(Fotografia: Giro d'Italia) |
Simon Yates volta a demonstrar que perante as contrariedades só há uma forma de reagir: ganhando. A mensagem mais poderosa que poderia passar era que continua forte. Muito forte, mesmo depois de ter visto Johan Esteban Chaves acumular mais de 25 minutos num só dia e de ver a táctica da Mitchelton-Scott ser forçada a mudar. Pode ter perdido para a luta pela geral o companheiro que permitiria jogar com dois ciclistas, mas Yates sozinho está a dar conta do recado. Sozinho quando chega o momento de ser ele a mexer com a corrida, porque até então, a equipa demonstra que continua unida e com capacidade para defender aquela preciosa maglia rosa.
O britânico venceu a sua segunda etapa neste Giro e mais uma vez com autoridade (só não tem três porque não quis tirar o triunfo a Chaves no Etna). Nem era a sua intenção. Yates queria aproveitar aquela rampa final - que chegou a ter 16% de pendente, além do pavé para complicar um pouco mais as coisas - para ganhar mais uns segundos, pois continua a pensar como precisa de ganhar tempo para se distanciar principalmente de Tom Dumoulin. Porém, Zdenek Stybar (Quick-Step Floors) não teve força para levar o seu ataque até ao fim e Tim Wellens (Lotto Fix ALL) quando olhou para o lado viu um Simon Yates a subir como se até fosse fácil!
A melhor reacção veio de quem o britânico mais quer ver ao longe. Dumoulin percebeu que não pode estar à espera de recuperar o tempo todo de desvantagem no contra-relógio e foi atrás de Yates, até com ideias de tentar vencer a etapa em Osimo. O holandês é mais de impor um ritmo certinho nas subidas do que fazer grandes acelerações, mas o líder da Sunweb conseguiu uma mudança de velocidade que ainda deixou Yates a olhar para trás para ter a certeza que estava mesmo a ver Dumoulin a persegui-lo. Só perdeu dois segundos na estrada, mais quatro nas bonificações, que ambos alcançaram.
Enquanto Dumoulin recebeu um extra para a sua motivação ao conseguir não deixar escapar em demasia Yates (está a 47 segundos), o britânico não esconde que são más notícias para ele ver o rival a dar sinais de melhoria de forma. "Teria preferido ganhar mais tempo ao Tom [Dumoulin]. Ele esteve mesmo a perseguir-me todo o caminho até ao fim. Ele parece estar melhor do que no outro dia nos finais em alto. Penso que ele está a melhorar com o decorrer da corrida e isso não são boas notícias para mim", admitiu Yates.
Até esta 11ª etapa era Thibaut Pinot quem estava a apresentar-se como a maior ameaça. mas Dumoulin começa a aparecer e numa boa altura. No próximo sábado, na subida ao Zoncolan, não haverá margens para falhar. Será um dia em que os candidatos terão de estar no seu melhor para não deitar tudo a perder. Esta exibição de Dumoulin, vencedor do Giro de 2017, é mais um motivo de espectáculo numa corrida que tem Simon Yates como o senhor da Volta a Itália até agora, mas, como a etapa de terça-feira demonstrou com a quebra de Chaves, tudo pode mudar num instante.
Yates pensa muito no contra-relógio da 16ª etapa e esta obsessão está a permitir que todas as etapas com montanha tenham espectáculo. Não há controlos excessivos, não há esperas por aquela ou outra tirada. Todas são boas para ganhar tempo, logo a postura de ataque está a fazer deste Giro uma corrida com emoção e muito interessante.
E o mais difícil ainda está para vir. A dúvida do britânico é se irá contar com Chaves. O colombiano perdeu hoje mais quase cinco minutos e continua a dizer que não sabe o que lhe aconteceu na etapa de ontem. Já recuperou um pouco o seu sorriso, resignado com o adeus à geral, mas a Mitchelton-Scott estará ansiosa por perceber se o seu ciclista, um dos candidatos à partida para este Giro, poderá pelo menos ser uma ajuda importante para Yates.
E o mais difícil ainda está para vir. A dúvida do britânico é se irá contar com Chaves. O colombiano perdeu hoje mais quase cinco minutos e continua a dizer que não sabe o que lhe aconteceu na etapa de ontem. Já recuperou um pouco o seu sorriso, resignado com o adeus à geral, mas a Mitchelton-Scott estará ansiosa por perceber se o seu ciclista, um dos candidatos à partida para este Giro, poderá pelo menos ser uma ajuda importante para Yates.
E agora Froome?
