(Fotografia: UAE Team Emirates) |
É sempre um bom resultado, mas não é aquele que o irá deixar inscrito como um dos vencedores no Giro100. São uns pontos importantes para o ranking, mas isso é secundário nesta altura. Rui Costa quer vitórias e perder como aconteceu esta quarta-feira dá que pensar: quando é que a actual UAE Team Emirates começa a funcionar como equipa? Ciclistas talentosos têm, alguns ainda jovens e com uma margem de progressão interessante. Porém, na 17ª etapa tanto pareceu determinada em vencer, como ficou confusa com a posição de Jan Polanc, que chegou a ser o líder virtual, depois ficou "apenas" como o melhor jovem virtual e acabou por se ter de contentar com a entrada no top dez. Algo excelente tendo em conta o ciclista e as ambições da equipa, mas, lá está, a desejada etapa escapou porque quando foi preciso trabalhar em prol de um objectivo, não estiveram à altura dos acontecimentos.
Esta foi uma daquelas tiradas em que os favoritos queriam mais poupar alguma força para os dias decisivos que aí vêm. Não surpreendeu portanto que a Sunweb não se tenha preocupado com a fuga, que chegou a passar os 14 minutos de vantagem. Foi por esta altura que Jan Polanc foi o maglia rosa virtual. Claro que a Sunweb não ia deixar isto acontecer. Mais estranho foram as outras equipas não defenderem a posição dos seus líderes, casos da FDJ e Bahrain-Merida, por exemplo. Ninguém claramente tem medo de Polanc. A Quick-Step Floors lá se chegou à frente para salvar a camisola branca da juventude de Bob Jungels e a Lotto-Jumbo deu uma ajuda para preservar o nono lugar de Steven Kruijswijk. Já a Orica-Scott não se preocupou em ver Adam Yates cair para a 11ª posição.
Os quilómetros deram razão à descontracção no pelotão. A fuga foi perdendo algum fôlego e com a diminuição de ciclistas na frente, foi também caindo a diferença. Voltamos então a Rui Costa. Ali estava o ciclista português novamente na disputa de uma etapa. Quando na 11ª perdeu para Omar Fraile (Dimension Data), Rui Costa teve de fazer a ponte para a frente da corrida, perdendo algumas energias que lhe fizeram falta no sprint final. São circunstâncias do ciclismo. Esta quarta-feira, a UAE Team Emirates chegou a ter quatro corredores na frente. Matej Mohoric liderou com Pavel Brutt (Gazprom-RusVelo). Acabou por ficar sozinho durante vários quilómetros. Porquê? Com um grupo atrás na perseguição, longe do pelotão, mais valia ter-se deixado apanhar. Acabou por ser, até trabalhou, mas houve muita força deitada fora por uns minutos de atenção televisiva. A nível táctico a UAE Team Emirates esteve mal.
Nesse tal grupo estava Rui Costa, Jan Polanc e Valerio Conti. Mesmo com Polanc como virtual maglia rosa, ficou claro que a equipa pensava na vitória de etapa. Trabalharam muito e bem, mas quando chegou o momento chave, houve uma má leitura de corrida e foram horas e quilómetros de esforço por água abaixo. Polanc acabou por ficar um pouco para trás, Mohoric desapareceu para o anonimato do pelotão. Quando Rolland arrancou o pensamento, tanto dos ciclistas da UAE Team Emirates, como dos restantes corredores do grupo, terá sido que aquele não era o terreno para um trepador como o francês. Não tiveram em conta a vontade (a roçar o desespero) de voltar a vencer. De repente, Rolland tinha 30 segundos e nem Conti, nem o próprio Rui Costa conseguiu apanhar o homem da Cannondale-Drapac. O esforço de tanto tempo em fuga foi pago naquele momento... o momento em que a equipa mais era precisa.
Rui Costa é conhecido por ser um exímio ciclista a ler a corrida. Com a companhia de Conti terá confiado no colega que ainda tem muito a aprender, apesar da reconhecida qualidade, que ficou bem patente quando venceu uma etapa na Vuelta, no ano passado. O português terá também confiado que outros adversários ajudariam na perseguição. Não aconteceu com o ritmo necessário. Quando o ciclista português reagiu, o mal estava feito. Por todo o trabalho feito que merecia um final melhor, pelo facto de Rui Costa ter tudo para vencer uma etapa no Giro100 na primeira vez que participa na Volta a Itália, foi uma pena que por uma vez que o ciclista teve ajuda da equipa, esta não tenha sido a desejada e merecida.
