30 de junho de 2019

Já podes sorrir Zé Mendes!

(Fotografia: © João Fonseca Photographer)
Algo cabisbaixo, de poucos sorrisos, longe dos holofotes, José Mendes foi um importante reforço para o Sporting-Tavira tendo em conta a sua experiência internacional, mas faltava algo ao ciclista, que não deixava transparecer a alegria de outrora. A saída da Bora-Hansgrohe não foi fácil de aceitar. A passagem pela Burgos-BH foi discreta e sem história. A época na equipa portuguesa estava a ser abaixo do esperado. Mas às vezes basta um momento para dar uma volta de 180 graus. José Mendes espera que esse o momento seja quando ultrapassou Ricardo Mestre e sagrou-se campeão nacional.

O grito que lançou ao cortar a meta era mais do que de alegria. Era de desabafo. De alívio. Finalmente o melhor José Mendes conseguiu voltar a mostrar-se. "Tem sido um ano em que as coisas, por muito que tentasse, não têm corrido bem, não sei... Tentei procurar explicações, mas simplesmente as coisas não correm como se quer. Com o aproximar dos Campeonatos Nacionais, os problemas que ia tendo foram desaparecendo", explicou. "A melhor recompensa", como descreveu, chegou em Melgaço, três anos depois da primeira conquista, em Braga. Um minhoto a ganhar em casa!

Quando vestiu a camisola de campeão nacional pela primeira vez, com no ano seguinte a Bora-Hansgrohe a subir a World Tour, José Mendes era um homem de muitos sorrisos sempre que se falava daquela conquista e de onde tinha chegado na sua carreira. "Todos os dias que a visto tenho um sentimento muito especial", disse então numa entrevista ao Volta ao Ciclismo. Era um ciclista orgulhoso pela vitória que nunca hesitou em considerar a melhor da carreira. Agora passa a ter uma para rivalizar.


(Fotografia: © João Fonseca Photographer)
Numa disputa com o seu lado clubístico, não tivesse acabado por ser um frente-a-frente entre Sporting-Tavira e W52-FC Porto, Ricardo Mestre parecia estar bem encaminhado para chegar ao título. José Mendes não deixou e António Carvalho, que realizou uma forte recuperação, não teve metros suficientes para alcançar um dos objectivos que tanto sonha na carreira. Família, amigos, sorrisos e lágrimas do lado de José Mendes e Sporting-Tavira. Desolação do lado azul e branco depois de muito trabalhar por parte da equipa mais representada nos Nacionais: dez ciclistas. Mestre e Carvalho ficaram a dois segundos de Mendes. As camisolas verde e brancas foram seis, mas duas rapidamente começaram a ver-se mais na parte de trás da corrida.

O triunfo seguiu-se a uma corrida bem animada, atacada e incerta até final. José Gonçalves (campeão de contra-relógio e ciclista da Katusha-Alpecin) e Nelson Oliveira (Movistar) eram as grande referências internacionais, com Domingos Gonçalves (Caja Rural) à procura do segundo título consecutivo e José Neves (Burgos-BH) a tentar mostrar uma boa forma que pouco se tem visto em 2019 e ainda não foi desta. Joni Brandão, Henrique Casimiro e Bruno Silva da Efapel, João Benta e Daniel Silva da Rádio Popular Boavista, houve muita qualidade num pelotão ainda assim curto.

"Temos apenas 50 e poucos corredores a participar no campeonato nacional, mas não deixam de ser de grande nível e foi uma corrida bem disputada.  Foi dura e a grande velocidade", disse um José Mendes que tinha ao seu redor muitas pessoas a quererem celebrar a conquista, a começar pelos dois filhos. A emoção acabou por tomar conta do momento. Mais palavras ficarão para depois quando, como o próprio afirmou, digerir a vitória.


(Fotografia: © João Fonseca Photographer)
Foram 197 quilómetros que deixaram marca na carreira de um ciclista que chegou a ser uma peça importante na então NetApp-Endura, depois Bora-Argon18 e por fim, já no World Tour, Bora-Hansgrohe. A época menos boa de 2017 não teve perdão - ainda que tenha concretizado o objectivo de estar no Giro e feito o pleno nas grandes voltas -, pois com a equipa em fase de mudança para se tornar cada vez mais uma de topo mundial, fecharam-se as portas para o corredor português. Porém, aos 34 anos, José Mendes ganhou em Melgaço um novo ânimo para tirar o melhor partido deste seu regresso a Portugal, onde no passado representou a LA Alumínios, Liberty Seguros e também o Benfica, antes de partir para o estrangeiro, com uma passagem pela CCC.

E ânimo também se precisa no Sporting-Tavira. É que a Volta a Portugal está aí. Falta apenas um mês para o arranque. Tiago Machado apresenta-se como líder, mas José Mendes acaba por mostrar que ser apenas gregário poderá ser pouco para quem conquistou o segundo título nacional.

Para o Sporting-Tavira esta é uma vitória de extrema importância. Acaba mesmo por ser uma das mais relevantes desde o regresso do clube leonino ao ciclismo. Tinha um triunfo numa etapa na Volta a Portugal, há três anos. Soma outras vitórias, mas ganhar o título nacional de elite dá alento a uma equipa que em 2019 tinha visto apenas César Martingil levantar os braços na Clássica da Primavera, em Março. E esta é a última temporada em do contrato inicialmente acordado entre o Clube de Ciclismo de Tavira e o Sporting Clube de Portugal.

Quanto ao ciclista de Guimarães, depois da exibição em Melgaço, é mesmo caso para dizer: já podes sorrir Zé Mendes!

Classificação completa da prova de elite, via ProCyclingStats.

