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Com a Bahrain-McLaren a não querer renovar e com nenhuma equipa a mostrar-se interessada em apostar num ciclista que não dá qualquer garantia, até foi noticiado que Cavendish estaria disposto a competir sem receber qualquer tostão. Bradley Wiggins - companheiro com quem teve sucesso na pista e esteve ao lado na Sky em 2012 -, saiu em defesa de Cavendish, mas os resultados e o facto de nunca ter recuperado a melhor forma desde que lhe foi diagnosticado o vírus de Epstein-Barr, faz com que de pouco valha o currículo do sprinter, outrora quase imbatível,
Depois de um ano em que percebeu que o projecto da Sky não era para ele, Cavendish esteve entre 2013 e 2015 na então Omega Pharma-Quick Step, depois Etixx-Quick Step. Foram 44 vitórias, incluindo na Volta a França e Itália. Quando saiu para a Dimension Data até foi uma das poucos excepções à regra: quem sai da equipa belga não consegue alcançar o mesmo sucesso. Começou bem a aventura na formação sul-africana, mas também foi aí que não conseguiu evitar o declínio.
A porta que se abre na Deceuninck-QuickStep é, para já, apenas para 2021. A equipa tem Sam Bennett e Álvaro Hodeg, mas não sabe quando vai contar novamente com Fabio Jakobsen, que tem um longo processo de recuperação pela frente, após o grave incidente na Volta à Polónia. É essa a vaga que Cavendish vai preencher, não ameaçando o estatuto, principalmente de Bennett, mas também de um Hodeg a subir lentamente na hierarquia entre os sprinters.
"Não consigo explicar o quanto estou feliz por me juntar à Deceuninck-QuickStep. Nunca escondi o meu carinho pelo tempo que passei na equipa e isto parece mesmo um regresso a casa", afirmou Cavendish, ao ser conhecido o seu futuro para a próxima época. O ciclista salientou como vai reencontrar membros do staff que já estavam na estrutura aquando da sua primeira passagem e onde, como salientou, viveu uma das fases de maior sucesso da carreira.
"Mesmo num período extremamente difícil esta época, eles [membros da Deceuninck-QuickStep] mostraram como são fortes e unidos", acrescentou. "Mal posso esperar por regressar à Wolfpack", alcunha da equipa, que se traduz por alcateia.
Mas afinal o que ainda pode dar Cavendish a uma equipa que ano após ano é sempre das mais, se não a mais, ganhadora?
"Estamos felizes por o ter de volta à nossa família, porque ele, como líder, traz muita experiência que pode partilhar com os nossos jovens ciclistas. Mas, ao mesmo tempo, estamos confiantes que ele ainda tem algo para dar à equipa", acredita Patrick Lefevere, patrão da Deceuninck-QuickStep.
Há um ano, discurso idêntico foi dado pela Bahrain-Merida, nomeadamente por Rod Ellingworth, director que tanto ajudou Cavendish a atingir grandes momentos na carreira e que ao mudar-se da Ineos para a formação do Médio Oriente, quis recuperar Cavendish. O ano foi como foi, marcado por uma pandemia, que limitou muito a preparação e as corridas dos ciclistas. Cavendish pouco se viu e nem foi chamado para nenhuma grande volta.
Ellingworth também está de saída da Bahrain-McLaren e para Cavendish, o conforto de reencontrar quem esteve ao seu lado em grandes momentos da sua excelente carreira, pode ser importante para que talvez, pelo menos, possa sair do ciclismo por uma porta um pouco maior. No entanto, não se pense que esteja já a pensar em retirar-se no final de 2021. Cavendish já havia afirmado, ainda antes de assinar pela Deceuninck-QuickStep, que ainda quer competir mais uns anos, mesmo que esteja longe do seu melhor.
Quanto à equipa belga, a entrada de Cavendish é apenas a segunda para a próxima época, depois da contratação de Josef Cerny, checo que estava na CCC. A formação do português João Almeida aposta na continuidade, mantendo quase todos os seus ciclistas de 2020. Só Bob Jungels optou por seguir um novo rumo, preparando-se para representar a AG2R Citroën.
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