Agora com Jan Polanc no top dez, mas apenas com 27 segundos de vantagem sobre Adam Yates, será preciso uma equipa para tentar defender esta posição. Ou será que a aposta vai continuar a ser mais uma etapa, não esquecendo que o esloveno já venceu no Etna? Seja qual for a decisão, e mais uma vez, é preciso actuar como uma equipa unida, em prol de um objectivo e com a atenção exigida a este nível para se concretizar as ambições.
A glória ficou para Pierre Rolland. E muito precisava o francês deste momento. Há dois anos que não ganhava, desde a Volta a Castela e Leão de 2015. Porém, desde 2012 que não vencia numa grande volta, ainda que tenha somado alguns top dez. Mas aquele que foi visto como uma grande promessa francesa, é agora aos 30 anos uma das desilusões. Rolland sabia que o crédito na Cannondale-Drapac ameaçava terminar. Vencer a etapa no Giro100 foi um alívio para o francês
Quando em 2016 chegou à formação norte-americana, a esperança era grande que pudesse finalmente confirmar as expectativas. Não o fez e a equipa já não aposta nele como inicialmente previa fazê-lo. Para a Cannondale-Drapac, Rolland tornou-se naquele membro livre para conquistar etapas, mas já não é o líder.
A própria equipa também respira um pouco de alívio. Após mais de dois anos sem vencer numa corrida World Tour, numa semana conquistou duas vitórias. Primeiro na Volta a Califórnia por intermédio de Andrew Talansky e agora no Giro com Pierre Rolland. Ainda assim, em 2017 são apenas três triunfos para a Cannondale-Drapac. Em 2016 foram apenas dez durante a temporada, no ano antes 11. Foi em 2015 que a equipa tinha vencido pela última vez numa grande volta. Foi também no Giro, na etapa quatro, com o jovem Davide Formolo a destacar-se.
Foi uma vitória importante para a Cannondale-Drapac e para Pierre Rolland, mas nem a equipa, nem o ciclista podem relaxar muito. Perante o potencial que têm, o que tem sido alcançado é pouco. As exigências vão continuar altas e a pressão ainda maior sobre os ciclistas. Mas ainda assim, os triunfos de Talansky e Rolland podem ter o condão de dar alguma tranquilidade, já que o mais difícil ficou finalmente feito: regressar às vitórias no World Tour.
Giro d'Italia - Stage 17 - Highlight por giroditalia
Confirmou-se o dia calmo, mas agora é tempo de acção
Tirando a entrada de Jan Polanc no top dez, o dia acabou sem mudanças no topo da tabela. Depois da indisposição de ontem de Tom Dumoulin que o obrigou mesmo a parar, num daqueles momentos que marcará este Giro100, são 31 segundos que separam o holandês de Nairo Quintana, 1:12 minutos de Vincenzo Nibali e menos de três minutos para Thibaut Pinot e Ilnur Zakarin.
Há um ano as Dolomitas decidiram a corrida e é provável que façam o mesmo em 2017. Ficamos pelo "provável". É que depois do que aconteceu na etapa da Cima Coppi, na qual ataques nem vê-los, com o problema fisiológico de Dumoulin a ser o principal desestabilizador, fica a dúvida de como estão realmente os adversários do holandês. Nibali esteve brilhante a descer, mas ainda não convenceu a subir. Quintana voltou ao modo cuidadoso - parece que o colombiano de ataque só aparece em provas secundárias, ou numa Vuelta, ainda que impulsionado por Alberto Contador -, Pinot, Zakarin, Mollema, Pozzovivo e Jungels estão alguns níveis abaixo do necessário para fazerem frente a Dumoulin.
Tudo pode mudar na etapa de quinta-feira, mas pelo menos espera-se que o líder não tenha problemas inesperados para de uma vez por todas saber se tem capacidade para aguentar-se na frente numa etapa muito complicada.
Veja aqui as classificações da 16ª etapa e as classificações antes de se entrar nas etapas decisivas do Giro100.