Aqui fica uma ronda por outros Campeonatos Nacionais:

➤ Espanha: Alejandro Valverde (Movistar)
➤ França: Warren Barguil (Arkéa-Samsic)
➤ Itália: Davide Formolo (Bora-Hangrohe)
➤ Grã-Bretanha: Ben Swift (Ineos)
➤ Alemanha: Max Schachmann (Bora-Hansgrohe)
➤ Bélgica: Tim Merlier (Corendon-Circus)
➤ Holanda: Fabio Jakobsen (Deceuninck-QuickStep)
➤ Eslováquia: Juraj Sagan (Bora-Hansgrohe)
➤ Irlanda: Sam Bennett (Bora-Hansgrohe)
➤ Áustria: Patrick Konrad (Bora-Hansgrohe)
➤ Luxemburgo: Bob Jungels (Deceuninck-QuickStep)
➤ Suíça: Sébastian Reichenbach (Groupama-FDJ)
➤ Cazaquistão: Alexey Lutsenko (Astana)
➤ Letónia: Toms Skujins (Trek-Segafredo)
➤ Polónia: Michal Paluta (CCC Development Team)
➤ Rússia: Aleksandr Vlasov (Gazprom-RusVelo)
➤ Eritrea: Natnael Berhane (Cofidis)

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»»Favoritismo confirmado no primeiro dia dos Nacionais««

29 de junho de 2019

Dobradinhas confirmadas mas foi necessário lutar muito para as alcançar

(Fotografia: © João Fonseca Photographer)
Melgaço está a testar ao máximo as capacidades dos ciclistas que procuram os títulos nacionais. O percurso é duro e o calor tem aquecido as corridas. Uma jovem sub-23 tentou ameaçar a experiente Daniela Reis, mas a qualidade de uma atleta do World Tour fez a diferença, mesmo estando num dia menos bom. Já João Almeida, também ele um favorito, teve bastante trabalho para deixar para trás um Fábio Costa batalhador e mais um corredor a confirmar a excelente temporada da UD Oliveirense-InOutBuild. As esperadas dobradinhas confirmaram-se nos Nacionais, mas não foram fáceis de alcançar.

(Fotografia: © João Fonseca Photographer)
A corrida de sub-23 acabou por concentrar grande parte da emoção do dia, como era expectável. Almeida não entrou na fuga inicial, onde já estava Fábio Costa. O ciclista da Hagens Berman Axeon acabou por recuperar o terreno perdido para entrar na frente da corrida ainda com mais de 100 quilómetros do fim. As últimas duas das seis voltas da corrida (143,2 quilómetros) tiveram Almeida e Costa isolados, com Hélder Gonçalves (UD Oliveirense-InOutBuild) e Marcelo Salvador (Sicasal-Constantinos) a serem os últimos a ceder. Mas atrás foi feita uma perseguição feroz e que chegou a ameaçar ainda baralhar a decisão da corrida. Tarde de mais, com João Almeida a fazer um derradeiro ataque já perto da meta que quebrou de vez a resistência do seu rival do dia.

"Tem um significado muito especial conquistar este título. Desde início que me senti muito bem. Decidi arriscar naquela volta quando ninguém estava à espera, para ter tempo de descansar um bocado. Gastei muita energia para chegar lá, mas consegui chegar e depois foi poupar energias. No fim, foi dar o que tinha", explicou um exausto João Almeida. Há um ano tinha somado dois segundos lugares nos Nacionais de Belmonte, então batido pelos gémeos Oliveira (Ivo no contra-relógio e Rui na prova de fundo). Porém, até pelos resultados internacionais que estava a alcançar - venceu a Liège-Bastogne-Liège de sub-23, por exemplo, mas não só -, estes eram uns títulos nacionais que se sabia que ficariam muito bem a João Almeida.

(Fotografia: © João Fonseca Photographer)
A luta de Fábio Costa ajudou a dar ainda mais valor à conquista deste jovem ciclista, que está a evoluir numa das melhores equipas de formação do mundo e de onde já saíram para o World Tour grandes nomes do ciclismo mundial, destacando-se também três portugueses: Ruben Guerreiro (actualmente na Katusha-Alpecin, depois de dois anos na Trek-Segafredo) e os gémeos Oliveira (UAE Team Emirates). 2019 não está a ser tão positivo como o ano anterior para João Almeida, mas o corredor de 20 anos espera agora virar a página.

Fábio Costa terminou a 11 segundos do vencedor, com Bernardo Saavedra (Vito-Feirense-PNB) a conquistar a medalha de bronze, cortando a meta a 36 segundos, menos um que André Carvalho, outro português na Hagens Berman Axeon (classificações neste link, via ProCyclingStats, com atenção que Bernardo Saavedra está como João Leite, que é também parte do seu nome).

(Fotografia: © João Fonseca Photographer)
Para Daniela Reis (Doltcini-Van Eyck Sport), os Nacionais de Melgaço não foram apenas para cumprir calendário. Se se confirmou que não tinha rival, ainda assim, a dificuldade do percurso de 88,6 quilómetros e um dia em que não se sentiu a 100%, acabou por provocar alguns problemas à ciclista que se sagrou tetracampeã nacional (2015, 2016, 2018 e 2019). "Não foi fácil. Tive a noção que não estava num dia bom. Esta [vitória] foi sofrida. Foi gerir e dar tudo na última volta. Foi conseguir uma vantagem para a minha adversária porque o ciclismo é assim, há dias muito bons, há dias menos bons. Felizmente deu para a vitória", afirmou, após ter confirmado mais uma dobradinha, pois na sexta-feira já tinha revalidado o título de campeã nacional de contra-relógio.