Mais 40 segundos perdidos na estrada, mais os dez de bonificação que Yates teve. 3:20 minutos de desvantagem e a queda para fora do top dez (12º). Já se viram coisas incríveis no ciclismo, mas começa a parecer de mais para Chris Froome pensar na vitória no Giro. Mesmo o pódio está a ficar longe. O líder da Sky não está bem. Mais uma vez não conseguiu sequer reagir minimamente ao ataque de Yates, nem às resposta de Dumoulin e de outros adversários, como Domenico Pozzovivo (Bahrain-Merida) ou Thibaut Pinot (Groupama-FDJ), que não perderam muito tempo (cortaram a meta oito segundos depois de Yates).
Um possível abandono de Chris Froome vai ganhando força. Vencer o quinto Tour continua a ser o principal repto da carreira do britânico, pelo que desgastar-se por um resultado que não seja, no mínimo, o pódio, é algo a ponderar. O ciclista vem agora dizer que a queda que sofreu no reconhecimento do percurso do contra-relógio inaugural do Giro deixou marcas e que ainda tem dores no lado direito do corpo. No entanto, são as pernas que mais parecem não estar como desejaria...
O discurso é, para já, de quem não atirará a toalha ao chão. O Zoncolan, no sábado, será a oportunidade para tentar recuperar algum tempo e depois ir a fundo no contra-relógio, no arranque da terceira semana. Porém, se a perda de tempo continuar, a Sky poderá ver mais uma vez o seu líder para o Giro a não terminar a corrida, como aconteceu no passado com Bradley Wiggins, Richie Porte e Geraint Thomas. A Volta a Itália continua a ser madrasta para a equipa britânica.
Os próximos dois dias são aqueles que os sprinters que resistem vão tentar aparecer. Tentar, porque ambas as etapas têm no final uma subida de quarta categoria, que poderão proporcionar alguns ataques que possam surpreender as equipas dos homens rápidos. Elia Viviani (Quick-Step Floors) venceu as duas etapas em Israel, com Sam Bennett (Bora-Hansgrohe) a ser o mais forte já em Itália. O irlandês quer mais e ainda não desistiu de tentar tirar a camisola ciclamino a Viviani. São 66 pontos os que os separam.
Na tirada desta quinta-feira (imagem de cima), entre Osimo e o Autódromo de Imola (214 quilómetros), a subida chega a ter 10% de pendente máxima. Depois será sempre a descer até à meta, num final que tem todas as condições para ser feito a alta velocidade.
De referir que o português José Gonçalves continua a sua excelente performance na Volta a Itália. Foi 19º, a 36 segundos de Simon Yates, terminando ao lado de ciclistas como Pello Bilbao (Astana) e Ben O'Connor (Dimension Data). Na geral mantém a 20ª posição a 5:21. Pode conferir aqui as classificações do Giro.
»»Chaves nem sabe o que aconteceu. Mitchelton-Scott forçada a mudar a táctica««
»»Os ciclistas pouco falados no Giro««
O discurso é, para já, de quem não atirará a toalha ao chão. O Zoncolan, no sábado, será a oportunidade para tentar recuperar algum tempo e depois ir a fundo no contra-relógio, no arranque da terceira semana. Porém, se a perda de tempo continuar, a Sky poderá ver mais uma vez o seu líder para o Giro a não terminar a corrida, como aconteceu no passado com Bradley Wiggins, Richie Porte e Geraint Thomas. A Volta a Itália continua a ser madrasta para a equipa britânica.
Os próximos dois dias são aqueles que os sprinters que resistem vão tentar aparecer. Tentar, porque ambas as etapas têm no final uma subida de quarta categoria, que poderão proporcionar alguns ataques que possam surpreender as equipas dos homens rápidos. Elia Viviani (Quick-Step Floors) venceu as duas etapas em Israel, com Sam Bennett (Bora-Hansgrohe) a ser o mais forte já em Itália. O irlandês quer mais e ainda não desistiu de tentar tirar a camisola ciclamino a Viviani. São 66 pontos os que os separam.
Na tirada desta quinta-feira (imagem de cima), entre Osimo e o Autódromo de Imola (214 quilómetros), a subida chega a ter 10% de pendente máxima. Depois será sempre a descer até à meta, num final que tem todas as condições para ser feito a alta velocidade.
De referir que o português José Gonçalves continua a sua excelente performance na Volta a Itália. Foi 19º, a 36 segundos de Simon Yates, terminando ao lado de ciclistas como Pello Bilbao (Astana) e Ben O'Connor (Dimension Data). Na geral mantém a 20ª posição a 5:21. Pode conferir aqui as classificações do Giro.
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