8 de maio de 2018

"Sou o irmão do Sérgio, mas deram-me valor como o Pedro"

Ter a oportunidade de estar ao lado do irmão foi especial. Porém, para Pedro Paulinho, a mudança para a Efapel deu-se principalmente porque lhe foi oferecida a possibilidade de ser ele próprio e não pelos laços familiares com um dos ciclistas que marca a história da modalidade em Portugal. Agradece ao Louletano pelo ano que lá passou, realçando como foi muito bem tratado, mas não esconde: "Na Efapel há um ambiente no qual me revejo como pessoa." E acrescentou: Sou o irmão do Sérgio, mas deram-me valor como o Pedro, deram-me o valor que eu merecia e senti-me em casa."

Depois de uma passagem de poucos meses na estrutura italiana da Ceramica Flaminia-Fondriest, na qual foi colega de Rafael Reis, Pedro Paulinho encontrou estabilidade para o arranque da sua carreira profissional na LA Alumínios-Antarte. Foram quatro anos na equipa até que esta terminou. Então, o irmão, Sérgio, já era um medalhado olímpico (prata nos Jogos de Atenas 2004) e um dos mais destacados gregários do pelotão internacional, com vitórias em etapas no Tour e na Vuelta. Pedro fez o seu caminho, mesmo que o apelido nunca passasse despercebido. Há que recordar que são dez anos de diferença entre os irmãos. Sprinter por excelência, Pedro tornou-se também ele num homem de trabalho, mas aos 27 anos está determinado em conquistar uma grande vitória. Por ele e, claro, pela Efapel, pois nunca deixa de falar no colectivo, apesar dos objectivos pessoais.

"O problema dos sprinters são as montanhas e em Portugal é sempre complicado encontrar etapas planas. Mesmo na Volta ao Alentejo começa a haver muitas subidas, mas a vida de sprinter é assim e temos de saber dar a volta", salientou ao Volta ao Ciclismo. "O objectivo pessoal é sempre a Volta a Portugal. Mesmo que não sejamos chamados, temos de estar sempre bem. No ano passado fui chamado a dois dias do início. Por acaso tinha-me aplicado bem e isso serviu-me de exemplo", recordou o ciclista, que recebeu a convocatória à última hora para substituir Luís Mendonça, que tinha sofrido uma agressão durante um treino, tendo fracturado o braço.

Contudo, Pedro Paulinho tem no seu pensamento mais do que a Volta. Está à espera de conhecer o percurso dos Nacionais, gostaria de apontar a uma etapa no Troféu Joaquim Agostinho e... "Vão haver coisas novas. Vamos ver como corre", disse. "Acho que já deixei a minha marca, mas uma vitória importante como na Volta a Portugal, no Joaquim Agostinho, Nacionais... sinto que posso alcançá-la, mas é preciso aquela sorte de atleta e às vezes não temos isso. Mas temos de continuar a procurá-la e é o que tenho feito", realçou.


"Esta equipa tem sempre pressão, porque é uma equipa que ganha e não vai ficar à espera dos outros. Nós próprios metemos a pressão de que queremos ganhar. A grandeza da Efapel está aí"

E a sorte foi algo que toda a Efapel andou em busca na primeira fase da temporada. Apesar de colocar ciclistas na luta, a vitória só chegou na Clássica Aldeias do Xisto. Para Pedro Paulinho é o espírito de equipa que faz a diferença nesta estrutura. "Eram só azares atrás de azares, mas sempre dissemos que a sorte haveria de chegar e vencemos na Clássica Aldeias do Xisto. Foi muito bom vencer em casa, mas o importante é a união. Mesmo que não ganhemos, na corrida seguinte estamos lá para lutar novamente", afirmou. Paulinho deixou ainda um alerta ao que podem continuar à espera da Efapel: "Esta equipa tem sempre pressão, porque é uma equipa que ganha e não vai ficar à espera dos outros. Nós próprios metemos a pressão de que queremos ganhar. A grandeza da Efapel está aí."

O ciclista recordou como os primeiros contactos para uma eventual mudança para esta equipa aconteceram há dois anos. No entanto, o se ter proporcionado este ano poderá ter tido alguma influência de Sérgio Paulinho... "Se calhar o meu irmão também foi uma pequena ajuda", admitiu, acrescentando de imediato: "É um sonho realizado correr na mesma equipa que o irmão... se calhar do próprio ídolo!"

A recuperar a melhor forma depois de uma lesão e de uma gripe que não ajudou nada, Paulinho acredita que está a corresponder com tudo o que lhe é pedido na Efapel. "Tento ajudar o máximo possível. A equipa está muito bem servida. Quando são as etapas de montanha ajudo em ir buscar água e na colocação [dos colegas]. É um trabalho invisível, mas essencial", referiu, esperando agora por aquela oportunidade de ele próprio dar uma vitória à Efapel.

Paulinho falou ainda de como sente que nesta equipa tem "uma maior responsabilidade" tendo em conta "a importância que a Efapel tem no ciclismo português" e reitera o ambiente que tanto o cativa entre ciclistas e staff: "Quero mostrar o meu valor. Este espírito de grupo motiva-me a procurar ainda mais as vitórias e se não conseguirmos, continuamos a tentar... É esse espírito que eu gosto e acho que estou na equipa ideal."

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