© Unipublic/Charly López/La Vuelta
Enquanto ainda se discutiam tácticas no Giro, na Vuelta era a loucura, num ano em que as corridas coincidiram durante seis dias. Ritmo elevados, ataques, não tem havido muita paz. O que é óptimo para o espectáculo, mas é uma dor de cabeça para a equipa que tem a camisola vermelha. É que até os principais rivais parecem arriscar mais quando se está em Espanha, comparativamente com Itália e França.
Grande parte desta mentalidade está relacionada precisamente por ser a última grande volta, onde muitos ciclistas tentam salvar algo da época, se eventualmente não correu bem. Ainda mais se algum falhou noutra prova de três semanas. E há o outro lado, de alguém que esteja muito motivado e há procura de um derradeiro sucesso, sem medo de arriscar, por não ter nada a perder.
Em 2020 entra na equação o ter sido um ano atípico, com menos corridas e há muito mais ciclistas e equipas a precisarem de sair desta época com uma vitória importante. Cofidis e Movistar são exemplo disso, enquanto a EF Pro Cycling está no lado de quem está num bom momento, com Michael Woods a ganhar a sétima etapa. Mas até há outro exemplo: a Jumbo-Visma. Ganhou dois monumentos e tem outras conquistas importantes, mas falhou o principal objectivo: o Tour.
Com um percurso muito montanhoso e etapas normalmente curtas - este último aspecto bem diferente do Giro -, além de um Outono bem chuvoso e de 18 tiradas em vez de 21, esta Vuelta torna-se imprevisível, ou quase. Afinal espera-se sempre que tudo possa acontecer!
Mais exemplos
Guillaume Martin (Cofidis) é um daqueles ciclistas a querer salvar algo de uma temporada marcada por um Tour que começou tão bem, mas que terminou em quebra. Na Vuelta está a ser o contrário: iniciou mal e está a melhorar, sendo já o líder da classificação da montanha.
Alejandro Valverde e toda a Movistar estão a ter um 2020 para esquecer. Já venceu uma etapa na Vuelta, mas olha para a geral com Enric Mas... Mas também com Soler e agora Valverde a quererem ganhar. O velho problema de demasiado ciclistas a pensarem em si próprios nesta formação... Depois da etapa desta terça-feira, os três estão no top dez.
Foi um dia em que a Ineos Grenadiers teve de se aplicar para não deixar que um grupo de quase 40 ciclistas ganhasse demasiada vantagem, para não colocar em risco a liderança de Richard Carapaz. A Jumbo-Visma mudou de táctica, pelo menos por um dia. Sepp Kuss e George Bennett foram para a frente e o segundo colocou-se como possível plano B a Primoz Roglic, ainda que 2:39 minutos seja uma diferença que não assuste em demasia Carapaz, mas abre as opções da Jumbo-Visma.
E temos ainda Rui Costa. O português da UAE Team Emirates anda muito activo nesta Vuelta. O campeão nacional ameaça alcançar uma vitória, mostrando que preparou muito bem a sua presença na grande volta espanhola.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
8ª etapa: Logroño - Alto de Moncalvillo, 164 quilómetros
Numa Vuelta tão difícil de controlar, a boa forma dos candidatos é essencial. Richard Carapaz afirmou que não tem qualquer problema em já ter vestido a camisola vermelha, querendo mantê-la até final. São etapas como a desta quarta-feira que se joga muito na luta pela geral e todos os que estão a apresentar-se fortes - Daniel Martin (Israel Start-Up Nation), Hugh Carty (EF Pro Cycling), Enric Mas, Felix Grosschartner (Bora-Hansgrohe), Esteban Chaves (Mitchelton-Scott) -, além de Roglic e Carapaz têm mais uma oportunidade para se afirmarem notop dez. Este pareceu ficar um pouco definido logo nos primeiros dias. Porém, na sétima etapa (Vitoria-Gasteiz - Villanueva de Valdegovia, 159,7 quilómetros), percebeu-se que ainda há muito em jogo.
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