3 de fevereiro de 2020

Martingil e Figueiredo com experiência importante na Argentina

Frederico Figueiredo foi o melhor na geral da equipa
Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel (Fotografia: Facebook Vuelta a San Juan)
A Atum-General-Tavira-Maria Nova Hotel sabe o que é competir ao lado de equipas do World Tour. Mas é bastante diferente fazê-lo em altitudes como 887 metros do Alto da Fóia na Volta ao Algarve (comparando com a corrida portuguesa que recebe as formações do principal escalão), ou ter de enfrentar mais de dois mil metros, como aconteceu na Argentina no Alto do Colorado (a Serra da Estrela tem 1993 metros de altitude). A participação na Volta a San Juan é por isso importante para os ciclistas que Vidal Vitas chamou para a longa viagem, mas que de outra forma dificilmente teriam contacto com uma realidade que para muitos dos corredores ao mais alto nível é quase obrigatório quando se fala de estágios em altitude.

Frederico Figueiredo entrou numa temporada importante para a sua carreira aos 28 anos, pois será assumidamente o líder da equipa. Porém, houve outro português a partilhar a atenção na corrida de San Juan. César Martingil não se intimidou por ter de disputar os sprints com Fernando Gaviria (UAE Team Emirates) ou Peter Sagan (Bora-Hansgrohe), por exemplo. Não só tentou sprintar, como teve colegas a trabalharem muito para o deixar bem colocado e chegou-se a ver inclusivamente a formação do Tavira a impor algum ritmo. Quando a ajuda terminava, há que destacar como o jovem português se esforçou por encontrar as "melhores rodas", que é como a quem diz, seguir de perto um dos principais candidatos.

Apesar da indefinição que chegou a marcar o futuro do Tavira quando o Sporting decidiu não continuar a parceria, o director desportivo Vidal Fitas conseguiu segurar a maioria das principais figuras. Tiago Machado e José Mendes saíram, mas Frederico Figueiredo tem sido quem melhores resultados alcança. Já Martingil é um dos poucos sprinters que vão surgindo em Portugal.

Por cá o calendário não é extenso e não tem muitas corridas que se possa dizer que são claramente para este tipo de ciclistas. Martingil tem-se destacado, mesmo quando era sub-23. Certamente que não esquecerá como ficou tão perto de ganhar uma etapa na Volta a Portugal há dois anos, ainda que noutra especialidade, no contra-relógio. O facto de apostar muito na pista contribui e muito com que seja um velocista de qualidade e em San Juan quis aproveitar mais esta oportunidade para aprender com algumas referências mundiais. Em 2019 deu uma das duas vitórias à equipa, ao vencer a Clássica da Primavera, mas pelo que se viu em San Juan quer muito mais em 2020.

Nas etapas ao sprint ficou sempre no top 20, tendo sido oitavo no segundo dia em Pocito. Dificilmente se poderia pedir mais. Regressará a Portugal com outro ritmo e com quilómetros feitos em altitude, que podem fazer a diferença no arranque de temporada por cá. A 16 de Fevereiro, na Prova de Abertura Região de Aveiro, o pelotão nacional vai para a estrada.

Quanto a Frederico Figueiredo, terminou na 33ª posição, a 7:29 minutos do fenómeno Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep). Mesmo sendo apenas as primeiras corridas do ano, ficou claro como este jovem belga já está num ponto de forma muito alto, com Nelson Oliveira a ser o melhor português. O ciclista da Movistar esteve muito bem, numa das poucas provas em recebeu liberdade para lutar por um bom resultado: sexto, a 2:27 do vencedor. Figueiredo procurou o seu ritmo na etapa rainha (a quinta), numa daquelas subidas que não é de inclinações de fazer quebrar o melhor dos trepadores, mas sendo constante e dada a altitude, causou muitos problemas, até para quem está mais habituado à realidade sul-americana.

O problema chamou-se Evenepoel, que quando acelerou para apanhar o grupo da frente e depois para tentar garantir que não sofria ataques, fez com que Frederico Figuereido perdesse 4:09 minutos. Porém, a experiência foi valiosa para este ciclista, que este ano não ficará preso a ajudar ninguém.

Em 2019 o Tavira viajou à Argentina, mas nem Figueiredo, nem Martingil foram chamados. Só Alejandro Marque e Aleksandr Grigorev repetiram a presença e o espanhol esteve muito activo na ajuda aos dois portugueses. Foi a primeira equipa lusa a entrar em acção em 2020, seguindo-se a Efapel que também se prepara para uma viagem ao outro lado do oceano. Tal como há um ano irá arrancar a época na Colômbia (de 11 a 16 de Fevereiro).



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