30 de março de 2016

Thibaut Pinot, o eleito?

Foto: Twitter @EquipeFDJ
Quando se vê Thibaut Pinot a ganhar um contra-relógio, mesmo um curto, é inevitável pensar: a sério? Mas é mesmo muito sério todo o trabalho que Pinot e a FDJ estão a fazer. A equipa francesa era mais conhecida por tentar minimizar perdas de tempo nos contra-relógios, fossem por equipas ou individualmente. 2016 é o ano da transformação. A primeira surpresa foi nos contra-relógios do Tirreno-Adriatico: terceira melhor equipa, individualmente a FDJ colocou dois homens no top dez e Thibaut Pinot conseguiu defender-se muito bem (19º a 2:27 do vencedor, Cancellara). O facto da etapa de montanha ter sido anulada devido ao mau tempo, não permitiu ver um Pinot no seu terreno, quando estava claramente motivado para tentar vencer.

No Critério Internacional ficou a confirmação que o que havia acontecido em Itália não era um acaso. E ameaça ser a regra. Pinot ganhou o contra-relógio e acabou por conquistar a competição. Certo que a concorrência não o testou em demasia. Jean-Christophe Peraud, vencedor em 2014 e 2015, falhou na última subida e Pinot mostrou que era claramente superior frente aos restantes ciclistas.

Ainda assim, as indicações destes primeiros meses (foi quarto na Volta ao Algarve, por exemplo) demonstram um Pinot dedicado a aperfeiçoar um dos seus pontos fracos e que o impediam de ser visto como um potencial candidato a uma vitória no Tour. No entanto, o ciclista da FDJ está decidido a mostrar que pode ser o eleito: o francês que vai finalmente voltar a conquistar a "sua" Volta. O último a fazê-lo foi Bernard Hinault em 1985.

No ano passado, Pinot (25 anos) demonstrou que estava a trabalhar num outro ponto fraco: as descidas. Mostrou que estava a melhorar, ainda que sem convencer. Porém, é claro que a FDJ está decidida a colocar Pinot na luta com Froome, Quintana, Contador e Aru. E Pinot não irá sozinho. A própria equipa está a ser preparada para apoiar o seu líder ao estilo de uma Sky ou Movistar.

A Volta ao País Basco, que começa segunda-feira, poderá demonstrar em que nível está esta FDJ, já que a concorrência será mais intensa e não se espera mais problemas de mau tempo como no Tirreno-Adriático. Quintana, Contador, Aru, Rodríguez e Mollema estarão presentes.

Por agora, é certo que Pinot está a apresentar uma candidatura a um top cinco no Tour e talvez espreitar o regresso ao pódio, onde esteve em 2014. É ainda cedo para considerar que Pinot um candidato à vitória, mas se continuar a evoluir - e a margem de progressão é ainda grande -, talvez os franceses possam voltar a sonhar em breve.

De recordar que o ciclista já conta com duas vitórias de etapa no Tour: no ano passado foi o primeiro no mítico Alpe d'Huez e em 2012, um jovem Pinot surpreendeu ao isolar-se na última subida e aguentar a liderança até Porrentruy. E este primeiro triunfo ficou ainda marcado pelo entusiasmo com que o seu director desportivo incentivou Pinot (ver vídeo quando faltam 5,8 quilómetros e depois os últimos dois quilómetros). Imagens que entraram para a história da Volta a França.



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