(Fotografia: © Astana) |
Quando Alexander Vinokourov ficou de tal forma zangado com a saída de Fabio Aru da Astana, que chegou a ameaçar processar o italiano por, ao avisar tão tarde, já não ser possível contratar alguém para o seu lugar, Miguel Ángel López certamente que percebeu que o seu momento tinha chegado. O colombiano não se pode queixar de faltas oportunidades, mas aos 24 anos tem a de ser um líder quase sem discussão para as grandes voltas. Quase, porque Jakob Fuglsang ainda vai reclamando este estatuto que acabou por não surgir no ano passado. Sem Aru, ambos estão a ter a temporada que desejam, no papel que queriam.
Para López será a época em que quer colocar-se definitivamente entre os melhores. No final de 2016 partiu uma perna e 2017 ficou praticamente arruinado. Só para que não houvessem dúvidas que o Super-Homem, como o chamam, é mesmo um caso sério no ciclismo, o ciclista foi à Vuelta ganhar duas etapas e fechar na oitava posição.
Não foi preciso esperar por López este ano para ver a Astana responder à perda de mais um dos líderes. Antes de Aru, tinha sido Vincenzo Nibali a sair. Toda a equipa parece que se libertou. 14 vitórias, metade no último mês... E a pensar que há um ano tinha um triunfo e, ainda pior, chorava a morte de Michele Scarponi. O malogrado ciclista tornou-se numa inspiração, constantemente recordado na Volta aos Alpes, prova na qual tinha conquistado a primeira etapa em 2017. Este ano a Astana venceu três, uma por López que ainda fechou o pódio.
Agora a equipa cazaque quer levar este momento de forma até ao Giro. López assume que vai para lutar pela geral. Um bom lugar na geral. É realista. Não se quer equiparar para já a um Chris Froome ou Tom Dumoulin. Admite que tem trabalhado o contra-relógio, mas considera que ainda poderá perder mais de dois minutos nesta especialidade. Há então que apostar na montanha. É um ciclista jovem, mas já demonstra grande maturidade. Não fala em loucuras, apenas em fazer o que realmente pode.
E o que pode fazer? É um daqueles trepadores que é impossível não se gostar. Não tem problemas em atacar e por norma sabe escolher bem o seu momento. A sua mudança de velocidade tem potencial para causar grandes problemas. Quando resulta, López parece que voa para a meta. Se há ciclista que se quer ver neste Giro, sem dúvida que o colombiano está praticamente no topo da lista.
Antes de viajar para Israel, onde na sexta-feira começará a 101ª edição da Volta a Itália, Miguel Ángel López admitiu que ainda não estava na forma física desejada, mas considerava que talvez o que falte agora, significa que será o que terá na terceira e decisiva semana.
Ao lado do colombiano estará Pello Bilbao, Jan Hirt (que no ano passado foi uma das figuras do Giro ao serviço da CCC Sprandi Polkowice), Tanel Kangert, Alexey Lutsenko, Luis Leon Sanchez, Davide Villella e Andrey Zeits. Este é um bloco que se poderia dizer que não está ao nível de um da Sky, por exemplo. Porém, as corridas em 2018, sejam por etapas ou nas clássicas, têm demonstrado como a equipa funciona bem. Nas fases decisivas conseguiu ter três ou quatro ciclistas quando outras muitas vezes já só tinham os líderes, se tanto. Esta Astana tem capacidade não só para proteger muito bem López, como ainda se pode dar ao luxo de apostar em ganhar algumas etapas. E tendo em conta esta vontade insaciável de somar vitórias, é caso para dizer, cuidado com ela!
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