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Está a ser um início de Vuelta muito atípico. Com as etapas na Holanda canceladas devido à pandemia, a corrida começou logo com duas tiradas de média montanha. O ritmo elevado ajudou a eliminar rapidamente alguns ciclistas, colocando muitos a fazer contas desde cedo.
Porém, também se verifica o oposto. Ou seja, quem esteja a começar bem melhor do que o esperado. É o caso de Daniel Martin e Esteban Chaves. O irlandês da Israel Start-Up Nation está à procura de salvar algo de um 2020. Depois de uma queda no Critérium du Dauphiné, Martin ficou fisicamente limitado para o seu grande objectivo: o Tour. Martin é segundo na Vuelta, a apenas nove segundos de Roglic.
Sabe bem o que é fazer top dez em grandes voltas, tendo quatro, incluindo um na Vuelta (em 2014). Porém, o irlandês tem vindo a ser cada vez mais irregular nas suas exibições. Seria mais expectável que estivesse em Espanha à procura de etapas, mas, por agora, talvez possa pensar noutras ambições.
Se há muito que não se vê Martin no seu melhor nas grandes voltas, Esteban Chaves anda a ser riscado de qualquer candidatura. O ciclista da Mitchelton-Scott falhou grande parte da temporada de 2018 ao ser diagnosticado o vírus Epstein-Barr. No regresso, na época seguinte, venceu uma etapa no Giro, mas tem sido uma luta para ser competitivo.
Está a 17 segundos de Roglic e pelo menos será bom para o motivar e a própria equipa, ainda que seja cedo para perceber se pode estar de facto na luta por um pódio, ou, pelo menos, pelo top dez.
Com Primoz Roglic e Richard Carapaz (Ineos Grenadiers - a 11 segundos) a assumirem-se como os principais candidatos após este início louco de Vuelta, a Movistar vê Enric Mas a mostrar que poderá ser a salvação da equipa em 2020. O espanhol está também a 17 segundos da camisola vermelha, com Marc Soler a querer entrar na equação. A primeira etapa não foi muito positiva, mas na segunda recuperou algum tempo, estando agora a 1:04. O problema da Movistar poderá ser se Soler quiser estar por conta própria e não ficar preso na ajuda a Mas. Não seria um cenário inédito.
O melhor para a Movistar foi que Soler venceu a etapa entre Pamplona e Lekunberri (151.6k). E é mesmo razão para uma grande celebração. É que foi apenas segunda vitória da época para a equipa. Não é engano. Duas vitórias em 2020, a primeira tendo sido numa prova de categoria 1.1 (Pollença-Andratx), em Fevereiro. Foi Soler quem ganhou. Mesmo com um ano marcado pela pandemia é, ainda assim, um péssimo registo para a Movistar.
Esta Vuelta começou a mil à hora e mesmo com Roglic e Carapaz a destacarem-se, há que não esquecer que ambos fizeram o Tour. O primeiro já se sabe, perdeu no contra-relógio final a camisola amarela para Tadej Pogacar (UAE Team Emirates). O segundo começou por ter de ajudar Egan Bernal e acabou a tentar sarar um pouco do orgulho ferido da Ineos Grenadiers. Poderão pagar o esforço com o avançar da Volta da Espanha.
Esta Vuelta ainda vai ter muita história para contar.
Os portugueses
Rui Costa (UAE Team Emirates) foi novamente o melhor português. Até está a 2:36 minutos de Roglic, o que não é nada mau, tendo em conta o resultado de ciclistas que pretendiam estar bem mais perto do esloveno. Porém, o plano de Rui Costa continua a ser lutar por etapas.
Nelson Oliveira teve muito trabalho na segunda tirada e vai continuar a ter, ainda mais com Enric Mas e Marc Soler a quererem discutir a corrida. E sem esquecer que Alejandro Valverde está a 1:07 do líder. O português vai ter uma Vuelta intensa.
Ivo e Rui Oliveira, companheiros de Rui Costa, e Ricardo Vilela (Burgos-BH) também têm estado a trabalhar, ainda que o ciclista da equipa espanhola poderá mais adiante na corrida tentar lutar por uma etapa.
3ª etapa: Lodosa - La Laguna Negra-Vinuesa, 166,1 quilómetros
Ao terceiro dia... mais montanha. Será uma chegada inédita, de primeira categoria, com a subida em Laguna negra a ter 8,6 quilómetros, com uma pendente média de 5,8%. A parte final será a mais difícil, acima dos 9% e a 10& já perto da meta.
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