23 de maio de 2018

O que falta enfrentar no Giro

(Fotografia: Giro d'Italia)
Chegámos às etapas decisivas do Giro101. O Zoncolan e o contra-relógio fazem parte do passado e agora é altura de enfrentar os três dias que ditarão se Simon Yates se tornará no primeiro britânico a vencer a Volta a Itália, ou se ainda há a possibilidade para se assistir a uma surpresa. Três chegadas em alto, todas de primeira categoria, num total de seis, três no sábado. Há ciclistas que apontam estar no seu melhor na terceira semana. Yates está bem desde o primeiro dia. Não há margem para fraquezas em corridas como as grandes voltas, muito menos na fase final, mesmo que a vantagem temporal sobre os adversários seja bem simpática: 56 segundos para Tom Dumoulin (Sunweb) e mais de três minutos para a restante concorrência. Três etapas, três dias de teste para Simon Yates e a sua Mitchelton-Scott, assim como para aqueles que lutam por outros objectivos (top dez, pódio, classificação da juventude...). Mais do que tentar adivinhar o que poderá acontecer, o melhor é ver o que espera aos ciclistas antes da consagração em Roma, no domingo.

Além da muita montanha, serão também muitos quilómetros pela frente. Tudo começa então com 196 entre Abbiategrasso e Prato Nevoso. A etapa é praticamente toda plana, mas isso não irá significar descanso até à ascensão final. O pelotão passará por várias localidades o que obrigará a muita atenção aos obstáculos como rotundas, ilhas de tráfego e claro, o público que se espera que sairá à rua para ver passar o Giro. A menos de 60 quilómetros para o final haverá uma quarta categoria, mas são os 15 mil metros finais os mais aguardados. É uma subida relativamente constante, a rondar os 7%, mas com algumas zonas mais íngremes.



Sexta-feira terá a passagem pela Cima Coppi (ponto mais alto), a 2178 metros, no Colle delle Finestre. Além das subidas, atenção às descidas, técnicas, que podem contribuir para que sejam feitas diferenças. O dia começa com uma segunda categoria até ao Colle des Lys. Serão pouco mais de 28 quilómetros, mas com uma pendente muito constante. A meio e durante cerca de cinco quilómetros, estará a fase mais complicada com a pendente a chegar aos 12%. Aos 91,8 quilómetros está o início da subida ao Colle delle Finestre.



A pendente média ronda os 9%, sendo que a máxima surge logo na primeira fase (14%), sendo depois muito constante. Serão 18,5 quilómetros até à Cima Coppi. Metade será feita em alcatrão a outra parte em sterrato.



Após a descida haverá uma terceira categoria, nova descida e a última dificuldade do dia terá 7250 metros, com a fase final a ter uma pendente entre os 11 e 12%. A etapa terá 184 quilómetros entre Venaria Reale e Bardonechhia.



A recuperação será essencial neste dias, mas tendo em conta que já estamos a falar de 19 dias de competição, com uma viagem de Israel para Itália e para alguns foi ainda uma aventura sair da Sicília para dirigir-se ao continente. É um último esforço de 214 quilómetros! A organização considera esta a etapa rainha, ainda que a que inclui a Cima Coppi seja vista por muitos como tal. A acção estará guardada toda para os 80 quilómetros finais, quando aparecem três subidas de primeira categoria seguidas. Sobe, desce, sobe, desce e a derradeira subida deste Giro acabará em Cervinia, com 4000 mil metros de ascensão ao todo nesta travessia pelos Alpes.



Primeiro estará a subida ao Col Tsecore, 16 quilómetros, com a parte final a ser a mais difícil com pendentes acima dos 12%, num máximo de 15%. O Col de St.Pantaléon terá sensivelmente a mesma distância com uma média 7,2%, máxima de 12%. Para terminar, a mais longa das três subidas, com 19 quilómetros e uma média de 5%. Chega a ter uma fase a 12%, mas sempre que se torna mais complicada, também acaba por ter zonas de descanso. A fase final será em plano, para assim consagrar o vencedor do Giro101 (carregue na imagem para ver ao pormenor as três subidas).



Viviani somou a quarta vitória

A Bora-Hansgrohe trabalhou muito para que a etapa desta quarta-feira fosse discutida ao sprint e assim não se ter de esperar por domingo para voltar a ver os homens rápidos em acção. A Quick-Step Floors protegeu Elia Viviani, a Lotto-Jumbo acreditou que era desta que Danny van Poppel chegaria à vitória. No final, Sam Bennett teve dificuldades para esconder as lágrimas por não ter conseguido fechar o trabalho dos seus colegas com mais um triunfo. Acabou por estar mal colocado no momento que o sprint começou. Van Poppel deu o mote, mas foi cedo de mais. Viviani foi novamente gigante. É o ciclista com mais vitórias neste Giro e igualou os quatro triunfos que Fernando Gaviria conseguiu em 2017, tendo quase garantida a maglia ciclamino, que o colombiano venceu no ano passado.

Numa etapa muito movimentada, sem tempo para descansar na perseguição aos vários ataques, José Gonçalves terminou na 10ª posição e mantém a 20ª na geral, a 14:51. Está a ser uma excelente Volta a Itália para o português, mas a sua Katusha-Alpecin continua à procura da vitória de etapa.

Quem hoje não partiu para a 17ª tirada foi Louis Meintjes. O ciclista sul-africano disse que "o corpo não quer cooperar", acrescentando que apesar de sentir que estava a melhorar, "não é possível" continuar a competir nesta corrida. Meintjes fez a sua estreia no Giro, mas logo na Volta aos Alpes não deixou boas indicações e confirmou o seu mau momento durante a grande volta. Estava afundado na classificação geral a mais de uma hora de Simon Yates. O ciclista que começou a corrida como líder da Dimension Data, deixou o elogio ao companheiro Ben O'Connor, que está na 12ª posição, a 7:33 de Yates, mas com 32 segundos a separá-lo do top dez.

O campeão da Europa de contra-relógio, Victor Campenaerts também não esteve na etapa de hoje, com a Lotto Fix ALL a perder durante o dia Tosh Van der Sande.

Pode ver aqui as classificações.




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