Se a maior parte do pequeno pelotão de elite ficou rapidamente para trás, logo na primeira volta (alinharam 20 ciclistas, tendo terminado 12), Daniela Reis teve a companhia a companhia de duas jovens talentosas. Numa concorrência directa estava Raquel Queirós, corredora da Quinta das Arcas-Jetclass-Xarão, que está no seu primeiro ano como sub-23. Porém, como no ciclismo feminino de estrada, não há este escalão e Raquel estreou-se na elite nos Nacionais. Terminou a 2:10 minutos de Daniela Reis, mas só começou a descolar na terceira volta, deixando boas indicações para o futuro. Bem longe da discussão da corrida, mas com direito a lutar e conquistar a medalha de bronze, esteve Sandra Santos (Eneicat), que terminou a 6:19 minutos da vencedora (classificações, via ProCyclingStats).

No entanto, houve outra ciclista a impressionar. É mais uma Daniela, mas de apelido Campos e é melhor decorar este nome. É júnior, mas fez parte do trio da frente. Vários escalões juntam-se para fazer a prova feminina: cadetes, júniores, elites, master 30, 40 e 50 (difere a distância). É certo que Daniela Campos tinha menos uma volta para fazer (66,1 quilómetros no total) do que as duas outras corredoras, mas tendo em conta a idade e a fase de evolução em que está, principalmente comparando com Daniela Reis, não deixou de impressionar. A ciclista das 5Quinas-Município de Albufeira-CDASJ venceu sem discussão no seu escalão, com a segunda classificada a ficar a 10 minutos (Rafaela Ramalho, da equipa Maiatos) e a terceira a 11:22 (Beatriz Martins, da Bairrada).

Daniela Reis gostou do que viu quanto às jovens adversárias e que num futuro próximo poderão ser rivais de muito respeito. "Vim um bocado sem saber porque faz agora um ano da última vez que corri em Portugal. Vi algumas Taças e já sabia que havia miúdas novas a andar muito bem. É excelente para o ciclismo. Não sabia o que esperar delas. Sei que treinei para estar bem aqui e sabia o que tinha de fazer. Fico muito feliz que haja miúdas novas a quererem fazer o ciclismo andar para a frente, a superarem-se", salientou.

(Fotografia: © João Fonseca Photographer)
A primeira ciclista a chegar ao mais alto nível do ciclismo mundial vai agora fazer novamente as malas, pois seguem-se corridas no estrangeiro e Daniela Reis admitiu que está numa boa forma e que quer procurar obter bons resultados.

Em Melgaço foram atribuídos seis títulos nacionais. As cadetes e masters cumpriram a distância de 43,6 quilómetros:

Elite: Daniela Reis (Doltcini
Júnior: Daniela Campos (5Quinas-Município de Albufeira-CDASJ)
Cadete: Beatriz Roxo (Maiatos)
Master 30: Nadia Mendes (CE Gonçalves-Azeitonense)
Master 40: Ana Neves (Bike & Nutrition Shop)
Master 50: Maria Jesus (5Quinas-Município de Albufeira-CDASJ)

Este domingo será a vez da elite masculina sair para a estrada, como 197 quilómetros à espera do pelotão, com partida (11 horas) em Castro Laboreiro e chegada em Melgaço. Será que José Gonçalves (Katusha-Alpecin) consegue também a dobradinha? O irmão, Domingos (Caja Rural), é o campeão em título.




Denifl e Preidler suspensos por quatro anos

A Operação Aderlass vai continuando a sancionar quem recorreu ao doping com a alegada ajuda do médico alemão Mark Schmidt. Quase cinco meses depois de serem tornados públicos os primeiros nomes de ciclistas envolvidos, são conhecidos os castigos. Mão pesada para os austríacos Stefan Denifl e Georg Preidler que foram suspensos por quatro anos.

Denifl terá sido o primeiro a admitir às autoridades o recurso a transfusões de sangue, ou doping sanguíneo, para melhorar a sua performance. O ciclista, de 31 anos, manteve-se mais discreto durante este processo, ao contrário de Preidler (29) que admitiu publicamente ter tirado sangue, ainda que nunca tivesse posteriormente feito a transfusão. No entanto, assumiu o erro e que só a intenção era grave. Saiu de imediato da Groupama-FDJ.

A sanção foi aplicada pela organização nacional austríaca de anti-doping, que tomou as rédeas do mais recente caso, que tem afectado várias modalidades, tendo começado no esqui. A UCI concordou que fosse este organismo a liderar a situação, pelo que aceitou a suspensão aos dois ciclistas.

Ambos foram considerados culpados de terem recorrido a métodos proibidos, violando o regulamento anti-doping. A acusação de Denifl aplica-se ao tempo entre 1 de Junho de 2014 e o final de 2018, enquanto de Preidler é de 1 de Fevereiro de 2018 e 5 de Março deste ano. É considerado que a sanção entra em vigor a 5 de Março, pelo que durará até 4 de Março de 2023. Os resultados obtidos desde o início das datas referidas até 5 de Março deste ano são anulados.

Os ciclistas têm quatro semanas para recorrer da suspensão. Caso não o façam ou esta seja confirmada, significará que Stefan Denifl irá perder a vitória na 17ª etapa da Volta a Espanha de 2018, então ao serviço da entretanto extinta Aqua Blue Sport. Alberto Contador foi segundo nesse dia.

Depois dos dois austríacos, a Operação Aderlass já levou à suspensão provisória de Kristijan Durasek (UAE Team Emirates) e Kristijan Koren (Bahrain-Merida). O primeiro estava a competir na Volta à Califórnia, o segundo no Giro e foram imediatamente afastados pelas respectivas equipas.

