(Fotografia: Flickr - Brian Townsley) |
Simon Yates juntou-se à lista dos "embaraçados". Uma lista composta por ciclistas apanhados em casos de doping com contornos estranhos e muitas vezes ridículos. É o caso do britânico. Uma análise feita durante o Paris-Nice detectou uma substância utilizada num medicamento para a asma, que o médico da Orica-GreenEDGE deu a Yates... e esqueceu-se de avisar! Um médico de uma equipa profissional, ciente de todos os problemas e desconfiança que afectam o ciclismo, ciente de como pode ser rigoroso o controlo anti-doping, esqueceu-se de alertar que um ciclista de uma equipa World Tour estava a tomar um produto com uma substância que está na lista das proibidas...
A terbutalina tramou Yates e o próprio admite que este caso de doping marcará a sua carreira. Em qualquer grande resultado que alcance, haverá sempre esta mancha no currículo de um ciclista visto como uma das grandes promessas britânicas. Poderá dizer-se que é injusto, ainda mais quando parece ter sido um "descuido" que nem foi da responsabilidade do corredor. Mas o "bife à Contador" acompanhará para sempre um dos grandes nomes da modalidade e até Rui Costa, quando se sagrou campeão do mundo, não se livrou de quem recordasse que já tinha tido um controlo positivo - em 2010 -, mesmo que tenha sido considerada uma dopagem involuntária. Por mais insignificante que possa ser, nenhum ciclista consegue apagar a suspeita depois de acusar positivo. Há sempre alguém que não deixará esquecer.
Foi precisamente desse tipo de dopagem involuntária de que Yates foi acusado. Por isso, a UCI optou por uma pena leve, de apenas quatro meses de suspensão. O suficiente para tirar Yates da Volta a França, onde deveria fazer dupla com o irmão gémeo, Adam, no ataque à geral. O castigo vigora até 11 de Julho.
"Haverá uma suspeita sobre o meu nome, nos resultados que alcancei e em glórias futuras", escreveu Simon Yates, que aos 23 anos mostra maturidade suficiente para saber que mesmo quanto tiver 33 anos, este controlo positivo será recordado. Sabe que ganhou uma fama indesejada. O próprio admite estar embaraçado e de como contribuiu, mesmo de forma involuntária, para mais uma situação de doping que tanto tem prejudicado a modalidade.
Quando a UCI divulgou que Simon Yates tinha acusado terbutalina, a Orica-GreenEDGE apressou-se a assumir a responsabilidade. Acreditando na versão da equipa australiana e que Yates de nada sabia e que a substância foi para tratar a asma, suspensão por doping involuntário acaba por ter um carácter de abrir os olhos ao ciclista em causa. Yates confiou no médico da equipa e é assim que deve ser. No entanto, num desporto tão escrutinado, o britânico aprendeu que ele próprio tem de controlar todos os aspectos da sua carreira ao mais pequeno pormenor. Mais do que nunca está proibido de ser alvo de outros "descuidos".
Sem comentários:
Enviar um comentário