© João Fonseca Photographer |
Será importante para mostrar que depois de tantas experiências feitas entre Agosto e Novembro na organização de corridas de mãos dadas com regras sanitárias muito apertadas, o ciclismo pode ir para a estrada em segurança em tempo de pandemia. Será também importante noutra perspectiva: para ver a evolução das jovens figuras nacionais que criaram um entusiasmo pela modalidade em Portugal que há algum tempo não se via.
E é inevitável começar por aqui. João Almeida acabou o ano a ser eleito o desportista do ano pelo CNID - Associação dos Jornalistas de Desporto (tal como Maria Martins), depois daquela gloriosa senda cor de rosa na Volta a Itália e de um espectacular quarto lugar final. Tudo na sua primeira grande volta, no seu ano de estreia no World Tour. Já se fala do interesse da UAE Team Emirates, mas é na Deceuninck-QuickStep que o ciclista da Caldas da Rainha vai continuar a mostrar-se.
Almeida já não é apenas mais um nome no pelotão internacional, tal como Ruben Guerreiro. É mais um jovem português em alta. A camisola da montanha e a conquista de uma etapa no Giro confirmaram finalmente a qualidade deste ciclista da EF Pro Cycling (agora EF Education-Nippo). Que as exibições dos dois (e não só) sirvam para elevar novamente o ciclismo português a outro nível. E até o empresário Jorge Mendes não ficou indiferente ao que está a acontecer. Entra no ciclismo, com a Polaris Sports a ficar responsável pela promoção da imagem de ambos e dos gémeos Oliveira.
André Carvalho (Cofidis) é mais um jovem a chegar ao World Tour, enquanto por cá houve uma autêntica dança de ciclistas entre as equipas nacionais, com várias trocas, incluindo de líderes, como Joni Brandão a ir para a W52-FC Porto e Gustavo Veloso a deixar esta equipa para representar a Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel.
E há que não esquecer que Maria Martins está há um ano à espera de se tornar na primeira atleta portuguesa a participar nos Jogos Olímpicos na vertente de ciclismo de pista. 2020 trouxe os primeiros títulos internacionais em elite para o país, com Iúri Leitão e Ivo Oliveira, pelo que é uma modalidade que continua a merecer toda a atenção.
Mas enquanto lá por fora ficou a certeza que é possível realizar-se corridas como a Volta a França em tempo de pandemia, por cá é difícil ter certeza do que seja. Mesmo com a Volta a Portugal a ter recebido nota positiva pela organização, a verdade é que mais nenhuma corrida se realizou a seguir. Antes, só os Nacionais, Troféu Joaquim Agostinho (em versão reduzida) e um contra-relógio que serviu de Prova de Reabertura, proporcionaram momentos de competição aos atletas, após o confinamento. Muito pouco para a elite, já para não falar dos escalões de formação.
Os calendários estão feitos, a aprendizagem do que é preciso para se realizar uma prova em segurança durante a pandemia também está feita. E é por isso que 2021 não pode ser apenas mais um ano. Tem de ser a época em que não se regressará a uma normalidade, todos estão cientes disso, mas que se regressará à competitividade para o bem da modalidade. Para o bem do desporto em geral, pois é uma realizada que não afecta apenas o ciclismo.
As nove equipas Continentais portuguesas tremeram em 2020, mas resistiram. No entanto, o maior desejo neste 1 de Janeiro, é que não se repita os cancelamentos e que haja corridas, pois uma modalidade que depende de patrocinadores, precisa de ter palcos para os mostrar.
Lá fora, houve muitos sobressaltos, é certo. Mas acabar a Volta a Espanha sem casos positivos de covid-19, foi o sinal que, durante aqueles meses de intensa competição, com grandes corridas a sobreporem-se, algumas a terem de reorganizar percursos em cima da hora, muitas restrições, muitas regras sanitárias... todo o esforço foi compensado com a perspectiva que em 2021 é possível ter um calendário mais próximo do habitual (não haverá Tour Down Under, por exemplo, a marcar o arranque da temporada World Tour), sabendo-se que as certezas não existem, mas as incertezas, pelo menos, não são tantas.
Não foram só as equipas portuguesas a tremer. Algumas formações do World Tour tiveram de lutar muito pela sobrevivência, com a CCC a não resistir. No entanto, o principal escalão manterá as 19 equipas, com a entrada da belga Intermarché Wanty Gobert, que ficou com a licença da CCC. Ainda assim, algumas sabem que têm de fazer mais e melhor, pelo que desejam um calendário perto do normal.
Que venha 2021 com muito e bom ciclismo, em Portugal - espera-se que já a 17 de Fevereiro, dia do arranque da Volta ao Algarve -, com os portugueses lá fora e, claro, com os grandes nomes desta espectacular modalidade.
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