(Fotografia: Giro d'Italia) |
Numa recente entrevista, Johan Esteban Chaves disse que passou 2017 a apressar o regresso a uma forma que no ano anterior o tinha colocado no pódio do Giro e Vuelta. A expectativa e confiança era tal para apostar na Volta a França, que depois de um bom início de ano na Austrália, recuperar da lesão no joelho que o afastou da competição durante quatro meses, acabou por se tornar numa missão quase obsessiva para o ciclista e para a própria equipa.
Em 2013, Chaves sofreu uma queda tão grave que só o facto de ter conseguido regressar ao ciclismo foi uma grande vitória. Ainda hoje o colombiano admite como aquele incidente o ensinou a aproveitar melhor tudo o que vive e não se deixar afundar em pressão e stress. Porém, não evitou que a lesão do ano passado o deixasse algo frustrado. Confessou como passou tanto tempo a apressar o regresso à melhor forma, que era difícil afastar a ansiedade por estar constantemente a tentar estar no peso certo, com os todos os números ideais para quem está a este nível no ciclismo. Passou ao lado do Tour, mas na Vuelta deu finalmente mostras que poderiam contar com ele para 2018.
A Mitchelton-Scott optou por regressar à base com Chaves. Vai novamente ao Giro, corrida em que por um dia sonhou com a vitória. Vestiu a maglia rosa que Vincenzo Nibali reclamou para si em 2016. A Volta a Itália poderá fazer muito bem a um ciclista como Chaves. No Tour fica sempre a sensação como a maioria fica presa ao pensamento de ter cuidado para não perder tempo e nem sempre vai tanto à procura de o tentar ganhar. É algo praticamente generalizado. No Giro e Vuelta a mentalidade é um pouco diferente, ainda que vamos ver o que a presença de Chris Froome fará. O colombiano tem uma mentalidade de quem gosta de mexer com as corridas, de quem gosta de andar mais "solto".
Chaves andou a treinar na mesma zona da Colômbia que Quintana tanto gosta: Paipa, na região de Boyacá. Ambos são uma referência no país, mas no currículo de Quintana já só falta o Tour. No de Chaves falta a primeira grande volta. Tem 28 anos, ainda que a rosto de menino sempre a sorrir bem engane. Mas este rosto alegre não esconde um ciclista ambicioso, que sabe que pode estar e ficar de rosa no Giro, ainda que falte saber se será já neste.
Com a excepção da vitória numa etapa do Herald Sun Tour, Chaves nada mostrou até ao momento esta época. A sua concentração tem estado nos estágios. "Se estou melhor do que em 2016? Boa pergunta. Pergunto a mim próprio de vez em quando. Vou ver na Volta a Itália. Às vezes penso que estou melhor do que em 2016, outras vezes não", disse ao Cycling Weekly. Portanto, tal como o seu compatriota, Carlos Betancur (Movistar) ou mesmo o italiano Fabio Aru (UAE Team Emirates) e ainda mais o sul-africano Louis Meintjes (Dimension Data), não se sabe bem o que esperar de Chaves. Mas fazendo crer que o pior já passou e pela motivação de regressar a uma corrida onde foi feliz e quase conheceu a felicidade suprema de a vencer, de Chaves pode-se esperar espectáculo e que vá estar de olhos postos no pódio.
Porém, uma equipa que também leva Simon Yates, não se pode pensar que seja tudo feito apenas para Chaves. A Mitchelton-Scott leva duas armas. Em primeiro lugar, podem ajudar-se mutuamente. Em segundo, se ambos estiverem bem, podem jogar a dobrar para "partir" adversários colectivamente mais fortes. E em terceiro, a estrada ditará quem estará em condições de reclamar a posição de líder.
Nos gémeos Yates recai uma grande esperança por parte dos britânicos. Já se percebeu que quando se fala de classificações da juventude, poucas hipóteses dão, contudo, aos 25 anos, chegou o momento de ir além destas camisolas e dar o salto dos top dez para atacar os pódios. Simon vai estrear-se no Giro. Tem estado mais activo do que Chaves: ganhou uma etapa no Paris-Nice e foi segundo na geral; venceu outra na Volta à Catalunha, ficando à porta do pódio.
Se a Michelton-Scott conseguir gerir os egos e ambições destes dois ciclistas, certo será que vão animar e muito as etapas de montanha do Giro e ter aquela classificação geral debaixo de olho. A ajudá-los estarão: Sam Bewley, Jack Haig, Christopher Juul-Jensen, Roman Kreuziger, Mikel Nieve e Svein Tuft.
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