Também há ex-ciclistas envolvidos: Borut Bozic, Alessandro Petacchi e Danilo Hondo. O primeiro está na equipa técnica da Bahrain-Merida, enquanto Hondo, ao admitir o recurso ao doping na época de 2011, foi imediatamente despedido da federação suíça, onde era treinador.



28 de junho de 2019

"Gostava ainda de fazer grandes corridas"

Quando se diz que o segundo lugar sabe a triunfo, não se está a falar de uma vitória moral, mas sim de uma verdadeira conquista. Para Liliana Jesus, a medalha de prata nos Nacionais de contra-relógio tem uma sensação a ouro, tendo em conta que à sua frente está a melhor ciclista nacional, do nível World Tour. As diferenças entre ambas são, naturalmente, muitas, mas há algo que têm em comum: a ambição.

Liliana Jesus não pode despender o mesmo tempo de dedicação ao ciclismo que a adversária. Enquanto Daniela Reis está numa equipa do World Tour - a Doltcini-Van Eyck Sport - e pode dedicar-se mais aos treinos, além de competir em algumas das melhores corridas do mundo, Liliana divide o seu tempo entre a enfermagem e o ciclismo. Trabalha no Centro Hospitalar de Setúbal e nem sempre é fácil conciliar o emprego e a paixão pela bicicleta. O que falta para se aproximar mais do nível de Daniela Reis? "Falta-me um pouco mais de qualidade de vida. No sentido de tranquilidade, de ter os treinos mais concentrados, mais descanso após os treinos. É a profissão dela e ela está de parabéns por aquilo que tem conseguido alcançar até agora."


Liliana Jesus, Daniela Reis e Melissa Maia, o pódio feminino
nos Nacionais de 2019 em Melgaço
E acrescentou: "Eu sou enfermeira. É muito complicado, principalmente porque uma das coisas em que eu sofro muito é depois de fazer o turno da noite. Mas, não há nada como uma boa gestão de tempo e fazer as coisas com gosto e com paixão. É meio caminho andando." Com o apoio dos colegas no trabalho, sonha voar mais alto, pois se há algo que não vê como impeditivo é a idade. Tem 35 anos, mas garante que sente que tem capacidade para tentar concretizar um desejo: "Gostava ainda fazer grandes corridas." É realista sabendo que pode sentir-se bem, mas a idade pode ser um entrave para dar o salto para uma equipa estrangeira. Porém, não vai desistir. "Só com trabalho e muita dedicação poderá acontecer. Mas vamos passo a passo. Um de cada vez e bem seguro, para não cair", realçou ao Volta ao Ciclismo.


"Já cometi erros e noto que agora estou mais sapiente no controlo de tudo. A cabeça também amadureceu um pouco"

Começou de forma mais séria na modalidade apenas em 2015, apesar de algumas participações em corridas em anos anteriores. Não hesita em dizer que da primeira vez que andou numa bicicleta de estrada foi "amor à primeira pedalada". Tem sido um processo de evolução, contudo, apesar de ser enfermeira, não significa que seja uma ajuda maior para saber como desenvolver as suas capacidades físicas. "Apesar de ser enfermeira, tenho aprendido mais sobre o meu corpo enquanto atleta. A perceber as sensações, o que é que ele quer, o que não quer e ir adequando ao longo do dia. Já cometi erros e noto que agora estou mais sapiente no controlo de tudo. A cabeça também amadureceu um pouco. Comecei tarde no ciclismo, pelo que tem sido tudo uma aprendizagem", explicou.


Excelente primeiro dia de Nacionais para o CE Gonçalves/Azeitonense
com medalha de prata para Liliana Jesus e bronze para Melissa Maia
Foi a segunda vez que subiu ao pódio, contando agora com um bronze e uma prata. Este sábado irá partir, às 10 horas, para 86,6 quilómetros da corrida feminina de fundo em Melgaço, sempre com ambição alta, mas o percurso será bem complicado. "Vamos ver... A subida final é uma rampa bastante jeitosa. Vai depender muito do que as outras adversárias fizerem em corrida. O contra-relógio já está em cima das pernas", alertou.

Define-se como "uma ciclista versátil", não se considerando uma trepadora e muito menos uma sprinter. "Defendo-me bem nas subidas constantes, não muito inclinadas e tenho uma boa capacidade de resistência", disse.

Quanto ao contra-relógio desta sexta-feira, gerir o esforço e conhecer o percurso foram factores determinantes. "O percurso [de 24,6 quilómetros] era muito rectilíneo. Tinha a dureza da subida, mas era um percurso que era preciso saber gerir muito bem toda a prova até ao momento da subida, que iria exigir a maior força da nossa parte. Soube controlar-me bem até esse momento. Fiz um bom trabalho de casa, tanto a reconhecer, como a visualizar o percurso nos dias prévios ao campeonato. Correu bem. Estava com fé", analisou.

Foram 3:41 minutos de diferença para Daniela Reis (26 anos), que diz tudo sobre a qualidade da campeã nacional da especialidade pela quinta vez. "O segundo lugar para mim é um excelente resultado. A Daniela era a favorita e atendendo a performance dela, era a candidata mais apostada para vencer. Sonhei com o pódio, que era possível e consegui", afirmou uma muito satisfeita Liliana Jesus.


