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O que aconteceu no Stelvio tornou-se no maior ponto de interesse do Giro, agora que a senda de João Almeida de rosa chegou ao fim. A táctica acabou por correr bem para a Sunweb a curto prazo. Ou seja, ganhou a etapa com Jai Hindley e Wilco Kelderman ficou líder da corrida. Porém, ter deixado o holandês sozinho ainda em pleno Stelvio, quando demonstrou que poderia não conseguir seguir o ritmo de Rohan Dennis - grande etapa do australiano na ajuda a Geoghegan Hart - mas não ficaria longe, foi uma decisão estranha e que pode ainda ter consequências.
Os dois ganhos na etapa de quinta-feira, de pouco servirão se o britânico da Ineos Grenadiers recuperar os apenas 15 segundos que o separam de Kelderman. Geoghegan Hart irá testar a união pouco convincente que Hindley tentou passar. Garante que vai ajudar Kelderman, mas são só 12 os segundos que o separam do colega.
A equipa não deu o apoio incondicional a Kelderman e se ceder em Sestriere, não surpreenderá se rapidamente ficar outra vez isolado. O holandês é um homem que está de saída para a Bora-Hansgrohe. Hindley é um dos jovens que está a singrar na Sunweb. Ainda assim, tudo pareceu estranho e a Sunweb está a realizar um jogo perigoso. Porém, pode agora também ter duas armas para atacar o britânico da Ineos Grenadiers.
Esta Sunweb no Giro, nada tem a ver com a imagem de união passada no Tour. Agora está uma vitória numa grande volta em causa. Contudo, rivalidades internas podem ser muito prejudiciais.
Geoghegan Hart tem andado a fazer marcação de longe à liderança, quando João Almeida (Deceuninck-QuickStep) estava de rosa e Kelderman era o rival. O britânico venceu uma etapa e foi-se mantendo próximo, naquele grupo que rondou os três minutos de desvantagem. Há que não esquecer que chegou a Itália para ser o braço-direito de Geraint Thomas, mas o abandono muito cedo do galês, abriu as portas da geral a Geoghegan Hart.
É mais um dos rostos da nova geração e vencer no Giro é de extrema importância para a sua carreira, no imediato. Tem o lugar de líder em grandes voltas tapado numa equipa que tem Egan Bernal, Richard Carapaz, Geraint Thomas com mais estatuto e há mais pretendentes à posição. Em Sestriere tem uma oportunidade de ouro para também ele se afirmar, podendo assim ter outras escolhas no seu futuro. Publicamente ainda não foi anunciado se fica na Ineos Grenadiers em 2021 e Geoghegan Hart pode ser um importante homem de trabalho, mas não gosta de ficar em segundo plano durante muito tempo.
Quanto a João Almeida, está no quinto lugar, a 2:16 da liderança. O quarto posto de Pello Bilbao (Bahrain-McLaren) está a 1:13 segundos de distância para o ciclista da Deceuninck-QuickStep. Atrás do português está Jakob Fuglsang (Astana), a 3:59 de Kelderman. As posições no top dez ainda estão por definir.
20ª etapa: Alba - Sestriere, 190 quilómetros
Josef Cerny (CCC) foi o vencedor da etapa de algum descanso no Giro, fazendo singrar mais uma fuga. Os sprinters viram assim a hipótese de uma última discussão não se concretizar. No entanto, a etapa entre Abbiategrasso e Asti foi encurtada de 253 quilómetros para 124 após um protesto dos ciclistas que alegaram que as condições meteorológicas adversas colocavam em risco a saúde de todos, ainda mais sendo uma distância tão longa. Mauro Vegni, director da corrida, não gostou que o pedido fosse feito tão apenas antes do início da etapa, mas a tirada foi mesmo encurtada.
Este sábado regressa então a montanha, com o Sestriere a ser enfrentado três vezes, uma pelo lado de Perosa e duas pelo de Cesana. Serão cerca de quatro mil metros de acumulado. Apesar haver muitos pontos em disputa, Ruben Guerreiro só tem de chegar a Milão para se tornar no primeiro português a conquistar uma classificação numa grande volta. Matematicamente a camisola azul está garantida para o ciclista da EF Pro Cycling.
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