Ruben Guerreiro foi quarto classificado no sprint, depois de muitos quilómetros em fuga
e de ter tentado afastar-se do grupo (Fotografia: © PhotoGomezSport/La Vuelta) |
O murro no guiador ao cortar a meta no quarto lugar, demonstrou uma natural frustração de quem muito trabalhou, de quem arriscou numa estrada molhada, debaixo de chuva, de quem foi um verdadeiro guerreiro, numa etapa em que a fuga triunfou novamente na Vuelta.
Não foi desta que ganhou, naquela que está a ser a sua estreia numa grande volta. Mas este é o Ruben que em 2017, quando entrou no World Tour pela porta da Trek-Segafredo, foi incluído no grupo dos "rookies" a seguir com muita atenção. Começou bem numa Austrália que nas épocas seguintes sempre foi um bom ponto de partida para o português. Mas também rapidamente começaram os percalços que o afastavam a competição e a afirmação.
Guerreiro é um dos muitos ciclistas de qualidade que estiveram na Hagens Berman Axeon. Numa entrevista ao Volta ao Ciclismo em 2016, o director da equipa Axel Merckx disse sobre o português: "Ele é um dos maiores talentos que está aí. Ele deu sinais de ser um pouco frágil, mas isso não faz mal. Ele irá aprender a viver como um ciclista profissional e perceber que entrar no World Tour não é suficiente. Ele terá de evoluir e ficar mais forte."
De facto, essa fragilidade tem sido o problema para Ruben Guerreiro. Parece que sempre que começa a aproximar-se de grandes momentos, algo mau acontece. Porém, Merckx também disse que acreditava iria conseguir tornar-se num ciclista mais forte. Além da Austrália, Guerreiro esteve muito bem em provas como Volta à Califórina, Turquia, Algarve, entre outras. E claro, sem esquecer como da primeira vez que participou no Campeonato Nacional de elite, ganhou, num difícil circuito por Gondomar, em 2017. Foi um dos melhores ciclistas daquele escalão a surgir em Portugal nos últimos anos e tinha de o ser para ser chamado por Merckx e dois anos depois dar o salto mais desejado.
Não tem sido fácil para Ruben Guerreiro acompanhar as elevadas expectativas. Após dois anos muito inconstantes na Trek-Segafredo, Ruben optou por uma mudança para uma Katusha-Alpecin, com um português como director, José Azevedo, além de ter José Gonçalves no plantel.
Não tem sido a melhor das equipas nos últimos anos, mas talvez podendo ter um perfil mais discreto tenha ajudado Ruben Guerreiro a encontrar alguma estabilidade e a afastar-se da pressão e afastar os azares que o perseguiam. Assinou por apenas um ano, ficando claro que tinha de se mostrar para poder continuar ao mais alto nível. E está a fazê-lo e não apenas na Vuelta, mas claro que uma grande volta é um palco com outro mediatismo.
Está na 21ª posição, a mais de 11 minutos e já esteve no top 20, mas a geral não é a preocupação do português, que está com liberdade para fazer a sua corrida. Na difícil subida de Javalambre na quinta etapa, Ruben esteve muito bem, terminando na 15ª posição. Este sábado esteve ainda melhor.
Está na 21ª posição, a mais de 11 minutos e já esteve no top 20, mas a geral não é a preocupação do português, que está com liberdade para fazer a sua corrida. Na difícil subida de Javalambre na quinta etapa, Ruben esteve muito bem, terminando na 15ª posição. Este sábado esteve ainda melhor.
O futuro da Katusha-Alpecin é incerto, mas com exibiçōes deste nível numa estreia na Vuelta adiada há ano, talvez o futuro de Ruben possa ficar mais certo no World Tour, um escalão que tantas vezes não perdoa quem demora mais tempo a afirmar-se, mas que continua a ser o lugar deste promissor ciclista de 25 anos. Chegou a hora de Ruben Guerreiro destacar-se.
9ª etapa: Andorra la Vella - Cortals d'Encamp (94,4 quilómetros)
Este domingo será um daqueles dias que se tornou imagem de marca da Vuelta: etapa curta e sempre a subir e descer! Apesar de ainda se estar a terminar a primeira semana da corrida, não é dia para o quarteto da frente falhar. E se alguém quer reentrar na luta pela geral, eis um perfil de etapa a pedir ataques.
Pela terceira vez, Miguel Ángel López vestiu a camisola vermelha para no dia seguinte perdê-la. Desta feita para Nicolas Edet (Cofidis), um dos homens da fuga do dia e que teve o alemão Nikias Arndt (Sunweb) a ser o mais forte no sprint final. No entanto, sendo uma etapa tão curta, não altera em nada a responsabilidade da Astana de López - que não arriscou nada com a chuva na parte final da etapa e não se importou de perder bastante tempo para o novo líder -, da Movistar de Alejandro Valverde e Nairo Quintana e da Jumbo-Visma de Primoz Roglic. O esloveno deverá ser o alvo a abater, pois na terça-feira é dia de contra-relógio e não há rival que não o queira ver com uma margem de diferença maior possível.
Quanto à Cofidis, com Edet a ter ganho uma vantagem maior do que seria de esperar muito devido à chuva nos quilómetros finais - tem 3:01 minutos para López, com Dylan Teuns (Bahrain-Merida) a andar num iô-iô nesta classificação, de líder passou para 18º e agora é segundo, a 2:21 - a equipa francesa poderá tentar ajudar o ciclista a pelo menos ir para o dia de folga como líder, mas muito dependerá se Edet recupera do esforço deste sábado (Valls-Igualada, 166,9 quilómetros), mas não será uma missão nada fácil. Até Quintana está a prometer atacar!
Quanto às cinco difíceis subidas deste domingo, o destaque vai para a categoria especial de Coll de la Gallina (imagem à direita). Serão 12,2 quilómetros de ascensão, com uma pendente média de 8,3%. Entre o quilómetro três e 11, o melhor que os ciclistas terão são pendentes a 7%, estando várias vezes acima dos 10%.
A subida final, Cortals d’Encamp, terá 5,7 quilómetros, com pendente média de 8,3%, sendo a fase inicial a mais complicada. Porém, atenção à aproximação, pois o piso será em gravilha, cerca de quatro quilómetros, segundo o director da corrida Fernando Escartín.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
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A subida final, Cortals d’Encamp, terá 5,7 quilómetros, com pendente média de 8,3%, sendo a fase inicial a mais complicada. Porém, atenção à aproximação, pois o piso será em gravilha, cerca de quatro quilómetros, segundo o director da corrida Fernando Escartín.
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