Rui Costa vai à caça de etapas, José Mendes ficou com a responsabilidade de liderar a Bora-Hansgrohe. Para completar o trio de estreantes portugueses, José Gonçalves também estará pela primeira vez na Volta a Itália. Dos três, o campeão nacional deverá ter um papel mais de procurar uma boa classificação na geral, enquanto Rui Costa e o gémeo Gonçalves estarão mais ao ataque.
Ver um português ganhar uma etapa no Giro100 seria simplesmente fenomenal. Vamos tentar resfriar as emoções, mas a verdade é que Rui Costa e José Gonçalves são dois ciclistas com características que podem muito bem fazer-nos sonhar. Começando pelo campeão do mundo de 2013. Rui Costa esteve nos últimos anos dedicado a tentar conquistar um top dez na Volta a França. A ambição foi grande, mas não foi acompanhada pela equipa, então Lampre-Merida, que nunca deu o apoio necessário para cumprir esse objectivo. Há um ano optou por regressar luta pela vitórias em etapas e esteve perto de conseguir.
Ano novo, equipa nova (com patrocinador novo para ser mais correcto) e objectivos novos. Aos 30 anos Rui Costa quis experimentar o Giro e depois ter deixado todos na expectativa se pretendia a geral ou etapas, admitiu há poucos dias que será pelas vitórias nas tiradas que irá estar concentrado. Depois do que já vimos o ciclista fazer em 2017, na luta vai estar, mas já se sabe, pode haver pernas, a táctica ser perfeita, mas sem aquela pontinha de sorte nada feito. A esperança é grande e Rui Costa tem a qualidade para tornar realidade os seus objectivos.
José Gonçalves é o ciclista de ataque por excelência. Na Vuelta de 2015 deixou todos "doidos" com sua performance. Leia-se "doidos" como algo positivo, pois os seus ataques, a forma como esteve tão perto de vencer etapas, fez com que no final fosse alvo de um rol de elogios por parte de meios de comunicação social, adeptos e outros ciclistas. Terminou a Volta a Espanha sendo um dos homens que foi considerado que mais merecia ter vencido uma etapas.
Mas merecer não faz um currículo. Este ano José Gonçalves deu o passo para o World Tour e na Katusha-Alpecin tem feito a sua aprendizagem com calma, mas sempre com a mira em aproveitar as oportunidades que lhe surjam. Uma equipa que tem Ilnur Zakarin, Tony Martin e Alexander Kristoff não dá muito espaço de manobra a outros ciclistas, mas na Stade Bianche, o homem de Barcelos aproveitou a liberdade que lhe foi concedida e foi 11º. Por momentos ainda se acreditou que poderia ir mais longe, mas o próprio admitiu que a corrida foi brutal e que foi difícil acompanhar o ritmo no final.
Com Zakarin no Giro, o objectivo é levar o russo à vitória e a Katusha-Alpecin está a precisar de um triunfo relevante. O ano não está a correr de feição, depois de Kristoff ter falhado novamente na época das clássicas. Zakarin terá os seus gregários e José Gonçalves será um deles. Mas perante as características dos ciclistas que farão parte da formação, o português é aquele que pode em algumas etapas receber luz verde para atacar. E se estiver em boa forma, cuidado com o José Gonçalves.
José Mendes é um ciclista mais calculista. Menos explosivo, gosta de fazer as coisas a seu ritmo. Um pouco como Rui Costa, ainda que o poveiro tenha nas suas características qualidades mais atacantes que José Mendes. O campeão nacional é um ciclista muito regular e, por isso mesmo, a Bora-Hansgrohe tem confiança no campeão nacional, ao ponto de lhe dar a liderança - ainda que partilhada com Jan Bárta - na ausência de Leopold König.
José Mendes deverá ser um ciclista mais à procura de uma boa classificação na geral, ainda que não é de afastar a possibilidade de o ver tentar integrar fugas. Tudo dependerá do plano da equipa e de como quererá gerir Mendes e Bárta. O português tinha o sonho de estar no Giro para assim ter no currículo a presença nas três grandes voltas. Será excelente ter a possibilidade de dizer que foi líder num Giro e numa Vuelta (2016). No ano passado um problema no joelho limitou-o em Espanha, agora é esperar para ver a forma em que se apresenta. Um top 15/20 seria um excelente resultado, qualquer coisa acima disso seria brilhante.
Em suma, três portugueses, muita qualidade e muita esperança de se vir a falar de Portugal neste Giro.
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