Favoritismo confirmado no primeiro dia dos Nacionais

Não houve surpresas no primeiro dia dos Campeonatos Nacionais. Os favoritos confirmaram esse estatuto e saem de Melgaço como os campeões de contra-relógio. Para Daniela Reis já é habitual estar com camisola das quinas. E já lá vão cinco títulos nesta especialidade! José Gonçalves foi tirar a camisola ao irmão e volta a ser campeão de contra-relógio, com o primeiro título a ter sido ganho no longínquo 2012. Nos sub-23 masculinos, João Almeida alcançou a vitória que muito ambicionava.

Domingos Gonçalves havia ganho o contra-relógio nos dois anos anteriores. Desta feita, foi ele a ficar no segundo posto, a 21 segundos do irmão gémeo. "Todos querem ser campeão nacional. O ano passado foi ele, eu fui segundo... Tendo em conta o decorrer da época, eu cheguei com melhor preparação. Hoje fui mais forte", salientou José Gonçalves, que se referiu ao facto de Domingos estar algo azarado neste regresso à Caja Rural. Voltou à competição no início do mês depois de uma grave lesão após queda na Volta ao País Basco.

José apontou um pico de forma para esta fase da temporada, a pensar na Volta a França. E nada melhor que conquistar um título nacional para celebrar a sua primeira convocatória para a corrida francesa. "Tentei fazer a melhor preparação possível para ir ao Tour e hoje saiu a confirmação. Mostrei que estou bem", afirmou. O ciclista de Barcelos estará acompanhado por Ilnur Zakarin, Alex Dowsett, Jens Debusschere, Marco Haller, Nils Politt, Mads Würtz Schmidt e Rick Zabel.

De referir que para a Katusha-Alpecin é o segundo título de contra-relógio em dois dias, depois de Alex Dowsett ter ganho pela sexta vez na Grã-Bretanha. José Gonçalves cumpriu os 32,3 quilómetros em 42:46 minutos. António Carvalho (W52-FC Porto) foi terceiro, a 1:03 minutos (classificação completa neste link, via ProCyclingStats).

João Almeida também havia sido segundo classificado nos Nacionais de Belmonte, em 2018. Então foi batido por Ivo Oliveira, que já não é sub-23. O ciclista da Hagens Berman Axeon era o grande favorito e deixou Jorge Magalhães (W52-FC Porto) a 58 segundos nos 24,6 quilómetros do exigente percurso. No entanto, houve algumas dúvidas sobre o resultado de João Almeida. Contornou o pino errado (faltava um) e falou-se de desclassificação ou de sanção a nível de tempo. Nem uma nem outra e o tempo oficial foi de 32:37 minutos. Guilherme Mota (UD Oliveirense-InOutBuild) fechou o pódio, a 1:53 do vencedor (classificações completas, via ProCyclingStats).

"Foi um contra-relógio muito duro. A meio já me doíam as pernas!", confessou João Almeida, que espera que a vitória em Melgaço possa virar a página numa época não tão profícua como a de 2018.

Quanto a Daniela Reis, a distância para as adversárias diz tudo: 3:41 minutos para Liliana Jesus e 3:48 para Melissa Maia, ambas do CE Gonçalves/Azeitonense. "Foi um contra-relógio muito duro para o que costumamos fazer, mesmo no circuito internacional. A primeira fase era acessível, mas a partir dos 14 quilómetros tornava-se muito exigente. Senti-me muito bem. Encontrei o meu ritmo logo na fase inicial, embora fizesse essa parte a gerir as forças, porque sabia das dificuldades que encontraria mais à frente. Sabia que estava bem preparada e cumpri o objectivo de revalidar o título", afirmou.

A ciclista portuguesa da Doltcini-Van Eyck Sport fez os 24,6 quilómetros em 39:41 minutos. e esta poderá ter sido apenas a primeira subida ao pódio. Aliás, dos três vencedores. São também favoritos para as provas de fundo, com Daniela Reis a mostrar a diferença por estar a competir ao mais alto nível do ciclismo (classificações completas, via ProCyclingStats).

Não há tempo para muito descanso. Este sábado a elite feminina e o escalão de juniores juntam-se na corrida, ainda que com distâncias diferentes: 86,6 e 66,1 quilómetros. A prova arranca às 10 horas. Também ser irão decidir os títulos de cadetes e masters (43,5 quilómetros).


Quanto aos sub-23 serão 143,2 quilómetros e não haverá vida fácil para ninguém, com Melgaço a ter um percurso com poucos metros que se possam considerar planos (perfil de baixo). A prova de elite realiza-se domingo, com 197 quilómetros à espera do pelotão (11 horas).



»»Percursos exigentes para decidir os campeões nacionais««

»»Finalmente a merecida medalha««

27 de junho de 2019

"Nas primeiras corridas começa-se a pensar duas vezes, mas o lema é nunca desistir"

Dar o salto directamente de uma equipa de juniores para uma profissional, nem foi uma decisão difícil de tomar. Já adaptar-se ao ritmo do pelotão de elite, foi outra história. As primeiras corridas não foram fáceis para Ruben Simão, um dos três juniores que o Sporting-Tavira foi buscar à sua formação. Agora, já está mais adaptado, mas não esconde o choque inicial. O jovem de 18 anos está muito satisfeito com a experiência que está a viver, pois o director desportivo Vidal Fitas não tem exigido demasiado do corredor, deixando que prossiga a sua fase de evolução sem pressão.

"Considero que está a ser uma óptima experiência. Numa equipa profissional aprendemos muito com os ciclistas mais experientes, mas sim, é um salto bastante grande. Notei isso logo nas primeiras corridas! O nível competitivo é muito elevado e nós [juniores] não estamos habituados nem a metade disto", admitiu ao Volta ao Ciclismo. Quando chegou o momento de deixar o Sporting/Tavira/Formação Eng. Brito da Mana e escolher entre uma equipa de clube ou ir directamente para uma profissional, ponderou o seu futuro, mas sem perder muito tempo em fazer a escolha. "O que acabou por me seduzir foi já estar na equipa, ainda que nos escalões de formação. Esta é uma equipa profissional... E ter o nome Sporting... É uma das melhores equipas em Portugal, por isso, aceitei prontamente o convite. Estava ciente que ia ser difícil, mas estou cá para lutar!"

