda mais ambicioso à sua carreira. "Não me importo de trabalhar seja para quem for, mas também gosto de ter as minhas oportunidades", referiu. Agora terá mais para conquistar vitórias e se tal também traz mais pressão, é assim que Luís Gomes reage: "A pressão não me mete medo nenhum. Gosto de ter pressão. Até é bom, faz-nos mexer." E deixou o aviso: "Esta é uma equipa jovem, mas não somos nenhum coitadinhos. Temos ciclistas com muita qualidade."


"A Volta ao Alentejo é uma corrida que eu gosto. Sempre alcancei lá bons resultados. Vou tentar estar bem"

O corredor quer ser uma elemento importante na estrutura e contribuir para o seu crescimento, se possível com triunfos como aquele memorável na Volta a Portugal. No nevoeiro da Serra do Larouco, Luís Gomes concretizou um dos objectivos de carreira. Agora quer repetir, até pela importância que mais vitórias trazem para a consolidação da Kelly-InOutBuild-UDO como formação Continental. Naturalmente que foi irresistível falar sobre aquele 8 de Agosto, sem esquecer que o ciclista viria a vencer a classificação da montanha na Volta. "Foi uma etapa muito especial para mim. Foi um sonho concretizado. Sempre que recordo, arrepio-me. Foi muita emoção. Procurava há muito uma vitória assim, com esse relevo. Aconteceu muito pelo meu esforço. Se calhar não foi muito pelo poder, mas mais pelo querer", recordou.

Mas há que pensar no presente e no futuro mais próximo, que passa pela Volta ao Algarve, mas de olhos postos na Volta ao Alentejo (de 18 a 22 de Março), o primeiro grande objectivo da nova temporada. "A Volta ao Alentejo é uma corrida que eu gosto. Sempre alcancei lá bons resultados. Vou tentar estar bem. É uma corrida imprevisível e perigosa, há sempre muitas quedas, mas há que tentar ultrapassar esses obstáculos", afirmou, acreditando que tanto ele como os companheiros que estiverem na Alentejana, poderão fazer uma boa corrida. Na Algarvia, e tendo em conta que é uma corrida com uma forte presença de equipas do World Tour, o ciclista pretende aproveitar para testar e aprimorar a sua forma.

Depois do arranque de temporada no domingo, na Prova de Abertura Região de Aveiro, Luís Gomes - que foi quarto, a 18 segundos do vencedor - faz então as malas para o Algarve, juntamente com Henrique Casimiro, Venceslau Fernandes, Pedro Lopes, Pedro Miguel Lopes Rafael Lourenço e Fábio Costa. Ou seja, será um misto de experiência com a juventude de muito talento da Kelly-InOutBuild-UDO.

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