Pela primeira vez, Itália conquista em título mundial de contra-relógio em elite e logo nuns Mundiais que, inesperadamente, acabaram por se realizar naquele país, depois da organização suíça de Aigle-Martigny ter cancelado devido à pandemia. Nos 31,7 quilómetros de Imola, Ganna foi dono e senhor da estrada, com o bicampeão Rohan Dennis a ficar a 39 segundos (quinto lugar). O título muda de país, mas fica na Ineos Grenadiers... se Ganna renovar (publicamente ainda não foi anunciado qualquer acordo).
Ganna ficou algo incrédulo com a vitória. Emoções do momento, porque o italiano era um dos grandes favoritos, depois de no ano passado ter sido terceiro. O percurso plano e não muito longo, encaixava perfeitamente nas suas características. Wout van Aert era um dos seus maiores adversários, mas desta feita o belga teve de se contentar com a medalha de prata, fazendo mais 26 segundos que os 35:54 minutos de Ganna.
O italiano terminou com uma velocidade média de 52,89 quilómetros/hora, num traçado que teve o vento a dificultar durante uma parte (as rajadas aproximaram-se dos 40 quilómetros/hora), mas a ajudar quando esteve de costas.
Ainda lhe foi dado um alternativo, mas não encaixava e Thomas fez o contra-relógio sem qualquer indicação de velocidade, potência, tempo ou sequer quilómetros, como o próprio contou. O pódio ficou a oito segundos, em mais um bom resultado de um ciclista que está a subir de forma, rumo à Volta a Itália que arranca daqui a uma semana.
Quanto a Ganna, aos 24 anos cumpre na estrada o que já prometia na pista. Conquistou vários títulos entre europeus e mundiais, com destaque para os de perseguição individual. Dois deles à custa de Ivo Oliveira. Em 2016 foi campeão europeu de sub-23 batendo o português, repetindo o feito em 2018 nos Mundiais de elite.
Na estrada, a sua evolução tem sido feita com calma e também não deixou por completo a pista. Já conta com dois títulos nacionais de contra-relógio e algumas outras vitórias, como aconteceu recentemente no Tirreno-Adriatico. Novamente no contra-relógio. Mas em 2016 venceu o Paris-Roubaix para juniores.
No World Tour, começou em 2015 como estagiário da então Lampre-Merida e em 2017 assinou pela UAE Team Emirates, herdeira da estrutura italiana. Porém, está desde 2019 na Ineos e o título mundial poderá ser a projecção que lhe estava a faltar.
Os portugueses
O seleccionador José Poeira bem tinha avisado que o contra-relógio de Imola favorecia ciclistas mais possantes. No entanto, apesar de ser curto e com pouca dificuldade para as características de Nelson Oliveira, o ciclista português ficou à porta do top dez, algo que já alcançou em quatro ocasiões. 99 centésimos, foi essa a diferença! Foi Tom Dumoulin que "tirou" essa hipótese a Nelson Oliveira, apesar do holandês quase ter caído à entrada do autódromo Enzo e Dino Ferrari, onde a prova terminou.
Oliveira foi 11º, a 1:15 minutos de Ganna, enquanto o outro Oliveira, Ivo, participou pela primeira vez num Mundial como ciclista de elite. Fechou em 34º, a 3:23 do vencedor.
"O Nelson não começou com o ritmo que lhe conhecemos. Os primeiros 7/8 quilómetros foram responsáveis por o resultado não ser ainda melhor. Na fase final andou muito bem. Foi pena o contra-relógio ser tão curto", explicou José Poeira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo. Quanto a Ivo Oliveira: "Gostei da prova que fez. Não foi perfeita, mas foi muito bem conseguida. Não sendo perfeita foi uma boa corrida, sobretudo se tivermos em conta que foi a estreia num Mundial de elite."
Este sábado realiza-se a prova feminina de fundo, recordando-se que a holandesa Anna van der Breggen conquistou o título de contra-relógio. No domingo, é a vez dos homens competirem no circuito, que após nove voltas terá 258,2 quilómetros de extensão, com cinco mil de acumulado, dada apenas a duas subidas. As senhoras farão 143 quilómetros, com 2800 de acumulado.
A Equipa Portugal terá em prova novamente os dois Oliveira, assim como Rui Costa (campeão do mundo em 2013) e Rúben Guerreiro.
Classificação do conta-relógio, via ProCyclingStats.
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