24 de agosto de 2019

Início muito acidentado de Vuelta

(Imagem: print screen)
"Só faltam 20 etapas!" Eis uma forma de encarar o bom início de Volta a Espanha de Miguel Ángel López, o primeiro líder da corrida, depois da Astana vencer o contra-relógio colectivo. O colombiano, que tão poucas razões teve para sorrir no Giro, vê os papéis inverteram-se no frente-a-frente com a Jumbo-Visma. A equipa holandesa teve dois arranques de sonho em Itália e no Tour, viveu um pesadelo na Vuelta e ainda falta saber se as consequências da queda podem afectar as ambições para a prova. E como em Espanha tudo de facto pode acontecer, um contra-relógio que não se esperava ser de grandes acontecimentos, teve ainda uma UAE Team Emirates também a cair (salvou-se um ciclista) e o carro da Euskadi-Murias a despistar-se.

O acidente com o veículo da equipa espanhola aconteceu numa curva que o condutor tentou fazer rápido de mais, na tentativa de acompanhar os ciclistas (vídeo em baixo). Os membros do staff que estavam no carro estarão todos bem.


Mas o momento que marcou a primeira etapa da Vuelta aconteceu quando alguém resolveu regar o jardim. Segundo o Cycling Weekly terá sido esta a razão para a estrada ficar de repente molhada, o que provocou a queda dos ciclistas da UAE Team Emirates - dos que ainda seguiam juntos naquela fase, Sergio Henao já tinha ficado para trás, só Valerio Conti não caiu - e de os da Jumbo-Visma: Primoz Roglic, Steven Kruijswijk, Lennard Hofstede e Neilson Powless (imagens da queda no vídeo em baixo).




Um homem que estava no local, a seis quilómetros da meta, explicou ao site que a mangueira terá rebentado e quem estava a regar o jardim não conseguiu fechar a torneira a tempo de evitar que a água escorresse para a estrada. Várias pessoas tentaram de imediato enxugar o alcatrão, numa missão impossível, ainda mais com as equipas a passarem com uma diferença de quatro minutos.

A UAE Team Emirates foi a primeira vítima. Fernando Gaviria esteve muito tempo afastado devido a uma lesão no joelho, depois de ter abandonado o Giro, na sétima etapa. Fez a Volta à Polónia e veio à Vuelta tentar salvar algo desta sua primeira época na equipa. Porém, foi dos que ficou com feridas bem visíveis, tal como Fabio Aru, outro ciclista a apostar forte na corrida espanhola. As primeiras indicações da UAE Team Emirates é que todos vão continuar em prova. Porém, foi uma estreia numa grande volta para esquecer de Tadej Pogacar, vencedor da Volta ao Algarve e à Califórnia.

A Bora-Hansgrohe passou a seguir sem problemas de maior, ao contrário da Jumbo-Visma. Depois de ganhar a primeira etapa no Giro (Primoz Roglic) e no Tour (Mike Teunissen), era a favorita para repetir o feito na Vuelta. No entanto, saiu de Torrevieja com 40 segundos de desvantagem. A UAE Team Emirates perdeu 1:07 minutos, quando estava a nove segundos do melhor tempo no ponto intermédio. Só a Burgos-BH fez pior: 1:22.

E só não houve mais um incidente por alguma sorte e destreza dos ciclistas da Deceuninck-QuickStep. Um dos carros da Jumbo-Visma demorou a arrancar, pois ficou na ajuda a um dos corredores que não conseguir prosseguir rapidamente o seu caminho até à meta. Estava muito em cima da curva e os dois polícias que estavam de moto só tiveram tempo para se colocarem de maneira a que os ciclistas tivessem de se desviar mais cedo. Foi por muito pouco que não houve um choque. A equipa perdeu o contra-relógio por dois segundos e entre água e este momento, disse muito provavelmente adeus à vitória de etapa.

A Movistar foi a última a partir e perdeu 16 segundos para a Astana. Grande contra-relógio da EF Education First, antes do problema da água, que ficou a sete segundos, com a Sunweb a perder cinco. Os ciclistas da Ineos têm 25 segundos para recuperar.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

2ª etapa: Benidorm - Calpe (199,6 quilómetros)



E depois de 13,4 quilómetros com muito mais história para contar do que se esperava, a Vuelta começa com o seu habitual perfil: a subir. São duas segundas categorias e uma terceira e muito mais sobe e desce. Há ainda que ter atenção ao vento, que poderá criar problemas na fase inicial da etapa.

Miguel Ángel López tem na Vuelta uma corrida mais ao seu estilo, com menos contra-relógio. Ao ganhar o primeiro resolveu parte do seu handicap, mas ao ganhar tempo a especialistas como Primoz Roglic, a confiança ganhou uma dose extra. Ainda assim, não será surpresa se a Astana até ceder a liderança. É uma Vuelta com muita montanha para ter de controlar desde o primeiro instante, mas a decisão dependerá muito de quem entrar na fuga. E se há grande voltas em que as fugas muito triunfam, é na de Espanha.

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