(Fotografia: Giro d'Italia) |
As medidas de segurança estarão no máximo, como não se esperaria outra coisa, com toda uma logística a ser preparada para estes três dias de forma a proporcionar às equipas o conforto que necessitam, visto que não se deslocaram para Israel com a habitual "casa às costas": autocarros, camiões com os materiais e carros de apoio ficarão em Catania à espera que o pelotão e staff regressem na segunda-feira, primeiro dia de folga, dada a distância que terão de viajar. A corrida em Itália arranca na terça-feira. Estes transportes serão fornecidos em Israel.
Segundo a Gazzetta dello Sport, todo o material imprescindível para competir, assim como o necessário para a organização do evento, foi transportado num avião de carga, um Boeing 747. Para se ter uma ideia, o jornal italiano refere que estariam previstas viajar cerca de 880 bicicletas, qualquer coisa como cinco por cada ciclista (três de estrada e duas de contra-relógio)! As equipas também receberam mais dinheiro de forma a compensar custos adicionais.
Desportivamente, o director da corrida, Mauro Vegni, concretizou um desejo: ter Chris Froome na Volta a Itália. O problema foi que pouco depois foi conhecido o positivo por salbutamol, ou seja, o britânico excedeu a quantidade permitida durante a Vuelta. Em pouco tempo, passou-se de falar num possível feito no ciclismo, ao alcance apenas de algumas grandes figuras - ganhar três corridas de três semanas consecutivas - para o possível pesadelo de ver um vencedor perder essa consagração, como aconteceu com Alberto Contador em 2011. Vegni garante que tal não acontecerá, enquanto Froome bate na tecla que as regras permitem-no competir. Contudo, o seu rival e o maglia rosa de 2017, Tom Dumoulin, já meteu mais achas na fogueira, dizendo que se fosse ele a estar nesta situação, não estaria no Giro.
Um dos desafios da Volta a Itália passa então por não se passar o tempo a falar de Froome e o salbutamol. Depois de no ano passado Dumoulin (Sunweb) não ter feito nem o Tour, nem a Vuelta, o esperado embate entre os dois ciclistas vai então dar-se no Giro. Lideram a lista de candidatos, que conta também com Thibaut Pinot (Groupama-FDJ), recente vencedor da Volta aos Alpes e que no ano passado esteve muito bem no Giro. Este ano não haverá Nairo Quintana, mas da Colômbia chegam sérios candidatos, com Miguel Ángel López (Astana) à cabeça e com Johan Esteban Chaves (Mitchelton-Scott) à procura de regressar aos melhores momentos da carreira.
Os tifosi olham com esperança para Fabio Aru, mas o ciclista da UAE Team Emirates não convenceu na Volta aos Alpes. Porém, o campeão transalpino não é de atirar a toalha ao chão e está na corrida que muito queria em 2018, apesar da nova equipa ter estado tentada a levá-lo antes ao Tour. Poderá ainda ir, mas ganhar o Giro é o objectivo inicial de uma temporada que quer que termine como campeão do mundo, em Innsbruck. Gianluca Brambilla (Trek-Segafredo) poderá ser um animador de algumas etapas, enquanto Davide Formolo (Bora-Hansgrohe) quer começar a afirmar-se. Domenico Pozzovivo está a viver uma nova fase da carreira aos 35 anos. Depois do pódio na Volta aos Alpes, o líder da Bahrain-Merida para o Giro receberá mais atenção do que se calhar se esperaria no início da época.
As camisolas em disputa no Giro101 (Fotografia: Giro d'Italia) |
Quanto à geral, outros ciclistas que se colocam pelo menos como outsiders e certamente candidatos a um top dez, temos George Bennett (Lotto-Jumbo), Carlos Betancur (Movistar), Louis Meintjes (Dimension Data), Simon Yates (Mitchelton-Scott), Tim Wellens (Lotto Fix ALL) e Michael Woods (EF Education First-Drapac p/b Cannondale). A BMC terá Rohan Dennis e também Nicolas Roche. O irlandês já avisou que não estará no Giro para marcar apenas presença. Quanto ao australiano, Dennis, tem novamente a oportunidade para mostrar que é o tal voltista que diz que está num plano para vencer em breve uma grande volta. Ainda não convenceu... Pode ser que seja desta...
