© Stuart Franklin/Getty Images/Deceuninck-QuickStep |
Com o arranque da terceira semana do Giro, a questão psicológica ganha mais relevância, ainda mais tendo em conta que se está perante um jovem de 22 anos, que nunca fez uma grande volta e está na sua primeira época no World Tour. Fisicamente, Almeida (Deceuninck-QuickStep) está a descobrir como o seu corpo reage a três semanas de corrida. Mentalmente é um enorme teste, pois o ciclista viu-se num inesperado lugar de líder e vê-se numa excelente posição de poder vencer uma grande volta.
Vêm agora as etapas de alta montanha e de 200 quilómetros, que se fala praticamente desde o primeiro dia. Foram dois segundos ganhos em San Daniele del Friuli (229 quilómetros que começaram em Udine) naquele ataque nos metros finais, mas todos os segundos podem ser decisivos. São 17 que separa Almeida de Kelderman. E aquela extra motivação que ganhou numa chegada em subida, ao ver que foi novamente o mais forte entre os candidatos, com ênfase em Kelderman, pode ser ainda mais decisiva. Chegou o momento de superação.
"Não era o plano atacar, mas às vezes a melhor maneira de nos defendermos é passar à ofensiva e hoje foi um desses dias. As sensações eram boas, por isso, eu fui [embora], especialmente num final explosivo como gosto. Eu sei que só ganhei dois segundos, que não muda muito, mas foi importante para o meu moral", realçou João Almeida.
Há um pormenor a referir e que é salientado no site da Deceuninck-QuickStep: João Almeida é o segundo ciclista da história da equipa a liderar uma grande volta durante 14 dias. O primeiro foi Julian Alaphilippe, no Tour, em 2019. Faltam cinco para o final do Giro.
A pensar na alta montanha
A etapa desta terça-feira acabou por ser bem mais calma no pelotão do que o esperado, o que permitiu à Deceuninck-QuickStep controlar as operações. As dificuldades dos próximos dias metem respeito e ninguém atacou João Almeida.
Já o outro português no Giro, Ruben Guerreiro (EF Pro Cycling), esteve activo na luta pela classificação da montanha. Uma avaria mecânica numa das subidas não ajudou às suas pretensões e, no total, apenas reduziu num ponto a desvantagem para Giovanni Visconti (Vini Zabù-KTM). São 30 a separá-los, mas há muitos em disputa nos próximos dias.
O vencedor da etapa saiu da fuga, com Jan Tratnik a deixar uma marca eslovena na Volta a Itália. Pode não ter o mediatismo de Tadej Pogacar ou Primoz Roglic (que venceu a primeira etapa da Volta a Espanha, prova que arrancou esta terça-feira), mas a sua experiência foi importante para bater Ben O'Connor no quilómetro final.
Ainda assim, o australiano da NTT merece uma palavra de realce, pois desde 2018 que não se o via tão bem. Ainda só tem 24 anos, pelo que só se pode esperar que consiga confirmar as expectativas que foram criadas quando venceu uma etapa na Volta aos Alpes e depois lutava pelo top dez do Giro, quando uma queda atirou para longe da competição durante dois meses e nunca mais reapareceu ao mesmo nível.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
17ª etapa: Bassano del Grappa - Madonna di Campiglio, 203 quilómetros
A Sunweb tem demonstrado ser o bloco mais forte na montanha. Até tem sido o único bloco. Wilco Kelderman espera que a sua equipa possa continuar a apoiá-lo, pois poderá fazer toda a diferença. A Deceuninck-QuickStep prometeu que iria preparar-se para esta última semana do Giro. Um dos objectivos passa por ter Fausto Masnada ao lado do português. Ao italiano custa não poder procurar o seu próprio resultado, mas a equipa fala mais alto, ainda mais quando se está perante a formação que gosta de ser tratada por Wolfpack (alcateia).
»»Contra-relógio já está. O que ainda falta enfrentar neste Giro««
Sem comentários:
Enviar um comentário