10 de junho de 2016

Um discurso optimista, para variar

(Fotografia: Twitter @ORICA_GreenEDGE)
Depois de muito alarmismo, com Oleg Tinkov a ajudar a alimentá-lo, eis que chega um discurso mais optimista. E veio da equipa que é, provavelmente, a mais optimista do pelotão: a Orica-GreenEDGE. À primeira vista, o anúncio que a Orica vai terminar o patrocínio ao conjunto australiano parece ser mais uma preocupação quanto a mais uma equipa do World Tour. Porém, do mau destaca-se algo positivo: a Orica vai permanecer ainda em 2017, dando mais de um ano para se encontrar um novo patrocinador.

Uma postura diferente do que normalmente se vê, com directores desportivos muitas vezes a terem com missões complicadas de encontrar patrocínios em poucos meses para manter vivo um projecto, o que prejudica muito o planeamento do futuro. Basta recuar a 2015 para ver como a saída da Europcar quase foi o fim da estrutura francesa que, in extremis, encontrou a Direct Energie. No entanto, não conseguiu evitar a saída de um dos seus melhores ciclistas, Pierre Rolland.

A Orica - uma empresa da indústria mineira - considerou que chegou o momento de sair, mas perante os resultados muito positivos que a equipa conquistou desde que foi criada em 2012 - uma média de cerca 40 vitórias por ano, que incluem dois monumentos (Milan-San Remo no ano de estreia com Simon Gerrans e o Paris-Roubaix em 2016 com Mathew Hayman) - as perspectivas são que a formação tenha todas as condições de continuar além de 2017, ainda mais quando claramente se vai transformando também num conjunto a ter em conta para as grandes voltas e não só para sprints ou provas de um dia.

Desde que chegou ao ciclismo que a Orica mudou a forma das equipas interagiram com os seus adeptos. Com uma utilização perfeita das redes sociais, o conjunto australiano rapidamente se tornou popular pela forma como mostra o outro lado do ciclismo, o lado fora dos momentos competitivos em estrada. Não é a única que agora o faz, mas marcou pela diferença e a internet tornou-se um meio das equipas "venderem" de forma muito eficaz os seus patrocinadores. E é precisamente essa forma de estar da Orica que poderá convencer com maior facilidade uma empresa em apostar na equipa: além dos resultados, está constantemente a mostrar-se aos adeptos com vídeos, fotografias e o que mais se lembrarem para apelar à atenção dos adeptos.


Com ciclistas jovens de talento, como Johan Esteban Chaves (segundo no último Giro), os irmãos Yates, para apostarem nas três semanas, com os homens rápidos como Michael Matthews e Caleb Ewan, além da experiência de Simon Gerrans e Michael Albasini, a equipa australiana tem uma estrutura que tem tudo para continuar no World Tour.

Perante uma má notícia, a postura da GreenEDGE (o nome com que começou a equipa) é de confiança - tanto no projecto masculino, como no feminino que têm sido muito importantes na Austrália -, num futuro sempre tão incerto no mundo dos patrocínios ao ciclismo. Um pouco de optimismo, para variar.

Mais notas optimistas

Para contrariar o pânico lançado (ou que tentou lançar) Oleg Tinkov, a BMC e a Katusha também revelaram que estão no World Tour para ficar. O dono da Tinkoff - que tudo indica fechará mesmo a equipa no final do ano - afirmou recentemente que as duas formações iriam terminar em breve. Ora a BMC já garantiu que apesar das renovações do patrocínio estarem a ser feitas anualmente, o projecto é para manter. Já a Katusha prepara-se para anunciar um segundo patrocinador, ou seja, mais dinheiro para uma equipa que aposta em Ilnur Zakarin e procura um substituto para Joaquim Rodríguez.

A Tinkoff sai acompanhada pela IAM, mas as declarações da Orica-GreenEDGE, BMC e Katusha comprovam que apesar da gestão do ciclismo precisar de mudanças, a paixão pela modalidade, juntamente com o potencial que tem em ajudar a projectar nomes de patrocinadores, vai permitindo a sobrevivência deste desporto. Como sempre tem acontecido.

Porém, se os anúncios da BMC e Katusha, assim como o optimismo da Orica-GreenEDGE, além dos rumores de uma nova equipa liderada por Alberto Contador e a eventual entrada de um projecto made in Bahrain, serem tudo provas que o ciclismo sabe enfrentar as dificuldades de uma crise, aguarda-se que a UCI revele como será o futuro a curto-prazo. Mas espera continua...

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