Mas arrancando com o português. Rui Oliveira teve um início de ano azarado na pista, pois logo em Janeiro caiu durante os Seis Dias de Bremen, quando a Equipa Portugal ainda lutava por um apuramento para os Jogos Olímpicos. Partiu a clavícula e apesar de em Março já estar a treinar em pleno, a pandemia não lhe deu tempo para competir na estrada, naquele que está a ser o seu segundo ano na UAE Team Emirates.
A vontade do jovem de Gaia em competir já deve ser bem grande (por esta altura deve ser um sentimento comum nos ciclistas, independentemente das corridas que fizeram), mas o realce entre os que ainda não se viram em corridas em 2020 vai inevitavelmente para o trio que tanta expectativa está a criar na Jumbo-Visma.
Devido a lesão, Steven Kruijswijk e Tom Dumoulin cancelaram as participações que tinham previsto na primeira fase de temporada. O caso do reforço Dumoulin causou algumas preocupações. Recorde-se que o holandês sofreu uma queda no Giro do ano passado e a lesão no joelho acabou por o deixar de fora praticamente toda a época. Aliás, a gestão da sua recuperação terá sido uma das razões que levou Dumoulin a quebrar contrato com a Sunweb e a rumar à Jumbo-Visma.
O discurso oficial é que está tudo bem, mas o holandês é um dos ciclistas que mais se quer ver, de forma a comprovar-se qual é afinal o seu estado físico, relativamente ao joelho. E claro, todos querem ver este novo tridente do ciclismo em acção. Primoz Roglic foi uma das figuras de 2019, tendo sido número um do ranking depois de vencer grande parte das corridas em que participou, sendo que desde o final de 2019 que está definido que os três atletas vão ao Tour e nada se alterou com as mudanças forçadas no calendário, como aconteceu com alguns líderes de outras equipas.
Minutos entre líderes
Minutos entre líderes
Na Volta a França, os tridentes vão centrar muito as atenções, já que a Ineos também levará o seu: Egan Bernal, Chris Froome e Geraint Thomas. Porém, o galês, vencedor em 2018, sabe que irá "jogar por fora", com o foco a estar no colombiano (ganhou em 2019) e no quatro vezes vencedor Froome.
Por curiosidade, Bernal tem oito dias de competição este ano, todos feito na sua Colômbia. Chris Froome soma cinco, feitos na Volta aos Emirados Árabes Unidos, a corrida onde os primeiros ciclistas foram detectados com covid-19. Geraint Thomas também competiu cinco dias e para felicidade dos adeptos portugueses, foi possível vê-lo por cá, na Volta ao Algarve. Ou seja, com o pensamento no Tour, este trio estava a ter um início calmo de temporada, com Froome a estar focado em recuperar totalmente das graves lesões que resultaram da queda no Critérium du Dauphiné, há um ano.
Aproveitando para espreitar outros líderes de grandes voltas. Vincenzo Nibali, no seu ano de estreia na Trek-Segafredo, tem 14 dias (incluindo a Volta ao Algarve), com o seu companheiro de equipa Richie Porte a somar mais três (17). Entre os gémeos Yates da Mitchelton-Scott, Adam competiu cinco dias e Simon 13, no caso deste ciclista todos "em casa", na Austrália.
Os franceses Romain Bardet (AG2R) e Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) competiram 17 e 14 dias, respectivamente. Mikel Landa correu apenas cinco dias com as novas cores da Bahrain-McLaren. Na Movistar, Enric Mas soma nove e Alejandro Valverde 15.
Quanto aos dois jovens sensação do momento, Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep) estava numa senda vitoriosa nos 13 dias em que competiu. Conquistou a Volta a San Juan e a do Algarve. Evenepoel estava e continua a estar a pensar no Giro, que será a sua primeira grande volta. Quanto a Tadej Pogacar, da UAE Team Emirates, venceu a Volta à Comunidade Valenciana e foi segundo na dos Emirados Árabes Unidos, sem esquecer que ambos os ciclistas ainda ganharam etapas. Pogacar vai ao Tour depois do brilharete que fez na Vuelta em 2019 e tem dez dias de corridas em 2020.
Os portugueses
Já se falou de Rui Oliveira, com o irmão, Ivo, a somar dez dias, cinco no Algarve. O mesmo soma Rui Costa, que fez o mesmo calendário que o compatriota (Volta à Arábia Saudita e Algarvia). Ruben Guerreiro mudou-se para a EF Pro Cycling, mas só teve tempo para fazer o Tour de la Provence, em França. Quatro dias apenas.
Nelson Oliveira foi o português mais activo entre os representantes no World Tour. Competiu 14 dias, que incluíram a viagem à Argentina para a Volta a San Juan e duas provas em Espanha: Volta à Múrcia e Ruta del Sol.
De referir que no segundo escalão, o mais activo foi José Neves (Burgos-BH) com 13 dias. José Gonçalves (Nippo Delko One Provence) tem 11 e Ricardo Vilela (Burgos-BH) 9.
Por Portugal há que recordar que só se realizaram a Prova de Abertura Região de Aveiro, Volta ao Algarve e Clássica da Primavera, o que dá muito pouco tempo de competição à maioria dos ciclistas, ainda que algumas equipas Continentais lusas tenham estado além fronteiras.
Quem competiu mais?
Socorrendo dos dados do ProCyclingStats e mantendo o foco nas equipas do World Tour, o ciclista deste escalão que mais dias competiu foi... Guillaume Boivin, o canadiano da Israel Start-Up Nation. Foram 23 dias antes da paragem forçada. Seguem-se Armée Sander e Thomas de Gendt, da Lotto Soudal, e Ryan Mullen, da Trek-Segafredo, todos com 22.
Lista completa de quem não competiu em 2020
Além de Rui Oliveira e do trio da Jumbo-Visma, a lista contempla: Alexis Vuillermoz (AG2R), William Bonnet (Groupama-FDJ), Jelle Wallays, Gerben Thijssen e Stan Dewulf (Lotto Soudal), Imanol Erviti (Movistar), Rory Sutherland (Israel Start-Up Nation), Benjamin Dyball e Nic Dlamini (NTT), Mathias Norsgaard (Movistar), Ethan Hayter (Ineos), Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma), Barnabás Peák (Mitchelton-Scott), Joris Nieuwehuis (Sunweb) e Stephen Williams (Bahrain-McLaren).
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