© Unipublic/Charly López/La Vuelta |
Na 14ª etapa da Vuelta, Wellens fez valer as suas credenciais. E pela segunda vez na corrida. Dois triunfos, este último com uma lição de bom planeamento táctico à mistura. A forma como atacou a derradeira subida até à meta, forçando Michael Woods (EF Pro Cycling) a fazer a última curva por fora e assim tirando a hipótese do canadiano vencer, foi o exemplo de como estudar ao pormenor uma etapa pode fazer toda a diferença.
Depois, a qualidade de Wellens fez o resto. É um ciclista com capacidade para acelerações em subidas de pendentes médias, sendo mesmo dos mais fortes do pelotão neste tipo de terreno. O problema de Wellens é nem sempre conseguir estar bem colocado no grupo, ou não conseguir entrar nas fugas certas.
Por isso, aos 29 anos, o palmarés de Wellens é mais escasso do que o potencial que desde jovem revelou ter, chegando a fechar top dez no Tour de l'Avenir. No entanto, desde 2014 que, mesmo em épocas menos produtivas, consegue sempre pelo menos uma grande vitória.
Soma dois Eneco Tour, uma Volta à Polónia e em 2018 fez com que se falasse novamente na possibilidade de eventualmente apostar nas gerais das grandes voltas ao vencer a Ruta del Sol e a Volta à Valónia. Mas não mudou a sua forma de estar. Sempre preferiu, nas três semanas, perseguir etapas. E tem quatro: duas no Giro (2016 e 2018) e agora duas na Vuelta. Não será difícil de calcular que vai colocar como objectivo de também ele entrar na lista de ciclistas com vitórias nas três grandes. Fica a faltar o Tour.
Nas clássicas, é um crónico candidato na Liège-Bastogne-Liège entre os belgas, mas tem sido na Lombardia que tem ficado mais perto de uma vitória num monumento. No World Tour, foi em Montréal que alcançou a sua principal conquista em clássicas. Mas neste tipo de provas, continua a exigir-se mais a Wellens.
Mas não é um ciclista para se deixar levar pela pressão. Gosta de competir mediante a sua vontade. Quando está bem, a Lotto Soudal tem um ciclista sempre na luta por vitórias, mas tem momentos em que desaparece no pelotão e passam-se semanas sem que faça resultados de nota.
A sua personalidade forte, sempre pronto a dizer o que pensa sem filtros, fazem dele um dos ciclistas de referência do pelotão mundial e a Lotto Soudal não tem dúvidas como é importante mantê-lo na equipa. Tem contrato até 2022 e será só esperar para alcançar mais umas grandes vitórias.
Uma delas não será a camisola da montanha da Vuelta. Já a vestiu, até acabou por admitir que estaria interessado em lutar por ela, mas rapidamente Guillaume Martin (Cofidis) se assumiu como o mais forte neste classificação. O francês está bem encaminhado para ganhar, mas ainda não pode relaxar.
Na etapa desta quarta-feira, a segunda mais longa - Lugo - Ourense, 204,7 quilómetros - nada mudou entre os candidatos à vitória final, ou nas restantes classificações. Não foi um dia de descanso, pelo ritmo mais uma vez elevado e o frio que se fez sentir, mas poderá ter servido de transição para a recta final de uma Vuelta longe de estar decidida e com um sábado muito complicado à espera dos candidatos, com final no Alto de la Covatilla.
Recorde-se: Primoz Roglic (Jumbo-Visma) lidera com 39 segundos de vantagem sobre Richard Carapaz (Ineos Grenadiers) e 47 sobre Hugh Carthy (EF Pro Cycling). Daniel Martin (Israel Start-Up Nation) já está a 1:42, mas quem até do pódio está longe é Enric Mas (Movistar). O quinto classificado já perdeu 3:23 minutos. A partir do sexto posto (Wout Poels, da Bahrain-McLaren) todos os ciclistas têm mais minutos de desvantagem para Roglic.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
15ª etapa: Mos - Puebla de Sanabria, 230,8 quilómetros
Etapa longa, nada típica desta Vuelta. Mas é o segundo dia (e último) acima dos 200 quilómetros, novamente com muito sobe e desce. É provável que seja mais um bom dia para a fuga triunfar e quem luta pela geral poderá preferir esperar por sexta-feira e sábado, quando as montanhas aumentarem de dificuldade.
»»O alívio de Roglic e o sorriso dos adversários (e Nelson Oliveira voltou a ficar tão perto)««
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