O corredor, de 18 anos, realçou que não pensa estar a saltar uma fase importante na formação como ciclista por não ter ido para uma equipa sub-23 e explicou porquê: "Aqui estou a cumprir essa fase. Em Portugal não há muitas equipas para sub-23 e esse foi um dos aspectos que ponderei, porque sabia que ia correr com os profissionais. Ficar numa equipa profissional ou sub-23 ia ser praticamente a mesma coisa." E claro, estando no Sporting-Tavira está a mostrar-se directamente aos responsáveis de uma das principais estruturas do ciclismo nacional. Além disso, está a ter a oportunidade de pedalar lado-a-lado com atletas que se habituou a ver na televisão, como Tiago Machado, por exemplo, e frisou como todos os mais experientes do Sporting-Tavira estão sempre prontos a dar conselhos para ajudar os mais novos.


"A maior dificuldade era que rapidamente ficava para trás. Não estava preparado para o ritmo"

Não hesita em agradecer por estarem a dar-lhe liberdade para evoluir, ainda que não signifique que não tenha responsabilidades. Pedem-lhe principalmente que termine as corridas, mas numa altura da temporada em que já está mais adaptado ao ritmo do pelotão, já vai tentando ajudar os colegas. "Senti bastante dificuldades, principalmente nas primeiras quatro corridas. Foi necessário ser forte psicologicamente. A maior dificuldade era que rapidamente ficava para trás. Não estava preparado para o ritmo", desabafou. "Nas primeiras corridas começa-se a pensar duas vezes, mas o lema é nunca desistir", acrescentou.

Ruben Simão, um trepador em perspectiva, explicou como fisicamente já nota a diferença, até porque, além das corridas, também os treinos são mais exigentes. Contudo, há outro aspecto importante que agora já domina bem melhor: "Nas primeiras corridas nem conseguia comer e beber e agora já consigo fazer isso melhor. Faço melhor essa gestão." Prova de Abertura Região de Aveiro, Clássica da Arrábida, Clássica Aldeias do Xisto, Troféu O Jogo, Memorial Bruno Neves, Grande Prémio Anicolor e Grande Prémio Abimota. O jovem ciclista não tem qualquer razão de queixa quanto ao tempo de corrida que tem tido. Seguem-se os Nacionais (realizam-se entre esta sexta-feira e domingo, em Melgaço), talvez o Troféu Joaquim Agostinho, para depois pensar num dos grandes objectivos da temporada, a Volta a Portugal do Futuro. "Quero lutar e se ficar no top 15 será muito bom visto ser o primeiro ano de sub-23", afirmou.

Natural de Olhão, Ruben Simão está dedicado ao ciclismo, mas vai regressar aos estudos no próximo ano lectivo. Quer entrar na universidade, sabendo que terá de gerir de outra forma do seu tempo. "Terei de saber conciliar, mas acho que vou conseguir", disse, salientando que tem de estar preparado para quando o ciclismo acabar.

»»Guilherme Mota regressa a Portugal para poder garantir um futuro além do ciclismo««

»»"Temos um director desportivo cuja palavra que mais nos diz é 'tranquilidade'"««

Quem serão os campeões nacionais de 2019?

Nacionais arrancam com os contra-relógios.
Domingos Gonçalves, Daniela Reis e Ivo Oliveira foram os campeão em 2018
Esta sexta-feira arrancam os Campeonatos Nacionais que este ano viajam até Melgaço. O contra-relógio abre as hostilidades, com as provas em linhas a realizarem-se sábado (corrida feminina - 10 horas, 86,6 quilómetros para elite e 66,1 para as juniores  - e sub-23 masculina - 14:30, 143,2 quilómetros) e domingo (elite masculina - 11 horas, 197 quilómetros).

Apesar das diferentes distâncias, todos os contra-relógios começam no Centro de Estágios de Melgaço e terminam junto à Câmara Municipal. Aqui ficam as listas provisórias de partida e os respectivos percursos. Os sub-23 masculinos e a elite feminina cumprem a mesma distância de 24,6 quilómetros, enquanto a elite masculina terá pela frente 32,3 quilómetros.

Contra-relógio de elite feminina com início previsto às 12 horas. Daniela Reis é a campeã em título.

➤ Lúcia Cruz (Academia Joaquim Agostinho/UDO)
➤ Ana Valido (Bairrada)
➤ Mónica Cruz (Academia Joaquim Agostinho/UDO)
➤ Patrícia Rosa (CE Gonçalves/Azeitonense)
➤ Pauline Vie (Academia Joaquim Agostinho/UDO)
➤ Diana Pedrosa (Aleata-CC Farto)
➤ Ana Fernandes (Academia Joaquim Agostinho/UDO)
➤ Liliana Jesus (CE Gonçalves/Azeitonense)
➤ Celina Carpinteiro (5Quinas/Município de Albufeira/CDASJ)
➤ Carla Bizarro (Academia Joaquim Agostinho/UDO)
➤ Melissa Maia (CE Gonçalves/Azeitonense)
➤ Soraia Silva (Campinense-Velo Performance)
➤ Daniela Reis (Doltcini-Van Eyck Sport)

Contra-relógio dos sub-23 masculinos com início previsto às 12:20. Ivo Oliveira é o campeão em título, mas já não pertence ao escalão.

