30 de novembro de 2020

Vozes da experiência mudam de equipa mas continuam a competir


2020 não foi o melhor dos anos para concretizar muitos dos planos! No que diz respeito ao ciclismo, um dos exemplos está a ser o adiamento do final de carreira de alguns atletas. Por cá, Gustavo Veloso já havia dito que queria competir mais um ano (vai para a equipa Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), depois de ficar novamente muito perto de conquistar a sua terceira Volta a Portugal. Entretanto, juntou-se mais um veterano, este com uma carreira internacional de muito respeito: Sérgio Paulinho ainda não vai dizer adeus ao ciclismo. E depois há Tiago Machado. No seu caso, nem se ouve falar de terminar carreira. O que mais quer é continuar a correr, sempre com o seu estilo muito próprio e que o tornam num dos ciclistas mais populares do pelotão nacional.

Em comum, Paulinho e Machado têm o terem optado por regressar às origens. O primeiro vai mudar-se para a LA Alumínios-LA Sport, enquanto o segundo vai novamente trabalhar com José Santos na Rádio Popular-Boavista. Os papéis serão diferentes, mas igual será o prestígio que continuam a trazer ao ciclismo nacional, sendo dois ciclistas com uma longa carreira no estrangeiro.

A Efapel vê sair dois experientes corredores e esta experiência é um ponto muito importante para a LA Alumínios-LA Sport. Esta época, praticamente todos os ciclistas tinham menos de 25 anos, excepção feita a Bruno Silva (32), ciclista contratado precisamente para ser uma voz de comando entre tanta juventude. Sérgio Paulinho já entrou nos 40, tornando-se em mais um exemplo de longevidade na modalidade.

O director desportivo Hernâni Brôco é o primeiro a admitir a relevância de contar com um ciclista com o currículo de Sérgio Paulinho. Mas claro, não significa que não esteja aberta a porta a lutar por vitórias. O ciclista regressou a Portugal em 2017, depois de 12 épocas ao mais alto nível. Deu o salto no ano seguinte a conquistar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, tendo nessa temporada representado a então LA-Pecol.

No World Tour tornou-se num dos melhores gregários, sendo um elemento de confiança para Alberto Contador, por exemplo. Venceu uma etapa no Tour e na Vuelta, mas foi como homem de trabalho que mais se destacou. Quando a Tinkoff acabou, Paulinho regressou a Portugal. Na Efapel procurou assumir um papel de líder, para lutar pela Volta a Portugal (e não só). Não foi uma transformação bem sucedida e acabou por ser novamente gregário, a função em que se sente tão bem. Em 2018, conseguiu um triunfo, numa etapa do Grande Prémio Abimota.

Sempre foi um ciclista de "low profile". O seu trabalho até pode passar despercebido à primeira vista, mas se o seu líder ganhar, sempre sentiu que a missão estava cumprida. Agora, entre a juventude da LA Alumínios-LA Sport, o seu trabalho volta a ser imperceptível à primeira vista.

Contudo, no papel de quem tem muito a ensinar, Brôco espera que Paulinho possa dar uma ajuda na evolução de ciclistas que nesta nova era da equipa tiveram um 2019 muito positivo e um 2020 longe do esperado, ainda que seja um ano que pouco se possa dizer sobre a prestação das equipas nacionais, devido às escassas corridas disputadas. A continuidade de Sérgio Paulinho, mesmo que seja apenas por mais um ano, é uma excelente notícia.

Quanto a Tiago Machado, é um regresso já esperado à estrutura de José Santos. Esteve cinco épocas no Boavista quando passou a profissional, antes de ir para o estrangeiro, com oito anos no World Tour e um no segundo escalão. Nunca escondeu a possibilidade de um dia voltar à agora Rádio Popular-Boavista, mas quando decidiu prosseguir a sua carreira em Portugal em 2019, escolheu o então Sporting-Tavira e depois a Efapel.

Na formação algarvia não foi o líder que o próprio queria ser, principalmente na Volta a Portugal. É um desejo ganhar esta corrida, mas têm estado longe de sequer lutar por um pódio. Na Efapel, sabia que não teria, em circunstâncias normais, esse papel e teve de ajudar Joni Brandão.

Na Rádio Popular-Boavista, Machado (35 anos) poderá ser mais aquele ciclista que bem se conhece. Irreverente, sempre pronto a animar corridas e para quem não há impossíveis. Em representação da Selecção Nacional, venceu em 2018 a Prova de Abertura Região de Aveiro (estava na Katusha-Alpecin), tendo pedalado sozinho durante 80 quilómetros! Um bom exemplo de como para Machado há que arriscar para ganhar.

Na equipa de José Santos corre-se muito assim. Os ciclistas têm muitas vezes mais liberdade, mesmo que haja um líder. Machado encaixa na perfeição na mentalidade da Rádio Popular-Boavista e será um corredor com caminho livre para ir à procura de vitórias. 

Um regresso em 2021

Na próxima época irá regressar a Portugal mais um experiente ciclista. Ricardo Vilela, depois de seis anos no estrangeiro, sempre no nível Profissional Continental (Caja Rural, Manzana Postobón e Burgos-BH) estará de volta à última equipa que representou antes de sair do país: a W52-FC Porto (então a OFM-Quinta da Lixa).

Aos 32 anos será mais um reforço de luxo para a formação que domina o pelotão nacional, podendo ser uma opção tanto para liderança, como para ajudar companheiros, visto esta ser uma equipa com mais chefes-de-fila. Não esquecer que Joni Brandão trocará a Efapel pela formação azul e branca para se juntar a Amaro Antunes e João Rodrigues.

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