24 de abril de 2016

Primeiro monumento para a Sky... e a vitória ali tão perto para Rui Costa

(Fotografia: Twitter: @lampre_merida)
Um objectivo definido na Sky é um objectivo que tem de ser cumprido. Quando chegou ao ciclismo, disse que vinha para ganhar a Volta a França. E assim foi, primeiro com Bradley Wiggins e depois mais duas vezes com Chris Froome. Nos últimos dois anos a equipa britânica tem apostado na contratação de especialistas em corridas de um dia. Objectivo: um monumento. Custou, mas aí está ele: Liège - Bastogne - Liège.

No entanto, não foi nenhuma das apostas principais a cumprir esse objectivo. Michal Kwiatkowski, Ian Stannard, Luke Rowe, Ben Swift, Salvatore Puccio e Geraint Thomas estão numa primeira linha de opções, dependendo da clássica. Hoje era para Kwiatkowski, mesmo com Chris Froome na equipa, mas foi Wout Poels quem esteve melhor fisicamente e, principalmente, a nível táctico. O holandês podia não ser a aposta principal, mas era um plano B que dava garantias à equipa. E comprovou isso mesmo.

A nova subida em pavé a três quilómetros do fim, antes da dificuldade final, acabou por ser mesmo decisiva. Aqueles 600 metros com 10,5% de inclinação média serviram para que Michael Albasini e Rui Costa se distanciassem, mas Poels conseguiu juntar-se ao duo, trazendo com ele Samuel Sánchez (BMC), que esteve mais uma vez muito bem numa clássica das Ardenas este ano.

O quarteto apostou no momento certo, pois o grande favorito Valverde e a sua Movistar - que tanto trabalhou durante grande parte da corrida - não conseguiram fechar o espaço. O mesmo aconteceu com a Etixx-QuickStep, que mesmo com Daniel Martin e Julian Alaphilippe, ficou para trás.

No final, tudo ficou resumido a quem estava melhor fisicamente depois de 250 quilómetros muito exigentes, feitos debaixo de neve e chuva (foram cortados três quilómetros logo no início precisamente por causa do mau tempo). Na última curva, Poels arrancou, Albasini acompanhou. Rui Costa não conseguiu seguir na roda do suíço da Orica-GreenEDGE. Samuel Sánchez desistiu do sprint.


"Não acredito que ganhei, por isso, estou mesmo feliz. O tempo... até nevou. Foi um dia muito difícil. Eu não me sentia super, mas estávamos todos mesmos cansados", salientou Poels. A cumprir o segundo ano na Sky, Poels (28 anos) conquista a maior vitória da sua carreira, num 2016 que já conta com uma vitória na geral da Volta à Comunidade Valenciana.

Rui Costa com um pódio mais do que merecido

Quando o ciclista português segue com Michael Albasini na nova subida em pavé que tanto se falou antes da prova, faltavam cerca de três quilómetros. Rapidamente se percebeu que era um ataque que tinha tudo para resultar. Mais uma vez Rui Costa mostrava porque é dos melhores ciclistas a nível táctico. 

Numa corrida tão difícil que ganhou contornos épicos dado o mau tempo - vento, chuva, neve e de vez em quando um bocadinho de sol, houve de tudo - Rui Costa andou sempre bem colocado, mesmo que, mais uma vez, a Lampre pouco fez para ajudar o seu líder. De vez em quando parecia que Rui Costa estava a descair no grupo, mas não demorava muito a reaparecer na frente, afinal era uma luta de titãs com todos a quererem a melhor colocação. Mas o campeão do mundo de 2013 estava no sítio certo no momento certo e soube avaliar que o ataque de Albasini podia ser a machada necessária para deixar para trás a Movistar, principalmente Valverde, e a Etixx.

É notório o quanto Rui Costa gosta desta Liège - Bastogne - Liège e depois do quarto lugar no ano passado, eis um merecido pódio - por momentos a vitória parecia estar ali tão perto -, o primeiro para um português neste monumento. O segundo para Rui Costa, depois do também terceiro lugar na Volta à Lombardia em 2014.
"[Na subida de] Saint-Nicolas eu percebi que a corrida estava a ficar mais dura e eu estava com boas pernas e podia estar bem colocado nas últimas subidas. Vi que o Albasini estava também forte. Mantive-me na roda dele. Quando vi os outros a ficar para trás, puxei mais", explicou Rui Costa, citado pelo site da organização da Liège - Bastogne - Liège. 

O ciclista da Lampre considera que Wout Poels "mereceu ganhar". "Foi um dia difícil com a chuva, neve e o frio. A clássica mais difícil que fiz. É a minha favorita, por isso, estou feliz por estar no pódio. Com o dia difícil que estávamos a ter, só os melhores chegariam ao fim", referiu. 

Sobre o mau tempo confessou: "Quando chove ou está frio, o meu corpo costuma suportar bem, mas isso não significa que eu goste destas condições. A Liège é uma das corridas mais difíceis e eu sabia que poderia fazer um bom resultado. A meteorologia complicou tudo durante todo o dia, ao que se juntou o facto da penúltima subida em empedrado também ter influenciado o final."

Quanto aos outros ciclistas portugueses, José Mendes (Bora-Aragon) cortou a meta em 86º, a 5:27 minutos do vencedor. Tiago Machado (Katusha) e Mário Costa (Lampre-Merida) não terminaram a corrida.




Confira os resultados da Liège - Bastogne - Liège.

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