➤ João Conceição (Alumínios Alca-Syma)
➤ Carlos Barreiros (ACDC Trofa-Trofense)
➤ Bernardo Gonçalves (Ginestar-ULB Sports)
➤ Luís Rojas (Aleata-CC Farto)
➤ Francisco Duarte (Crédito Agrícola-Jorbi-Almodôvar)
➤ Guilherme Simão (Sicasal-Constantinos)
➤ Fábio Resende (Alumínios Alca-Syma)
➤ José Dias (Fortunna-Maia)
➤ Ivo Pinheiro (Miranda-Mortágua)
➤ Afonso Silva (Rádio Popular-Boavista)
➤ João Leite (Vito-Feirense-PNB)
➤ Marvin Scheulen (LA Alumínios-LA Sport)
➤ Vinício Rodrigues (JV Perfis-Gondomar Cultural)
➤ Vasco Silva (Alumínios Alca-Syma)
➤ Francisco Marques (Crédito Agrícola-Jorbi-Almodôvar)
➤ João Silva (V.C.Annemasse)
➤ Francisco Moreira (ACDC Trofa-Trofense)
➤ Rodrigo Beirão (Crédito Agrícola-Jorbi-Almodôvar)
➤ Tiago Antunes (SEG Racing)
➤ Iúri Leitão (Sicasal-Constantinos)
➤ João Salgado (Rádio Popular-Boavista)
➤ Guilherme Mota (UD Oliveirense-InOutBuild)
➤ António Ferreira (Vito-Feirense-PNB)
➤ Jorge Magalhães (W52-FC Porto)
➤ João Almeida (Hagens Berman Axeon)


Contra-relógio de elite masculina com início previsto às 13:20. Domingos Gonçalves é o bicampeão nacional da especialidade.

➤ Dinis Martins (Crédito Agrícola-Jorbi-Almodôvar)
➤ Patrick Videira (Fortunna-Maia)
➤ Dominic Mestre (EVOPRO Racing)
➤ António Barbio (LA Alumínios-LA Sport)
➤ António Carvalho (W52-FC Porto)
➤ Ricardo Vilela (Burgos-BH)
➤ Bruno Silva (Efapel)
➤ João Fernandes (Fortunna-Maia)
➤ Joaquim Silva (W52-FC Porto)
➤ José Mendes (Sporting-Tavira)
➤ Gaspar Gonçalves (Miranda-Mortágua)
➤ Daniel Silva (Rádio Popular-Boavista)
➤ Amaro Antunes (CCC)
➤ Rafael Reis (W52-FC Porto)
➤ José Neves (Burgos-BH)
Tiago Machado (Sporting-Tavira)
➤ José Gonçalves (Katusha-Alpecin)
➤ Domingos Gonçalves (Caja Rural)



26 de junho de 2019

Volta à Turquia sai do calendário World Tour

(Fotografia: Facebook Volta à Turquia)
Os Jogos Olímpicos de Tóquio obrigaram a UCI a fazer alterações nas datas de algumas corridas, a começar pelo Tour. No entanto, no caso da Volta à Turquia, o organismo finalmente implementou o regulamento e tirou o estatuto de World Tour à prova, com a organização a poder pedir uma outra categoria, como integrar o ProSeries que arrancará em 2020.

Quando o calendário World Tour abriu portas a novas corridas, ao contrário das que já pertenciam a esta categoria, as novas não contariam automaticamente com todas as equipas do principal escalão. Além disso, as organizações ficaram obrigadas a garantir o mínimo de dez formações World Tour, pois dois anos sem atingir esse número levaria à perda de categoria. Em três edições, a Volta a Turquia contou com quatro em 2017, nove em 2018 e este ano seis. A UCI aplica assim finalmente o seu regulamento e tira a corrida do calendário mais importante do ciclismo.

É um fim mais do que esperado para a Volta à Turquia que começou mal no seu ingresso no World Tour e não conseguiu confirmar as expectativas que em tempos chegaram a tornar a prova uma que várias equipas e ciclistas gostavam bastante. Em 2017, na estreia, a organização pediu uma mudança de calendário, com a justificação que estava com dificuldades em atrair equipas, pois coincidia com a época de clássicas. A UCI acedeu e a prova realizou-se em Outubro.

Porém, a fraca adesão das formações, apenas 13 inscreveram-se e uma era a selecção turca, expôs o verdadeiro problema. A instabilidade política, os ataques terroristas tiveram peso na hora de decidir em viajar ou não à Turquia. Além disso, desportivamente, a Volta à Turquia também já não tinha o prestígio de outrora, apesar de ter subido de categoria. Os casos de doping, incluindo de um vencedor turco, geraram desconfiança.

Apesar de em 2018 a Volta à Turquia até ter sido animada, com Edu Prades (Euskadi-Murias) a ganhar a geral na última etapa a Alexey Lutsenko (Astana), a prova continuou sem atrair grandes nomes, o que se comprovou em 2019, com a organização a tentar revitalizar de vez a prova, passando para o calendário habitual em Abril. Foi a derradeira oportunidade que não foi aproveitada. As equipas World Tour continuaram sem colocar a Turquia como destino e as que colocaram não levaram muitas estrelas.

Os sprinters são quem mais gostam da prova, mas ainda assim houve anos com nomes mais fortes, casos de Mark Cavendish e André Greipel. Agora é aguardar para perceber o futuro de uma corrida onde não falta dinheiro para organização, mas que se tornou em mais um o exemplo de não ser o suficiente para se tornar numa corrida de topo. De referir, que há um português entre os vencedores: José Gonçalves, então na Caja Rural, conquistou a Volta à Turquia em 2016.

