7 de março de 2019

"No ciclismo nunca se sabe quando será a última oportunidade"

Regressar a Portugal está a ser especial para Antonio Angulo. Não só assinou novamente por uma equipa Continental, como foi por cá que conquistou uma das principais vitórias da sua carreira, na Volta à Bairrada. O espanhol tem mudado de equipa quase todos os anos e considera que a Efapel lhe deu uma oportunidade que tem de agarrar, esperando encontrar alguma estabilidade. Está determinado em adaptar-se rapidamente às exigências de uma estrutura que, não só quer apostar forte em 2019 com vista em quebrar a hegemonia da W52-FC Porto, como vai pensando em crescer num futuro próximo. Depois de feita adaptação e de conquistar a forma física desejada, Angulo quer retribuir a confiança depositada nele com um bom trabalho para a equipa e também com uns bons resultados pessoais.

Angulo tinha somado várias vitórias em Espanha, mostrando um promissor cartão de visita que lhe valeu um contrato com a então LA Alumínios-Metalusa-BlackJack. O ciclista, agora com 27 anos, não esquece como venceu uma etapa e a geral na Volta à Bairrada, mas considera que sofreu muitos contra-tempos naquele ano de 2017. A equipa acabaria por sofrer uma forte reformulação para o ano seguinte - é a actual Vito-Feirense-PNB -, com Angulo a regressar ao seu país, para correr pela C.C.Rias Baixas. Foi a sua quinta formação em seis anos, incluindo um estágio na Israel Cycling Academy em 2015. "Não tenho tido continuidade como profissional e é necessária para se ser capaz de dar tudo", admitiu ao Volta ao Ciclismo. Nova mudança em 2018, com nova subida ao terceiro escalão. "São as primeiras semanas na Efapel e oxalá possa ficar aqui muitos anos, pois aqui, a equipa é uma família", salientou.

É o primeiro a assumir que tem de estar no seu melhor se quer garantir mais estabilidade na carreira e com a Efapel como casa. "Quando se tem grandes responsabilidades, também significa que confiam em ti e acreditam que tens potencial. Tenho aqui a oportunidade para aprender a lidar com essa pressão e tornar-me num melhor ciclista", disse. Angulo elogiou o nível de toda a estrutura da equipa liderada por Américo Silva, tendo estreado-se com o popular equipamento amarelo na Volta ao Algarve.

"Primeiro temos de confiar em nós próprios, senão será difícil. Mas estamos convencidos que poderemos lutar pela Volta a Portugal"

O ciclista realçou como passa por um momento de adaptação, mais um, como tem acontecido nas últimas épocas: "É difícil inicialmente entrar num grupo que está feito e consolidado há vários anos, mas graças aos meus companheiros, todos os dias se torna mais fácil. Mostram grande carinho por mim e ajudam-me a integrar. Acho que aqui vou estar muito bem este ano." Garantiu que procura ter "um ano memorável", esperando lutar por vitórias em corridas que se adapta bem, como algumas clássicas ou a Volta ao Alentejo.

Com Espanha a fazer parte do itinerário da Efapel, Angulo não esconde que o motiva ter a possibilidade de correr no seu país numa equipa mais competitiva. Espera estar a 100% nessa altura da temporada e explicou que tipo de corridas lhe assentam melhor: "Gosto de corridas selectivas. Não com subidas muito longas, mas com pequenos topos, que seleccionem o pelotão e assim posso conseguir vitórias em grupos reduzidos graças à minha rápida ponta final."

Angulo não hesita em considerar que lhe foi dada uma segunda oportunidade, agora que assinou novamente por uma equipa Continental. "Tenho a consciência que tenho de a aproveitar ao máximo. No ciclismo nunca se sabe quando será a última oportunidade e quero que esta seja aquela que preciso para crescer", frisou. Acrescentou que o director desportivo lhe pediu para "que aprenda com todos os companheiros e que dê o máximo". Não escondendo que ambiciona algum sucesso pessoal, é, contudo, no colectivo que mais pensa.

A Efapel recuperou Joni Brandão para liderar no objectivo principal de 2019: a Volta a Portugal. Porém, com uma W52-FC Porto a ter um colectivo que não tem dado hipóteses, a equipa procurou reforçar-se com ciclistas que possam dar garantias quando o frente-a-frente mais importante do ano chegar. Angulo, que fez a Volta em 2017, acredita que a Efapel vai estar preparada para enfrentar a equipa que tem dominado em Portugal. "Primeiro temos de confiar em nós próprios, senão será difícil. Mas estamos convencidos que poderemos lutar pela Volta a Portugal e vamos trabalhar para que nessa corrida estejamos ao melhor nível", referiu.

Angulo foi um dos quatro reforços da Efapel, que contratou ainda o campeão búlgaro Nikolay Mihaylov (ex-Delko Marseille Provence KTM) e o experiente ciclista uruguaio Fabricio Ferrari (ex-Caja Rural). A equipa está a preparar-se para a sua quarta corrida do ano. A primeira foi na Volta à Colômbia, ao lado de algumas equipas World Tour. Seguiu-se o calendário nacional, com a Prova de Abertura Região de Aveiro e Volta ao Algarve. Ainda não soma vitórias, como aliás acontece com as restantes formações nacionais. Domingo é dia de Clássica da Primavera. Uma semana depois realiza-se a Clássica da Arrábida e na quarta-feira seguinte, no dia 20, começa a Volta ao Alentejo.

»»"Não vou mentir, não é que estivesse a ficar desmotivado, mas já eram muitos anos a ter os mesmos objectivos"««

»»"Pensava em júnior que era um bom ciclista, mas quando damos um salto destes, percebemos que há muito pela frente"««

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