19 de fevereiro de 2020

"Conheço a Fóia de olhos fechados"

Emanuel Duarte quando venceu a primeira etapa da Volta a Portugal do Futuro
© Podium/Paulo Maria
Não é qualquer um que pode dizer que começa a época a correr em casa, na corrida de categoria mais alta em Portugal - a Volta ao Algarve - e ao lado de ciclistas como Mathieu van der Poel, Vincenzo Nibali, Remco Evenepoel, Geraint Thomas ou Miguel Ángel López. O que Emanuel Duarte mais quer é no final da etapa da Fóia ver o seu nome junto das grandes figuras. Não entra em euforias, mas lá avisa que se há subida que conhece é a da Serra de Monchique e que tudo vai fazer para aguentar o máximo possível ao lado de algumas das referências mundiais que estão na Algarvia.

O corredor da LA Alumínios-LA Sport pode agora dizer que é um dos atletas emergentes do ciclismo nacional, depois de um 2019 memorável. Natural de Portimão, não escondeu o quanto é especial poder dar as primeiras pedaladas oficiais da temporada em casa e logo na Volta ao Algarve. Claro que se falou da etapa da corrida que melhor assenta às suas características e está tudo muito bem estudado, como revelou ao Volta ao Ciclismo: "Conheço a Fóia de olhos fechados. Na Pomba acho que vai ficar tudo partido lá. A parte inicial [da Fóia] é muito inclinada [máxima de 9,3%], é preciso ter pernas para aguentar o ritmo forte. Acho que vão ver-se ali os primeiros ataques. Depois há uma parte mais rolante e a seguir é sempre constante, 6/7% até lá acima."

A colocação será por isso chave, além de boa condição física. Um dos aspectos fundamentais da segunda etapa é a subida da Pomba ficar imediatamente antes da Fóia. Ou seja, se alguém perder contacto com a frente da corrida, não terá muito tempo para recuperar. A Fóia tem cerca de 7,5 quilómetros categorizadas, numa etapa de 183,9, com Sagres a regressar à Algarvia, agora como local de partida de uma tirada.

Já quando se fala do Malhão (quarta etapa, no sábado), Emanuel Duarte não esconde que não lhe agrada tanto. Pede mais "explosão", o que não beneficia o ciclista. "O Malhão já não é muito ao meu jeito, é uma subida explosiva e agora tem um alcatrão novo. Parece que agarra ainda mais. É uma subida complicada", contou. Mas ficou a garantia: "Vou tentar andar bem. Treinei muito para estar aqui na melhor condição possível. Claro que é complicado ao ser a primeira prova da época, mas vamos ver como estão as pernas. E optimista que vão estar boas!"


"Não somos uma equipa qualquer. Podemos lutar por vitórias e acho que este ano temos hipótese de ganhar, ir para as fugas e lutar por camisolas e mesmo pelas gerais"

Na Volta ao Algarve, Emanuel Duarte quer arrancar para uma época forte, apostando muito nas provas por etapa. Reconhece que depois de vencer a classificação da juventude da Volta a Portugal e pouco depois a Volta a Portugal do Futuro, é um corredor que receberá mais atenção. "Este ano vai ser uma etapa nova para mim. É o primeiro ano de elite, já não vou lutar pela juventude na Volta a Portugal. Vamos ter de encarar para a geral. Tenho a mentalidade de tentar fazer do que no ano passado", afirmou. Na Volta, isso significará ir além do 17º lugar.

Como principais objectivos até à Volta, o ciclista de 23 anos tem o Grande Prémio das Beiras e Serra da Estrela (17 a 19 de Abril), Abimota (10 a 14 de Junho) e o Troféu Joaquim Agostinho (16 a 19 de Julho). E que não restem dúvidas, depois dos resultados alcançados no ano passado, a LA Alumínios-LA Sport está com a confiança em alta e já não pensa apenas em entrar em fugas e mostrar a camisola. Agora qualquer um dos ciclistas sabe que é possível vencer. "Não somos uma equipa qualquer. Podemos lutar por vitórias e acho que este ano temos hipótese de ganhar, ir para as fugas e lutar por camisolas e mesmo pelas gerais."

Por momentos recuou-se ao momento em que subiu ao pódio numa Avenida dos Aliados com muito público, num ambiente incrível para o final da Volta a Portugal, em Agosto. Emanuel Duarte parecia então que estava com dificuldades em acreditar que ali estava a vestir a camisola branca da juventude. "Não estava nada à espera. Foi um sonho...", confessou. Realçou como tinha ido para a corrida com a missão de ajudar António Barbio, mas na etapa rainha tudo mudou. "Na Serra da Estrela, tive pernas e vi que tinha a oportunidade para lutar pela juventude e a partir daí começou um sonho e lutei por ele até ao fim e consegui. Na Volta a Portugal do Futuro sabia que tinha hipóteses, que estava em boa forma depois da Volta a Portugal, mas mais uma vez não estava à espera de conseguir ganhar", recordou.

Estas vitórias foram importantes para o projecto da LA Alumínios-LA Sport, que tem Hernâni Brôco como director desportivo. Porém, Emanuel Duarte rapidamente recusa ficar com o mérito todo, pois foi uma temporada positiva para a equipa em geral. Exemplificou como o facto de David Ribeiro ter andado um dia como líder da montanha na Volta ao Algarve ter sido muito relevante. "Pode ter sido só um dia, mas marcou o nome da LA para o resto da época", frisou, não esquecendo como o mesmo ciclista repetiu o feito na Volta a Portugal.

Com a equipa a querer continuar a crescer e a consolidar-se como formação Continental, este ano chegou um ciclista a quem experiência não falta. Emanuel Duarte não hesita e elogiar e a valorizar a contratação de Bruno Silva, antigo corredor da Efapel. "Tem muita experiência, já ganhou a camisola da montanha na Volta a Portugal... Não é um ciclista qualquer para dar apoio. Em certos momentos vai saber manter a calma e a experiência dele vai ser muito importante para nós", referiu.

Aqui ficam os ciclistas que estão na Volta ao Algarve, com os respectivos dorsais: 211-Emanuel Duarte, 212-Gonçalo Leaça, 213-André Ramalho, 214-David Ribeiro, 215-Marvin Scheulen, 216-Bruno Silva, 217-Miguel Salgueiro.


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