Relativamente às restantes alterações para 2020, a Volta a França vai realizar-se uma semana mais cedo, para evitar "chocar" com os Jogos Olímpicos. Será de 27 de Junho a 19 de Julho, o que está, ainda assim, a levantar dúvidas sobre a escolha de alguns ciclistas que queiram lutar pelo ouro olímpico. Falhar o Tour ou sair mais cedo poderá ser a opção, ou então não ir aos Jogos. Fazer as duas corridas, dado os seis dias para recuperar com uma longa viagem para fazer, será um plano difícil de concretizar.

Também devido aos Jogos Olímpicos, a Volta à Polónia passa para Julho em vez de Agosto e a clássica Prudential RideLondon-Surrey vai realizar-se uns dias mais tarde.

De salientar que a Volta à Espanha vai ganhar um dia, mas será de folga. Como a partida estar marcada para Utrecht, na Holanda, será necessário um dia para as equipas fazerem a viagem para Espanha. Ou seja, a última grande volta do ano começará a uma sexta-feira, dia 14 de Agosto, para terminar a 6 de Setembro. Esta folga extra também aconteceu no Giro de 2018, quando a partida foi em Israel, o que significa que ao fim de três dias de competição, haverá uma paragem na Vuelta, mas mantém-se as 21 etapas.

Quanto ao calendário feminino, as principais mudanças também se prendem com a mudança de datas devido aos Jogos e com a saída da Prudential RideLondon-Surrey.

O calendário completo de todas as categorias será conhecido em Setembro, segundo informou a UCI.

Calendário World Tour masculino:

21 a 26 de Janeiro: Santos Tour Down Under (Austrália)
2 de Fevereiro: Cadel Evans Great Ocean Road Race (Austrália)
23 a 29 de Fevereiro: Volta aos Emirados Árabes Unidos
29 de Fevereiro: Omloop Het Nieuwsblad (Bélgica)
7 de Março: Strade Bianche (Itália)
8 a 15 de Março: Paris-Nice (França)
11 a 17 de Março: Tirreno-Adriatico (Itália)
21 de Março: Milano-Sanremo (Itália)
23 de 29 Março: Volta à Catalunha (Espanha)
25 de Março: AG Driedaagse Brugge-De Panne (Bélgica)
27 de Março: E3 BinckBank (Bélgica)
29 de Março: Gent-Wevelgem (Bélgica)
1 de Abril: Através da Flandres (Bélgica)
5 de Abrill: Volta a Flandres (Bélgica)
6 a 11 de Abril: Volta ao País Basco (Espanha)
12 de Abril: Paris-Roubaix (França)
19 de Abril: Amstel Gold Race (Holanda)
22 de Abril: La Flèche Wallonne (Bélgica)
26 de Abril: Liège-Bastogne-Liège (Beégica) 
28 de Abril a 3 de Maio: Volta à Romandia (Suíça)
1 de Maio: Eschborn-Frankfurt (Alemanha)
9 a 31 de Maio: Volta a Itália
10 a 16 de Maio: Volta à Califórnia (EUA)
31 de Maio a 7 de Junho: Critérium du Dauphiné (França)
6 a 14 de Junho: Volta à Suíça
27 de Junho a 19 de Julho: Volta a França
5 a 11 de Julho: Volta à Polónia
25 de Julho: Clássica de San Sebastian (Espanha)
14 de Agosto a 6 de Setembro: Volta a Espanha
16 de Agosto: EuroEyes Cyclassics Hamburg (Alemanha)
16 de Agosto: Prudential RideLondon-Surrey Classic (Grã-Bretanha)
23 de Agosto: Bretagne Classic - Ouest-France (França)
31 de Agosto a 6 de Setembro: BinckBank Tour (Bélgica)
11 de Setembro: Grande Prémio de Quebéque (Canadá)
13 de Setembro: Grande Prémio de Montreal (Canadá)
10 de Outubro: Il Lombardia (Itália)
15 a 20 de Outubro: Gree - Volta a Guangxi (China)

Calendário World Tour feminino:

1 de Fevereiro: Cadel Evans Great Ocean Road Race (Austrália)
7 de Março: Strade Bianche (Itália)
15 de Março: Ronde van Drenthe (Holanda)
22 de Março: Troféu Alfredo Binda – Comune di Cittiglio (Itália)
26 de Março: AG Driedaagse Brugge – De Panne (Bélgica)
29 de Março: Gent-Wevelgem (Bélgica)
5 de Abril: Volta a Flandres (Bélgica)
19 de Abril: Amstel Gold Race (Holanda)
22 de Abril: La Flèche Wallonne (Bélgica)
26 de Abril: Liège-Bastogne-Liège (Bélgica)
7 a 9 de Maio: Volta à Ilha de Chongming (China)
14 a 16 de Maio: Volta à Califórnia (EUA)
8 a 13 de Junho: OVO Energy Women’s Tour (Grã-Bretanha)
26 de Junho a  5 de Julho: (Volta a Itália)
10 de Julho: La Course by Le Tour de France (França)
8 de Agosto: Postnord UCI WWT Vårgårda West Sweden TTT (Suécia)
9 de Agosto: Postnord UCI WWT Vårgårda West Sweden RR (Suécia)
13 a 16 de Agosto: Volta à Noruega
22 de Agosto: GP de Plouay – Lorient Agglomération Trophée WNT (França)
25 a 30 de Agosto: Boels Ladies Tour (Holanda)
5 a 6 de Setembro: Ceratizit Madrid Challenge by La Vuelta (Espanha)