5 de maio de 2018

Viviani colossal no dia em que Rohan Dennis vestiu a camisola que lhe faltava

(Fotografia: Giro d'Italia)
"Que barbaridade", lia-se no Twitter logo após a vitória de Elia Viviani na segunda etapa da Volta a Itália. Talvez seja a melhor palavra para definir o sprint do italiano. Poder-se-ia dizer impressionante, fantástico... mas nada parece encaixar no que Viviani fez. Aos sprinters da Quick-Step Floors ganhar não chega. Têm tendência a dizer aos adversários: "Olhem para as minhas costas!" Fernando Gaviria já está habituado a fazê-lo e Marcel Kittel também era a potência em pessoa (agora ainda a procura reencontrar na Katusha-Alpecin). Viviani era um sprinter de qualidade, mas esta mudança para a equipa belga tornou-o num sprinter temível. De candidato, a favorito no espaço de meses e já com uma vitória que há um ano não teve possibilidade de sequer lutar por ela, com a Sky a deixá-lo de fora de todas as grandes voltas.

Foi só o primeiro sprint do Giro101, mas tendo em conta o passado recente, aqui fica uma história da Quick-Step Floors: dominou no Giro passado com Fernando Gaviria, no Tour com Kittel e depois com Trentin na Vuelta. Será a vez de Viviani? E já são 28 triunfos em 2018. Sete para Viviani, que não escondeu que se sentia sob pressão por ser o líder da equipa, que não apostará na geral e estará mais ao seu serviço. Agora sentir-se-á mais livre. Vamos ver o que isso significará...

Por momentos, uns momentos fugazes, Jakub Mareczko acreditou que finalmente iria ganhar na Volta a Itália. Mas foi uma "barbaridade" de sprint de Viviani, que a certa altura até nem estava com o seu comboio e colou-se a Sam Bennett, da Bora-Hansgrohe (fez terceiro). Mareczko ganhou uma ligeira vantagem, até que Viviani arrancou e passou por todos como se estivesse no mais potente dos carros desportivos, contra o mais normal veículo citadino! Ainda assim, este jovem Mareczko (24 anos), da Wilier Triestina-Selle Italia, demonstra cada vez mais um tremendo potencial. No ano passado fez dois segundos lugares no Giro, agora soma mais um. Vai rondando as vitórias, mas frente a este Viviani, era impossível fazer melhor.


Muito público em Israel para apoiar o pelotão do Giro
(Fotografia: Giro d'Italia)
A história da etapa foi quase totalmente a esperada. Só Rohan Dennis destoou um pouco. Houve uma fuga, a luta pela primeira camisola da montanha - ficou para Enrico Barbin (Bardiani-CSF) -, Guillaume Boivin mostrou a camisola da equipa da casa, com a Israel Cycling Academy a começar a tentar procurar aparecer na corrida. Pelo meio, Rohan Dennis foi buscar uma camisola que na sexta-feira lhe tinha escapado por dois segundos. "Atirou-se" às bonificações durante a etapa que ligou Haifa a Telavive (167 quilómetros) e ficou com a maglia rosa por um segundo. Nada que incomode Tom Dumoulin (Sunweb), que tem intenções de lutar por ela quando chegar a montanha. O próprio admitiu que seria um desnecessário despender de forças nesta fase da prova. Já para a BMC é um pormenor importante, numa altura em que perdeu o seu dono e mentor, Andy Rihs - morreu recentemente - e quando o futuro da estrutura não está garantido para 2019.

Para Dennis é um "pormenor" ainda mais relevante, pois aos 27 anos tornou-se num ciclista que já vestiu as camisolas de líder das três grandes voltas. A maglia rosa junta-se à amarela do Tour de 2015 e à vermelha da Vuelta de 2017. Em ambas as situações só as envergou durante um dia, depois de as conquistar nos contra-relógios inaugurais.

Porém, mesmo de rosa, é difícil ver Dennis como o candidato que não há muito tempo afirmou querer ser, quando iniciou o plano para se tornar num voltista ao nível dos melhores. Esta subida à liderança do australiano significou que não foi desta que o plano de José Azevedo resultou. O director da Katusha-Alpecin quer tentar colocar ou o português José Gonçalves ou o britânico Alex Dowsett no primeiro lugar. Depois do excelente contra-relógio de ambos, são agora 13 e 17 segundos, respectivamente, que os separam de Dennis. Ainda houve tentativas de tentar surpreender o pelotão já perto do final, mas este ano estavam todos atentos (em 2017, Lukas Pöstlberger, da Bora-Hansgrohe, ficou de rosa depois de escapar aos sprinters, quando tentava deixar bem colocado o seu). O objectivo de Gonçalves e Dowsett, ou eventualmente de Tony Martin (a 28 segundos) mantém-se para os próximos dias, com a alta montanha a chegar apenas na sexta etapa, com a subida ao Etna.

Quanto às restantes camisolas, a Quick-Step Floors juntou a dos pontos à da juventude. Elia Viviani está agora com a maglia ciclamino, com a branca a continuar com Max Schachmann.  A Katusha-Alpecin lidera por equipas (pode ver aqui as classificações completas).

Siutsou poderá ficar afastado das corridas durante três meses

(Imagem: print screen)
"Agora vou ver o Giro na televisão!" Kanstantsin Siutsou foi o mais azarado dos ciclistas que sofreram quedas no percurso do contra-relógio inaugural da Volta a Itália. Tal como Chris Froome e Miguel Ángel López, o bielorrusso caiu ainda no reconhecimento. A fractura na vértebra poderá afastar o ciclista da competição durante três meses, mas Siutsou garantiu que tudo fará para tentar regressar o mais rapidamente possível.

A aventura por Israel neste arranque da grande volta correu mal para Siutsou, que regressará a Itália para fazer mais exames médicos. "É uma enorme desilusão para mim e para a equipa. Eu estava em boa forma e estava pronto para apoiar a minha equipa e para dar o meu melhor. Infelizmente o Giro acabou para mim", desabafou num vídeo publicado pela Bahrain-Merida. E é de facto uma baixa de peso para Domenico Pozzovivo, o líder da formação neste Giro. Aos 35 anos, Siutsou vinha de uma vitória na Volta à Croácia e é na Volta a Itália que tem as melhores recordações em provas de três semanas. Venceu uma etapa em 2009 e foi top dez em 2011 (9º) e 2016 (10º).

Etapa 3: Berseba-Eilat, 229 quilómetros


Etapa mais "acidentada" do que a de sábado o que levará os homens que gostam de andar em fugas a arriscar a sorte. No entanto, as equipas dos sprinters estarão atentas, para garantir que seja mais um dia para os homens mais rápidos do pelotão. Segunda-feira será dia de descanso para que seja feita a viagem para Catania, na Sicília, para o arranque do Giro "em casa", no dia seguinte.

Aqui ficam alguns pormenores da segunda etapa e o sprint de Viviani é para ver e rever.

 


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