»»Não era bem sobre isto que se esperava falar na etapa rainha do Giro100««
»»O que é preciso para bater o cavalheiro Dumoulin? Quintana explica««
Rui Costa é conhecido por ser um exímio ciclista a ler a corrida. Com a companhia de Conti terá confiado no colega que ainda tem muito a aprender, apesar da reconhecida qualidade, que ficou bem patente quando venceu uma etapa na Vuelta, no ano passado. O português terá também confiado que outros adversários ajudariam na perseguição. Não aconteceu com o ritmo necessário. Quando o ciclista português reagiu, o mal estava feito. Por todo o trabalho feito que merecia um final melhor, pelo facto de Rui Costa ter tudo para vencer uma etapa no Giro100 na primeira vez que participa na Volta a Itália, foi uma pena que por uma vez que o ciclista teve ajuda da equipa, esta não tenha sido a desejada e merecida.
Agora com Jan Polanc no top dez, mas apenas com 27 segundos de vantagem sobre Adam Yates, será preciso uma equipa para tentar defender esta posição. Ou será que a aposta vai continuar a ser mais uma etapa, não esquecendo que o esloveno já venceu no Etna? Seja qual for a decisão, e mais uma vez, é preciso actuar como uma equipa unida, em prol de um objectivo e com a atenção exigida a este nível para se concretizar as ambições.
(Fotografia: Giro d'Italia) |
Quando em 2016 chegou à formação norte-americana, a esperança era grande que pudesse finalmente confirmar as expectativas. Não o fez e a equipa já não aposta nele como inicialmente previa fazê-lo. Para a Cannondale-Drapac, Rolland tornou-se naquele membro livre para conquistar etapas, mas já não é o líder.
A própria equipa também respira um pouco de alívio. Após mais de dois anos sem vencer numa corrida World Tour, numa semana conquistou duas vitórias. Primeiro na Volta a Califórnia por intermédio de Andrew Talansky e agora no Giro com Pierre Rolland. Ainda assim, em 2017 são apenas três triunfos para a Cannondale-Drapac. Em 2016 foram apenas dez durante a temporada, no ano antes 11. Foi em 2015 que a equipa tinha vencido pela última vez numa grande volta. Foi também no Giro, na etapa quatro, com o jovem Davide Formolo a destacar-se.
Foi uma vitória importante para a Cannondale-Drapac e para Pierre Rolland, mas nem a equipa, nem o ciclista podem relaxar muito. Perante o potencial que têm, o que tem sido alcançado é pouco. As exigências vão continuar altas e a pressão ainda maior sobre os ciclistas. Mas ainda assim, os triunfos de Talansky e Rolland podem ter o condão de dar alguma tranquilidade, já que o mais difícil ficou finalmente feito: regressar às vitórias no World Tour.
Giro d'Italia - Stage 17 - Highlight por giroditalia
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Tirando a entrada de Jan Polanc no top dez, o dia acabou sem mudanças no topo da tabela. Depois da indisposição de ontem de Tom Dumoulin que o obrigou mesmo a parar, num daqueles momentos que marcará este Giro100, são 31 segundos que separam o holandês de Nairo Quintana, 1:12 minutos de Vincenzo Nibali e menos de três minutos para Thibaut Pinot e Ilnur Zakarin.
Há um ano as Dolomitas decidiram a corrida e é provável que façam o mesmo em 2017. Ficamos pelo "provável". É que depois do que aconteceu na etapa da Cima Coppi, na qual ataques nem vê-los, com o problema fisiológico de Dumoulin a ser o principal desestabilizador, fica a dúvida de como estão realmente os adversários do holandês. Nibali esteve brilhante a descer, mas ainda não convenceu a subir. Quintana voltou ao modo cuidadoso - parece que o colombiano de ataque só aparece em provas secundárias, ou numa Vuelta, ainda que impulsionado por Alberto Contador -, Pinot, Zakarin, Mollema, Pozzovivo e Jungels estão alguns níveis abaixo do necessário para fazerem frente a Dumoulin.
Tudo pode mudar na etapa de quinta-feira, mas pelo menos espera-se que o líder não tenha problemas inesperados para de uma vez por todas saber se tem capacidade para aguentar-se na frente numa etapa muito complicada.
Veja aqui as classificações da 16ª etapa e as classificações antes de se entrar nas etapas decisivas do Giro100.
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