© Trek-Segafredo |
Foi um improvável campeão do mundo, mas ainda mais improvável era pensar que o ano que deveria marcar a sua carreira, vestido com uma das camisolas mais apetecíveis do ciclismo, ia ser passado longe das corridas devido a uma pandemia.
Tanto se fala da maldição desta camisola, mas talvez agora se repense no significado. No caso de Mads Pedersen não se trata de não ganhar, afinal nem sequer pode mostrá-la em competição. Mas o dinamarquês não envereda por discursos pessimistas. Para Pedersen, 2020 é uma oportunidade de ser um campeão do mundo numa temporada que não se irá esquecer... Mas claro que espera se esteja a falar de uma época com corridas num calendário alternativo ao que era até agora normal.
"Vai ser uma experiência fixe fazer todas as grandes corridas num tão curto espaço de tempo. É algo novo para todos e vai ser giro", afirmou Pedersen, em declarações divulgadas pela equipa, Trek-Segafredo. Os objectivos do campeão do mundo até se mantêm iguais aos programados no início da temporada. Clássicas do pavé e Volta a França, ainda que agora se inverta a ordem, com a grande volta a surgir primeiro no calendário que a covid-19 obrigou a reestruturar.
Será nas clássicas do pavé, a sua especialidade, que irá à procura de vitórias com a camisola que tantos desejam, mas poucos alcançam a honra de a vestir. Pedersen não quer pensar muito na mudança de calendário, nem no tempo sem competição. Apenas deseja regressar às corridas. "É muito bom ver finalmente um calendário. Agora temos algo por que almejar e preparar. Nas últimas semanas temos andado de bicicleta, mas sem um objectivo real, por isso, ajuda ter novamente um calendário e regressar ao ritmo de corrida", salientou o ciclista de 24 anos.
Pedersen completou 16 dias de corridas em 2020, somando-se mais três em 2019 depois de se sagrar campeão do mundo em Yorkshire, a 29 de Setembro. Este ano começou a temporada na Austrália e esteve no Paris-Nice, a última corrida antes da interrupção forçada devido ao coronavírus. O ciclista foi para casa um dia mais cedo devido ao pedido para que os cidadãos dinamarqueses regressassem ao país antes das fronteiras fecharem.
Entre Austrália e França, Pedersen foi à Bélgica competir em duas corridas mais ao seu estilo: Kuurne-Bruxelles-Kuurne e Omloop Het Nieuwsblad. Ficou longe da disputa pela vitória, no que era suposto ser a preparação para a Volta a Flandres e Paris-Roubaix. Viu-se tão pouco a camisola do arco-íris, mas Pedersen mostra confiança no futuro próximo, principalmente para um dos monumentos, que passou para 25 de Outubro.
Roubaix tem forte possibilidade de ser uma prova marcada por chuva e se com piso seco já há espectáculo, um Roubaix molhado tem tendência a ser uma edição que não se esquece. E Pedersen quer um desses Roubaix: "As clássicas serão o meu principal objectivo e são no final da época, por isso, estou entusiasmado e à espera de um Roubaix molhado."
O dinamarquês demonstra assim ambição para que não seja apenas recordado pelo campeão do mundo que a pandemia não deixou mostrar-se em corridas, querendo aproveitar ao máximo as provas que possam realizar-se a partir de Agosto. Ou melhor, ainda Julho, pois se houver Volta Burgos, será em Espanha que Pedersen regressará (de 28 de Julho a 1 de Agosto), segundo anunciou a Trek-Segafredo.
Os Mundiais na Suíça continuam agendados para 20 a 27 de Setembro, ainda que possam ser adiados e a viagem até poderá ser até ao Médio Oriente, se em terras helvéticas as restrições quanto a aglomerados se mantiveram. A UCI está determinada para que as corridas se realizem, ou seja, Pedersen sabe que poderá não ter muito tempo para vestir a especial camisola (a não ser que seja novamente campeão do mundo), ao contrário do que acontece com Elia Viviani (Cofidis), que será o campeão da Europa por mais tempo. A União Europeia de Ciclismo decidiu não realizar os campeonatos este ano, mantendo a escolha de Trentino, em Itália, para os Europeus em 2021.
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