26 de fevereiro de 2020

"Foi uma semana muito importante no Algarve"

Foi uma semana de intenso trabalho no Algarve para Nils Politt. Além da corrida, o alemão dedicou-se a fazer quilómetros, a pensar nas clássicas que se aproximam. Há um ano, Politt foi dos melhores ciclistas nesta fase da temporada, mas faltou-lhe uma vitória. Porém, ficar em segundo no Paris-Roubaix não foi razão para desanimar. Pelo contrário. Mais do que nunca, o ciclista acredita que pode ganhar, realçando que na Israel Start-Up Nation há um estado de espírito diferente daquele que existia na Katusha-Alpecin.

Depois de arrancar a sua época nas provas de um dia espanholas, Politt viajou até Portugal. No sul do país, ficou bem patente a sua dedicação em apresentar-se forte nas clássicas, com a primeira, Omloop Het Nieuwsblad, a realizar-se já este sábado. O alemão, de 25 anos, chegou a optar por pedalar do hotel em Portimão para a partida e depois de cortar a meta, regressou novamente na sua bicicleta. Fez isso, por exemplo, no segundo dia da Volta ao Algarve, quando o pelotão partiu de Sagres e terminou no Alto da Fóia. Além dos 183,9 quilómetros da etapa, o alemão fez mais cerca de 88 por abdicar do conforto do autocarro da equipa.

"Foi uma semana muito importante no Algarve. Penso que o trabalho ficou feito. Para evoluir [fisicamente] esta semana foi muito boa. Fiquei muito satisfeito nas etapas, mas também no contra-relógio. Saio daqui confiante para as próximas semanas", referiu Politt ao Volta ao Ciclismo, realçando como estava satisfeito com o seu tempo no contra-relógio, no qual foi nono, a 47 segundos de Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep). O ciclista elogiou a corrida algarvia, considerando que as tiradas são boas, tanto por haver algumas com subidas e outras com uma quilometragem maior. E claro, há um pormenor que agrada a todos: "Está sempre bom tempo aqui!"

Para Politt, aproveitar o sol e as temperaturas bem amenas que marcaram a semana passada no Algarve, significou estar de olhos postos nos grandes objectivos que se aproximam. Porém, salientou que não tem intenção de se apresentar a 100% já este fim-de-semana, ou depois no Paris-Nice, pois quer apresentar-se no seu melhor daqui a um mês, quando arrancar o principal bloco de clássicas, como o monumento Milano-Sanremo, E3 BinckBank, Através da Flandres e claro, os dois monumentos a que mais aponta: Volta a Flandres e Paris-Roubaix. "Sinto-me muito, muito bem", garantiu.


"Os ciclistas estão motivados para ajudarem-se uns aos outros e isso faltou um pouco nos últimos dois anos na Katusha"

Em 2019, Politt esteve perto de surpreender em Paris-Roubaix. Foi com Philippe Gilbert até ao velódromo, onde acabou por ser batido pelo belga. O alemão não esconde que fica sempre alguma frustração, mas realçou que também passou a acreditar ainda mais que pode vencer. "Eu quero ganhar o Paris-Roubaix. Não sei se será este ano porque é muito difícil, mas sei que o que fiz nas clássicas no ano passado foi muito bom e espero repetir", afirmou. Contudo, não quer criar demasiada expectativa: "Não vou colocar muita pressão sobre mim mesmo. Sei que estou forte e que vou dar o meu melhor."

Depois de uma primeira fase de temporada em 2019 de muita qualidade - com destaque, além do segundo lugar em Roubaix, para o quinto na Volta a Flandres na semana anterior e o sexto na E3 BinckBank - Politt viveu uma situação mais tensa quando foi informado que a Katusha-Alpecin não tinha o futuro garantido. Era um dos ciclistas com contrato para 2020, mas tal não dava garantias com a saída de patrocinadores.

No entanto, o alemão disse que estava tranquilo. "Estava confiante que o assunto se ia resolver. Eu sabia os resultados que tinha tido. Sabia que ia encontrar uma equipa. Mas claro que para todos os membros do staff e para os ciclistas foi muito difícil. Não foi bom e espero não passar por nada igual na carreira. Mas tudo acabou bem e estou entusiasmado por competir esta época pela Israel Start-Up Nation", disse.

Na equipa que subiu de escalão ao comprar a licença da Katusha-Alpecin, ficando com maioria dos ciclistas que tinham contrato para esta temporada, vive-se um ambiente diferente da formação anterior: "Os ciclistas estão motivados para ajudarem-se uns aos outros e isso faltou um pouco nos últimos dois anos na Katusha. Todos aqui estão felizes. Essa felicidade está a ser motivadora para todos e facilita a nossa vida." Para Politt, isso também significa estar satisfeito com o apoio que acredita que terá dos seus companheiros nas corridas que se aproximam: "Tenho o apoio necessário. Estamos todos desejosos que comece a época de clássicas. Estão todos numa grande forma."

Recordou como o início de temporada está a ser positivo para a estrutura israelita, com duas vitórias conquistadas (uma etapa na Volta a San Juan, por Rudy Barbier, e na Volta a Antalya, por Mihkel Räim), esperando que André Greipel e Ben Hermans recuperem rapidamente das respectivas lesões. "Estamos a mostrar que somos fortes e isso é bom ver, porque também ajudar a fortalecer ainda mais a equipa", disse. Politt acredita que durante 2020 irá ver-se a Israel Start-Up Nation a lutar por bons resultados, reiterando a qualidade dos ciclistas que estão na equipa. "Vamos ver a Israel Start-Up Nation fazer umas boas corridas", assegurou.

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