15 de fevereiro de 2020

Começa a época em Portugal (finalmente)

© João Fonseca Photographer
E lá vamos nós! A nova época arranca em Portugal este domingo, com a Prova de Abertura Região de Aveiro. Internacionalmente a temporada já nos foi dando razões para pensar que estamos perante mais um grande ano, principalmente porque esta mudança geracional no pelotão está a ser emocionante. Por cá a premissa é outra. A questão continua a ser: quem faz frente à W52-FC Porto?

Pelas contratações feitas pela Efapel (inevitável destaque para António Carvalho e César Fonte que representavam a equipa rival, sem esquecer Tiago Machado, Luís Mendonça e o jovem Tiago Antunes) será estranho não ver uma maior aproximação da equipa de Rúben Pereira à liderada por Nuno Ribeiro, com Joni Brandão a continuar a ser o número um. A Efapel tem crescido financeiramente e o fosso já em 2019 pareceu diminuir um pouco, mas na Volta a Portugal ficou claro que ainda havia aspectos a melhorar.

Do lado da W52-FC Porto, a situação de Raúl Alarcón está longe de ser a ideal. O espanhol continua suspenso provisoriamente devido às suspeitas de utilização de substâncias e/ou métodos proibidos e é, para já, carta fora do baralho. O regresso de Amaro Antunes é, por isso, ainda mais importante. Foi nesta equipa que viveu a sua melhor temporada em 2017 e irá dividir com João Rodrigues o protagonismo. O vencedor da última Volta a Portugal quer consolidar-se como figura principal e mostrar-se ainda mais na expectativa de poder dar o salto para uma boa equipa estrangeira.

A saída de António Carvalho não deixou de ser um rude golpe, tendo sido um ciclista importante tanto como gregário, como em dar umas vitórias à equipa. O director desportivo Nuno Ribeiro espera que José Mendes possa colmatar a vaga deixada por Carvalho, principalmente no trabalho para os líderes. Mendes não foi feliz no Sporting-Tavira, mas enverga a camisola de campeão nacional pela segunda vez e é algo que o motiva sempre bastante.

A formação do Sobrado está novamente no escalão Continental, depois de apenas um ano no segundo. Financeiramente foi uma aposta que não compensou e em 2020 há ainda que ter em mente que está em causa a renovação de contrato com o FC Porto.

Se a distância entre Efapel e W52-FC Porto poderá de facto reduzir, o mesmo não se poderá dizer para as restantes equipas Continentais portuguesas. A Aviludo-Louletano é talvez aquela que continua a alimentar ainda mais a ambição de surpreender na Volta a Portugal na luta pela geral, mas durante o ano, haverá muita luta por vitórias, com todas a ter argumentos para terem boas perspectivas.

O destaque vai quase de imediato para a Rádio Popular-Boavista. A formação de José Santos é muito interessante, recheada de ciclistas lutadores e de muita qualidade, sendo de destacar os reforços Luís Fernandes e Gonçalo Carvalho, que têm tudo para encaixar na perfeição na equipa. A Rádio Popular-Boavista tem condições para obter bons resultados, com os algarvios da Aviludo-Louletano a esperar uma época mais forte de Vicente García de Mateos. Em 2019 apostou quase tudo na Volta a Portugal e os números finais da equipa ressentiram-se disso. João Matias, um importantíssimo reforço, terá um papel de destaque para recuperar a veia vencedora da equipa. Jesus del Pino também foi um reforço de qualidade.

Há que admitir que há alguma curiosidade quanto à Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel. Na nova vida da histórica estrutura do Algarve, Frederico Figueiredo será finalmente líder indiscutível. Já estava na altura! Apesar de ter mantido grande parte dos principais ciclistas de trabalho, Vidal Fitas não terá vida fácil, mas tem um dos melhores corredores do pelotão nacional. Figueiredo estando em forma, tem tudo para ser uma das figuras de 2020.

