29 de julho de 2016

A luta olímpica dos Josés

José Gonçalves durante o prólogo (Fotografia: Volta a Portugal)
José Gonçalves ambicionava - e com toda a legitimidade - uma presença nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O ciclista de Barcelos tem construído uma carreira à base da sua garra e ambição por lutar pelos seus objectivos, não baixando os braços quando não os alcança. Vejamos o exemplo da sua prestação na Vuelta em 2015. Tentou e tentou e voltou a tentar vencer uma etapa e este ano certamente que será mais um dos animadores da competição. Mas este ano alcançou aquele que é o seu melhor resultado na carreira: a Volta a Turquia. A competição atrai equipas World Tour, neste ano a Lampre-Merida e a Lotto Soudal, e a vitória deu uma projecção a José Gonçalves que começa a ser impossível não o ver mudar-se para uma equipa do principal escalão do ciclismo. No entanto, não estará nos Jogos Olímpicos.

Não esconde a desilusão, mas bem ao seu estilo, prefere concentrar-se nas lutas que pode combater. José Gonçalves viu José Mendes ser o eleito para completar o quarteto olímpico, que conta com Rui Costa como líder, André Cardoso e Nelson Oliveira (que irá também competir no contra-relógio). A escolha de José Poeira criou alguma surpresa, afinal, perante o percurso e a forma agressiva como José Gonçalves enfrenta este tipo de dificuldades até pareciam ideais para que Portugal tivesse mais uma hipótese para atacar a medalha. Poeira optou por uma equipa completamente concentrada no apoio a Rui Costa. Não que José Gonçalves não seja um "jogador de equipa", nada disso, mas "prender" o ciclista de Barcelos num percurso como o do Rio de Janeiro seria quase criminoso.

Não está em causa a escolha de José Mendes. Recentemente sagrou-se campeão nacional e foi segundo no contra-relógio, mostrando que também ele encontra-se num bom momento de forma. Numa perspectiva de ser um gregário para Rui Costa, a escolha é quase natural e de grande qualidade, ficando André Cardoso como um possível plano B. Mas Rui Costa será sempre o líder indiscutível.

José Gonçalves está desiludido, mas não abatido. A sua "fúria" já se começou a notar nas estradas portuguesas: um terceiro lugar, dois segundos e está a dois segundos da liderança de Daniel Mestre (Efapel). O ciclista a Caja Rural mantém o discurso da sua equipa: está na Volta a Portugal para preparar a Vuelta. Há um ano também o estava e muito lutou pela por vencer uma etapa. Talvez não o vejamos a lutar nas montanhas, ainda que a ambição deste ciclista possa surpreender até a própria equipa. No domingo, na Senhora da Graça, já ficaremos a perceber as intenções de José Gonçalves.

Aos 27 anos e com a forma que apresenta, é normal que o ciclista pensasse que tinha chegado o seu momento olímpico, mas há que admirar a sua postura. Não foi convocado e, por isso, só pensa que ainda irá representar o país nuns Jogos Olímpicos. Objectivo por cumprir, significa para José Gonçalves que a luta continua!

O discurso da Caja Rural

Gavazzi venceu a etapa

(Fotografia: Volta a Portugal)
A equipa espanhola é provavelmente a mais forte entre as estrangeiras, a par da italiana Androni Giocattoli-Sidermec, que esta sexta-feira venceu com Francesco Gavazzi, que bateu precisamente José Gonçalves. Com três portugueses nos eleitos é difícil acreditar que a Caja Rural não tenha um pouco mais de ambição que não vá além do que não conseguem impedir mesmo que quisessem: ver José Gonçalves lutar por uma etapa. Enquanto o irmão gémeo, Domingos, é um homem mais de trabalho, Ricardo Vilela poderá ser uma aposta para quando os grandes momentos da Volta chegarem, nomeadamente a Senhora da Graça e a etapa da Torre.

Percebe-se que sendo uma equipa espanhola, brilhar na Vuelta é o grande objectivo da temporada, mas talvez haja espaço para algo mais em Portugal.

O salto do Rali de Portugal... em bicicleta


(Fotografia: Volta a Portugal)
Não se poderia deixar passar o que será um dos principais momentos desta Volta a Portugal. A passagem por um troço em terra batida (da Lameirinha), cerca de 2,2, quilómetros, contava com o salto que tanto espectáculo proporciona no Rali de Portugal. Não foi possível dar um grande salto, mas Wilson Diaz (Funvic/Soul Cycles) resolveu dar uma imagem diferente da que deixou 24 horas antes, tornando-se no primeiro a passar no mítico local do Rali português. Na quinta-feira, o colombiano celebrou uma vitória quando ainda faltava mais uma volta ao Sameiro. Agora entrou na história e vestiu a camisola da liderança da montanha, que César Fonte (Rádio Popular-Boavista) tanto lutou.

Daniel Mestre (Efapel) manteve a camisola amarela por apenas dois segundos, com a ajuda preciosa de uma meta volante, mas na chegada a Fafe houve cortes e a organização determinou diferenças de tempo. Dos favoritos, só Gustavo Veloso (W52-FC Porto) ficou com o tempo de Gavazzi, Rinaldo Nocentini (Sporting-Tavira) perdeu um segundo, Joni Brandão (Efapel) e Alejandro Marque (LA Alumínios-Antarte) quatro. Rui Sousa (Rádio Popular-Boavista) gastou mais dez segundos, mas a grande preocupação com o veterano ciclista era a sua condição física após uma queda. O resultado dos exames no hospital deram boas notícias: Rui Sousa vai continuar na Volta a Portugal.


3ª etapa: Montalegre - Macedo de Cavaleiros (158,9 quilómetros)

O pelotão vai dirigir-se para o Nordeste Transmontano. A passagem pelo alto de Mosteiro de Cima poderá convidar algumas fugas, pois até Chaves as dificuldades não serão de maior. Mas em Mirandela será tempo para subir a Serra de Bornes, antes de uma chegada que se prevê rápida a Macedo de Cavaleiros.

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