Depois temos aqueles ciclistas que podem começar a dar nas vistas e que até têm uma classificação da juventude à sua espera. Já se falou de Ciccone, com Sam Oomen (Sunweb), Richard Carapaz (Movistar) e também Ben O'Connor (Dimension Data), que entra nesta lista após a excelente vitória numa etapa na Volta aos Alpes. Atenção a Jan Hirt, o checo, que já não poderá contar para a camisola branca, foi uma das revelações do Giro100, então na CCC Sprandi Polkowice. Agora surge numa Astana muito ambiciosa.
Com a Volta a Itália a começar em Israel, então era mais do que provável que a equipa Profissional Continental daquele país recebesse um dos convites. A Israel Cycling Academy, que esteve na última Volta a Portugal e venceu a classificação da juventude com Krists Neilands, reforçou-se a pensar nesta possibilidade, que se confirmou. Ben Hermans e o sprinter Kristian Sbaragli são duas das figuras, ao lado de um experiente Rubén Plaza. Porém, Neilands tem tudo para "roubar" algumas atenções. Tem estado muito activo neste início de temporada, pelo que não será de admirar que o letão esteja a apontar a ser o melhor jovem. Ou pelo menos a estar na luta, mas temos de ter em conta que será a sua primeira grande volta. Ganhar uma etapa e uma classificação secundária seria a todos os níveis brilhante para esta estrutura que levará dois israelitas: Guy Sagiv e Guy Niv.
E não esquecer: José Gonçalves é o único português presente, com a Katusha-Alpecin a surgir sem um líder indiscutível. Isto poderá significar que, ao contrário de 2017 em que esteve sempre ao lado de Ilnur Zakarin, talvez se veja Gonçalves ao ataque, como tanto gosta. A equipa está a precisar de vitórias, pelo que lutar por etapas deverá ser o principal objectivo.
(Texto continua em baixo do vídeo)
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Etapas imperdíveis
O contra-relógio de 9,7 quilómetros desta sexta-feira (imagem em baixo) poderá marcar algumas diferenças, mas sem que algo fique decidido (seria mau de mais sendo apenas a primeira etapa). Já o da 16ª de 34,5 quilómetros será bem diferente. Aqueles que têm mais dificuldades nesta especialidade têm salientado a importância de tentar ganhar tempo na montanha de forma a defenderem-se quando chegar esta etapa. Dumoulin e Froome levarão sempre vantagem, mas se pode ajudar a definir parte da classificação geral, não a deverá fechar, visto que depois ainda faltarão etapas importantes.
Na sexta etapa vamos até ao Etna. Há sempre potencial para que se comecem a fazer diferenças. Porém, há um ano criou-se tanta expectativa e depois os favoritos ficaram todos sossegados, pois o vento não permitiu loucuras. Porém, se as condições meteorológicas foram melhores, eis uma altura para começar a testar os candidatos.
As etapas do fim-de-semana de 12 e 13 de Maio (tiradas 8 e 9) serão duas chegadas em alto, ainda que a de sábado talvez sirva de aperitivo para a de domingo. Nesse dia serão três subidas categorizadas, com a meta em Gran Sasso d'Italia. 26,5 quilómetros a subir, com a parte final a chegar aos 13% de pendente.
Durante a semana haverá pontos de interesse, mas muito se aguardará novamente por um fim-de-semana de pura montanha. No sábado serão cinco subidas categorizadas, com a última no Monte Zoncolan. Média de 11,9% nos seus cerca de 10 quilómetros de ascensão, com as máximas a atingir os 22%. No domingo haverá a oportunidade de perceber como estão os ciclistas numa etapa curta - 176 quilómetros - sempre a subir e descer. Uma distracção e qualquer plano para o Giro poderá ficar estragado.
A tripla decisiva chega entre a etapa 18 e 20. Na 19 (25 de Maio) teremos a Cima Coppi (ponto mais alto do Giro) no Colle delle Finestre. Depois, ainda esperam pelos ciclistas mais duas subidas duras, mas atenção às descidas, tanto nesta etapa, como na seguinte. Mais uma vez, a descer podem fazer-se diferenças mais importantes do que propriamente a subir, principalmente se as forças estiveram muito equiparadas.
No Giro100, o contra-relógio fechou a corrida para que na edição centenária houvesse luta até final. Porém, em 2017 regressa a etapa de consagração, com Roma à espera do pelotão. Início em Jerusalém, final em Roma... Por isso lhe chamaram o "Giro Santo".
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