20 de junho de 2020

Lutar pela geral no Tour? Bardet nem quer ouvir falar disso

© ASO/Pauline Ballet
Romain Bardet foi um dos ciclistas que viu os seus objectivos serem alterados com a paragem da temporada devido à pandemia. O francês estava expectante em estrear-se no Giro, esperando que os ares de Itália pudessem ter o mesmo efeito de relançamento da carreira como aconteceu com o compatriota Thibaut Pinot, da Groupama-FDJ. Porém, Bardet vai mesmo ter de ir novamente ao Tour, mas nem lhe falem em lutar pela geral e também não vale a pena pressionar sobre a continuidade na AG2R. O francês não fecha a porta a uma mudança de equipa e já terá interessados.

Desde que se tornou profissional, em 2012, que Bardet representa a mesma equipa. Não demorou muito a tornar-se numa esperança francesa, na eterna busca por um ciclista da casa que volte a ganhar o Tour. A espera dura desde 1985. Bardet nem era nascido. Aos 29 anos, o ciclista até terá ponderado terminar a carreira depois de um 2019 que desiludiu, principalmente na Volta a França. A pressão que recai em si é sempre enorme e mesmo tendo ganho a classificação da montanha, não apagou o Tour fraco que realizou. O próprio admite que não o satisfez plenamente conquistar a prestigiada e muito famosa camisola das bolas vermelhas. 

Foi segundo em 2016 e terceiro em 2017 na geral. Os franceses sonhavam, o que significava que os franceses pressionavam cada vez mais. Não conseguiu confirmar o estatuto de candidato nos dois anos seguintes e nem quer ter um em 2020. "Não quero enfrentar o Tour como fiz nos últimos sete ou oito anos. Vou preparar-me bem, mas não quero fazer planos ou ter objectivos traçados", afirmou ao jornal La Montagne, citado pelo Cyclingnews. "Vou ser mais agressivo, não quero focar-me na classificação geral. Vou surgir sem pressão", acrescentou, recordando como preparou 2020 sem pensar no Tour, pois o plano passava pelo Giro.

De certa forma, Bardet quer competir como o fez nos seus melhores tempos. É um ciclista que sabe ser agressivo, que gosta de atacar, sem estar preso a uma responsabilidade maior, que pode obrigar a uma maior contenção na forma de estar nas corridas. Foi assim que alcançou os seus melhores resultados. Quando a responsabilidade aumentou e a pressão para estar na luta pela amarela tomou conta da imprensa francesa, Bardet começou a fraquejar, um pouco à imagem do que aconteceu com Pinot.

O problema demonstrou ser mais a nível mental do que físico. Bardet também possa dizer que tendo uma equipa forte, não tem o nível para competir com uma Ineos ou Movistar, por exemplo. A ida ao Giro seria a forma de se libertar da pressão francesa. Poucos duvidaram que era a escolha mais do que correcta para Bardet tentar relançar a carreira.

Mudança de equipa?

Os planos são agora diferentes e poderão passar por uma mudança de equipa no final de 2020. Bardet é um dos muitos notáveis do pelotão em final de contrato. O seu empresário, Joona Laukka, afirmou ao Cyclingnews que o ciclista quer saber o projecto para o futuro da AG2R antes de tomar uma decisão, mas está aberta a porta a assinar por outra equipa.

Aqui entra a Sunweb. A equipa alemã vê no francês um bom reforço para um lugar deixado vago pela saída de Tom Dumoulin e numa altura que se prepara para ficar sem o jovem Sam Oomen e Wilco Kelderman, ciclistas que procuram também eles novos ares. O antigo companheiro de Bardet na AG2R, Nicolas Roche já afirmou que Bardet encaixaria muito bem na filosofia da Sunweb. O francês até estará a planear levar com ele Mikaël Cherel, que está igualmente em final de contrato com a AG2R.

Sobre este possível interesse, Laukka limitou-se a dizer que a Sunweb sabe que Bardet está em final de contrato. Contudo... "Ele está à procura de outra opções, mas uma delas é ficar [na AG2R]." O ciclista aguarda pelo proposta da actual equipa, com o empresário a afirmar que as negociações finais vão ocorrer em breve.

Sair da área de conforto é algo que claramente Bardet está à procura nesta fase na carreira, a começar com os objectivos nas corridas, mas não seria uma surpresa total se optasse por uma nova equipa. Já a AG2R continua a acreditar no seu ciclista e no imediato não tem um atleta que dê as mesmas garantias. Pierre Latour venceu a classificação da juventude no Tour em 2018, mas não aproveitou a oportunidade de liderança que lhe foi dada na Vuelta no ano seguinte. Este ano iria ser a aposta para o Tour. Também está em final de contrato com a AG2R, com Alexis Vuillermoz, Oliver Naesen e Benoît Cosnefroy a já terem renovado.

A equipa foi buscar Tony Gallopin em 2018 quando percebeu que este ciclista estava a tentar transformar-se num voltista, mas não demorou a ter a certeza que o regresso a um pódio na Volta a França será sempre uma maior possibilidade com Bardet na equipa, principalmente se conseguir recuperar mentalmente o ciclista.


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