Vida difícil, mas por outras razões, terá o Feireinse. A perda de patrocinadores tornou incerto o futuro da equipa que vai depender muito dos sub-23, esperando que Rafael Reis - será o "veterano" da equipa aos 27 anos - possa alcançar alguns triunfos, principalmente na sua especialidade, o contra-relógio. Bernardo Saavedra foi um dos jovens que teve algum destaque em 2019 e apesar de ter apenas 21 anos, terá uma maior responsabilidade perante a situação da equipa de Joaquim Andrade. E até deu já deu mostras que não é algo que o assuste.

Quanto às três equipas que eram até 2019 sub-25, a LA Alumínios-LA Sport quer continuar o crescimento depois de uma temporada memorável. Haverá uma atenção especial sobre Emanuel Duarte, depois de ganhar a juventude na Volta a Portugal e a geral da Volta a Portugal do Futuro. A chegada do experiente Bruno Silva (ex-Efapel) poderá dar mais estabilidade quando for necessária uma voz de comando. E já se escreveu neste blog, mas nunca é de mais salientar: Miguel Salgueiro é um dos jovens a seguir com atenção. Chega a uma equipa de elite depois de ter evoluído na Sicasal-Constantinos.

A Kelly-InOutBuild-UDO ficou bem satisfeita por ter recuperado um homem da sua formação, Luís Gomes, sem esquecer Henrique Casimiro. Ambos podem render resultados de nota, enquanto Rafael Lourenço e Fábio Costa foram ciclistas que deram um salto de qualidade em 2019, pelo que será de esperar que não passem nada despercebidos.

Também o Miranda-Mortágua recuperou um antigo ciclista seu. Joaquim Silva vai à procura de relançar a carreira e se conseguir recuperar a forma que apresentou até mudar-se para a Caja Rural há dois anos, a equipa de Pedro Silva poderá aspirar a mais resultados de nota e - tal como Henrique Casimiro e Luís Gomes na Kelly-InOutBuild-UDO - a sonhar com a muito desejada vitoria de etapa na Volta a Portugal.

Os dados estão lançados. Que comece a temporada em Portugal, pois esta paragem é muito longa!

Veja aqui os plantéis das equipas Continentais portuguesas para 2020.

Prova de Abertura Região de Aveiro: Albergaria-a-Velha-Vagos, 174,5 quilómetros



A Prova de Abertura levará o pelotão a visitar novamente várias localidades da região de Aveiro. Como tem sido hábito, é uma corrida que favorece uma chegada ao sprint, ainda que haja uma segunda categoria sensivelmente a meio da prova, em Talhadas. A partida simbólica (12:00) acontecerá na Alameda 5 de Outubro, em Albergaria-a-Velha, enquanto a meta estará colocada junto ao Mercado Municipal de Vagos. Haverá uma pequena ascensão só para dificultar um pouco a luta pela primeira vitória do ano.

Estarão presentes as nove equipas Continentais, juntando-se as de clube e uma selecção formada por atletas do BTT, pista e de estrada: Tiago Ferreira, José Dias, Iúri Leitão, André Carvalho e João Carvalho.

Estes são os horários previstos para a passagem dos ciclistas nas localidades, estando naturalmente dependentes da velocidade que for imposta na corrida: Albergaria-a-Velha (12:00), Estarreja (12:25), Ovar (12:40), Murtosa (13:05), Estarreja (13:15), Albergaria-a-Velha (13:40), Sever do Vouga (14:00), Talhadas (14:15), Águeda (14:35), Oliveira do Bairro (14:50), Anadia (15:05), Nariz (15:50), Ílhavo (16:00) e Vagos (16:15).

Em 2019 o vencedor foi Rui Oliveira (a representar a selecção nacional), antes venceu Tiago Machado (também pela selecção) e em 2017, Francisco Campos (então numa Miranda-Mortágua equipa de clube), surpreendeu os profissionais ao ganhar em Ovar.

De realçar que dada a uma maior proximidade no calendário, este ano a Prova de Abertura Região de Aveiro como que servirá de aquecimento para as equipas portuguesas para a Volta ao Algarve. A prova que atrai algumas das grandes figuras do ciclismo mundial começa já esta quarta-feira.

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