© Amstel Gold Race |
Nos últimos dias Mark Cavendish (Deceuninck-QuickStep) até foi notícia por ter regressado às vitórias quase três anos depois e logo com quatro etapas na Volta à Turquia. Porém, é na nova geração que está o foco na Grã-Bretanha, com os resultados de Pidcock a animarem os adeptos daquele país. Tal como já havia acontecido com Van Aert e Van der Poel, Pidcock há muito que ganhou destaque, com as suas performances no ciclocrosse. Nos escalões jovens somou vitórias e ficou conhecido por celebrar ao estilo Super-Homem.
Outro ponto idêntico com os rivais foi a forma como encarou a passagem para a estrada. Era inevitável, mas não teve pressa, pois sempre sublinhou o quanto queria fazer o que mais gostava. E apesar de ter assinado pela toda poderosa Ineos Grenadiers, esta forma de estar não mudou e Pidcock, depois do ciclocrosse e desta auspiciosa estreia na estrada, irá ter o seu momento no BTT.
Aos 21 anos, teve o condão de definitivamente levar a Ineos Grenadiers a apostar ainda mais nas clássicas, principalmente nas do pavé, mas também mostra como podem contar com ele em corridas como a Amstel e vai à Flèche Wallonne experimentar o Muro de Huy. Por pouco, não ganhou a prova de abertura, por assim dizer, da semana das Ardenas, mas a sua exibição já eleva as expectativas para o que possa vir nas próximas temporadas, quando evoluir.
É o primeiro a admitir o quanto está a aprender a cada corrida que passa. Por exemplo, nesta Amstel, salientou como tentar seguir Primoz Roglic, quando o esloveno impôs ritmo, não foi a melhor ideia. Terminada a prova, considera que o melhor teria sido resguardar-se um pouco mais.
Perder num photo finish no qual não foi fácil determinar que Wout van Aert (Jumbo-Visma) era o vencedor, "belisca". A vitória só foi decidida já com os ciclistas preparados a ir para o pódio... Só não sabiam em que lugar se colocariam. Contudo, Pidcock é mais um ciclista que não fica a moer no que falhou. Pensa, isso sim, em fazer mais e melhor na próxima corrida.
Ao pé dos dois ciclistas que também vieram do ciclocrosse para serem reis na estrada, Pidcock pode perder em tamanho e peso, mas o talento que demonstrou ao conquistar o Paris-Roubaix espoirs, o Giro de sub-23 na época passada e um título mundial de contra-relógio em juniores, está agora a ser confirmado na elite, tal como fizeram o belga e o holandês.
Até já consegue perder uma corrida para um Wout van Aert, mas ser ele o foco no final da Amstel Gold Race! Mais um jovem ciclista que não perde tempo a afirmar-se e apesar de, por agora, serem as clássicas a aposta inicial, quando chegou à Ineos Grenadiers deixou o aviso que quer ser um ciclista completo, com possibilidade de se mostrar também em provas por etapas. Está na lista da equipa como hipótese para ir à Volta à Espanha.
Quanto a Van Aert, numa altura em que se prepara para uma pausa competitiva depois de uma intensa fase de clássicas, despede-se com uma vitória que estava a precisar. Apesar do pior resultado ter sido um 11º lugar na E3 Saxo Bank, só ter ganho a Gent-Wevelgem não lhe estava a cair muito bem. É um ciclista habituado a vencer, pelo que conquistar a Amstel Gold Race era quase uma questão de honra. Até Roglic trabalhou para o belga, pelo menos até um problema mecânico o tirar da frente da corrida.
Van Aert vai agora preparar a próxima fase da época. E é uma fase em que tem sido irresistível nas temporadas passadas: Critérium du Dauphiné e Volta a França.
Van der Poel anda pelo BTT e nem foi à Amstel Gold Race, corrida que teve uma edição para história em 2019, com a vitória do holandês. Vamos ter de esperar para ver este trio a disputar corridas. No ciclocrosse, Pidcock andou, nas semanas antes de vestir o equipamento da Ineos Grenadiers, a assistir às vitórias dos rivais, apesar de também ele somar bons resultados. Como irá ser na estrada? Van Aert já percebeu que não pode dar um centímetro (ou mesmo milímetro) a este irreverente britânico.
Classificação completa, via ProCyclingStats. De referir que a Jumbo-Visma teve um domingo perfeito, pois também ganhou a Amstel Gold Race feminina, com Marianne Vos.
Rui Costa em acção
Numa Amstel Gold Race em que o circuito final tirou algum do interesse durante uma parte da corrida, a movimentação de Max Schachmann (Bora-Hansgrohe) a cerca de 15 quilómetros do final, acabou por ser decisiva. Pidcock e Van Aert juntaram-se ao alemão, que ao não conseguir distanciar num ataque a dois mil metros da meta, ficou a ver o sprint de perto, mas sem capacidade para entrar na discussão.
Porém, houve várias movimentações até esse momento, uma delas de Rui Costa. O português da UAE Team Emirates tem a Liège-Bastogne-Liège como a sua prova preferida nas Ardenas - já fez pódio -, mas com Tadej Pogacar a juntar-se à equipa para essa corrida e, antes, para a Flèche Wallonne, Rui Costa aproveitou para tentar a sua sorte.
Não esteve sozinho, mas a companhia acabou por não ser a ideal para que a tentativa de fuga triunfasse. Ficou o teste, na esperança que possa surgir a oportunidade para, mesmo com Pogacar na equipa, Rui Costa seja uma carta a jogar por parte da UAE Team Emirates nas próximas duas corridas, quarta-feira e domingo.
Rui Costa terminou a Amstel Gold Race na 54ª posição, a 2:12 do vencedor. O companheiro de equipa Ivo Oliveira abandonou.
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