(Fotografia: Facebook Team Cofidis) |
A notícia é um choque para Cofidis e para os próprios franceses que viam em Bouhanni um forte candidato, a par de Bryan Coquard (Direct Energie), a conquistar vitórias ao sprint frente a Marcel Kittel, André Greipel e Mark Cavendish. Era também apontado como um dos que lutariam pela camisola verde dos pontos. Bouhanni acaba por ser vítima do seu próprio feitio. Já se conhece o seu lado lutador, não o esconde na estrada. Já se sabe também que pratica e gosta muito de boxe - até dedicou uma vitória de etapa no Dauphiné a Muhammad Ali -, mas "praticar" em alguém acabou por lhe custar mais um Tour. No ano passado já tinha sofrido uma aparatosa queda nos Nacionais que quase o tiraram da Volta a França. Recuperou, mas há quinta etapa foi para casa, depois de mais um queda.
A Cofidis leva as mãos à cabeça. O ano foi a pensar no Tour e em Bouhanni e, por isso, Didier Rous, director desportivo da equipa francesa, não hesitou em considerar a ausência da estrela da equipa uma "catástrofe". A versão dos acontecimentos de sábado à noite foram partilhados pela Cofidis, que acredita que quando o ciclista foi ao hospital após a agressão, este não recebeu o tratamento adequado. No domingo, mesmo após a desistência dos Nacionais, a Cofidis divulgava que Bouhanni estaria na Volta a França. Porém, a infecção que surgiu depois e a cirurgia necessária para tratar da mão, mais os tratamento que ainda terá de receber, colocou um ponto final no principal objectivo do ano para a equipa, que viu Bouhanni ter um problema na corrente que o tirou da luta no sprint da Milano-San Remo, monumento conquistado pelo rival Arnaud Démare (FDJ).
Recuando àquele sábado, o grupo estaria a fazer barulho no quarto de hotel ao lado do de Bouhanni, já de madrugada. O ciclista apelou que acabassem com o barulho e um homem alcoolizado tentou agredir o francês, que respondeu e acertou um murro na pessoa. Mais uma vez, esta foi a versão divulgada pela Cofidis.
Bouhanni reagiu a uma situação como se calhar muitos o variam, ao tentar que as pessoas fizessem pouco barulho. Mas certamente que a Cofidis já pensa se tudo não deveria ter sido tratado de outra maneira, por terceiros (segurança ou responsável do hotel?) e não um confronto directo com potencial para acabar mal. Um incidente que só pode ser considerado de ridículo pode ter arruinado o Tour para a equipa.
Didier Rous admite que será uma Volta a França difícil para a Cofidis, construída a pensar em Bouhanni. Nicolas Edet é um homem com características completamente diferente. Será mais a pensar numa boa classificação na geral ou talvez uma etapa, mas até Rous sabe que a equipa corre sérios riscos de passar ao lado da competição onde mais precisa de se mostrar.
Bouhanni é uma forte aposta financeira da Cofidis e era no Tour que tinha a responsabilidade de rentabilizar uma boa parte dessa aposta. Dois anos na equipa e nenhuma vitória na Volta a França. Dada a razão da ausência, Bouhanni estará sobre pressão para alcançar bons resultados até ao final do ano. 2016 até estava a ser positivo, apesar da desclassificação numa etapa do Paris-Nice, quando encostou Michael Matthews às grades, e de umas cabeçadas no Critérium du Dauphiné: soma sete vitórias de etapas, quatro em provas World Tour. Porém, um murro tirou-o da Volta a França... um murro...
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